sábado, 29 de dezembro de 2007

os pincéis do asfalto, as estradas finais e outras articulações impróprias

Assuma. Já não se importa. É a conclusão. Seja lá como estiver (na calçada roxa ou de salto e gravata), embora pouca coisa reste quase que eternamente, simplesmente não irá notar. Quem ensinou e quem aprendeu? Pergunta descartável. Não perceba, mas não finja que esqueceu. É cruel. É jogar sujo demais. Não olhe, não veja. Mas não finja inexistência. É que pode acabar extinto mesmo.

O ponto final é só um ponto final entre um parágrafo e outro. Entre um capítulo e outro. Entre uma história e outra. É aqui onde morre o perigo. É aqui onde tudo é colocado em risco. E quando entra em risco, morre um pouquinho. E se é capaz de morrer um pouquinho, é capaz de morrer por completo, fazendo desaparecer tudo, até o suposto perigo. É aqui onde está a ousadia, o não-medo que nem é coragem [é quase puramente covardia].

Joelhos retos. Mãos no bolso. Garrafa d’água. A mente perdida entre os gostares. Rostos. Postos. Gostos. Que venham as unhas enfraquecidas, os bilhetes em letras garrafais. Qual é o preço? Um filme antigo às três da madrugada de um sábado? Ou ainda seria sexta? A diferença é no outro, no outro dia... No espaço para mudança, na traição da [falta de] lembrança.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

- Cadê a rabanada?

Foi a primeira coisa que ouvi do meu pai na manhã do Natal. Exatamente às 15 pras 10 do último dia 25. Ele tinha acabado de acordar, e a primeira coisa que perguntou foi pela tal rabanada (com aquele bafo de cerveja que só filho de quem bebe conhece).

O engraçado é que – Cadê a rabanada? – foi a primeira coisa que me veio à cabeça quando cheguei em casa, depois da festa, às 4h30. E procurei pela casa toda, sim, porque tinha comida e coisas pela casa toda - sem os sapatos e sem acender a luz, claro.

Até que a encontrei na primeira prateleira da geladeira, num recipiente de plástico, debaixo dum outro recipiente de plástico rosa onde tinham guardado toda a farofa do Peru. “Mas quem guardou a farofa do Peru nesse pote e o colocou dentro da geladeira??? Mas, na geladeira???”

Bem, eu não sei quanto na casa de vocês, mas aqui, a farofa nunca foi guardada na geladeira. Geralmente, tem um recipiente próprio pra ela, que fica ao lado do fogão ou dentro do armário... Mas, ah, deve ter sido coisa do meu pai.

E então, eu comi uma rabanada e pensei: “Isso deve ser bom no café da manhã”. E fui dormir já planejando a minha primeira refeição do dia seguinte (coisa de gordo né). E então eu acordei às 9 e pouco (juro que tentei dormir mais pra tentar diminuir um pouco as minhas olheiras, mas não deu, e elas já fazem mesmo parte da minha vida e assim eu tento ser feliz) e fui lá atrás da rabanada.

Na verdade, tava sem fome... Passei um tempo examinando os estragos na cozinha – e no resto da casa (sobra de comida e louça por toda parte) - e tentando, de certa forma, amenizar alguma coisa (E até tentando catar algum motivo pra algum texto – afinal, eu tinha acabado de finalizar “Orgias”, de Veríssimo).

E aí eu comi uma porção de sorvetão! “Meu Deus, que delícia”. Pena que foi transferido para uma outra travessa (pra não ocupar tanto espaço no congelador) e não foi com toda a calda de chocolate que tinha. Diz minha mãe que tava com muito açúcar, e por isso ela preferiu jogar fora.

Ah, e falando na minha mãe (é que certa vez me perguntaram se meus pais eram separados, porque eu sempre falo no meu pai, só no meu pai, foi então que comecei a reparar o quanto gosto e sou apegada a ele. E pois bem, eles não são separados). E a primeira coisa que minha mãe disse quando me viu, na cozinha, saboreando o doce, foi: MININA, TU JÁ TÁ COMENDO??!!!

É, definitivamente, eu acho que puxei pro meu pai.

Ah, e tem mais. Quando ele abriu a geladeira, ele balançou a cabeça em movimento de susto e fez: RÃM!?! Foi exatamente o que eu fiz quando abri a geladeira no dia anterior. (É, aquela geladeira estava assustadoramente assustadora mesmo).

E então eu disse que tava debaixo da farofa e a minha mãe foi logo pegar pra ele dizendo: “como se ele tivesse vendo pelo menos a farofa...” (O que é bem compreensivo quando se trata de um ser do sexo masculino procurando algo na geladeira, no armário, etc... Segundo aqueles livros que seguem o receituário de “Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?”, tratando de assuntos “Homem versus Mulher” que, certamente, minha mãe nunca leu, mas sabe muito bem já que é casada há mais de 25 anos e mãe de dois filhos homens. E eu sei – não sei se muito bem – por ter lido algo sobre o assunto...).

E então abrimos o pote e eu falei que talvez aquilo fosse bom com café com leite, e ele balançou a cabeça negando a minha observação e disse: Com Tuchaua!

Meu Deus, com Tuchaua? (Suspeito que se fosse coca-cola, eu nem ficaria surpresa). Come que pode alguém guardar a farofa do Peru num recipiente de plástico rosa, coloca-lo na geladeira e querer comer rabanada com Tuchaua no café da manhã?

Enquanto isso, a minha mãe tava lá, esquentando o leitinho dela pra tomar com café. É, eu acho que puxei pra minha mãe.

De qualquer forma, tenho uma novidade novinha pra contar: No Natal do ano que vem a família estará maior! E por causa disso, eu já tenho andado um tanto emotiva. “Oh céus, teremos um bebê em casa!” Torço para que seja uma garotinha. Se for, tenho certeza que a casa toda vai mudar, não sei direito o porquê, isso parece até meio preconceituoso em relação a garotos, mas... Eu tenho cá os meus motivos!

Já até começamos a discutir os prováveis nomes. Foi então que eu fiquei sabendo que a Vovó Alba (na verdade, bisavó) se chamava Albatroz. Veja só! Além disso, soube também que por pouco não fui batizada como Wanessa ou Waléria. Assim mesmo, com W! Na verdade, quanto à origem do meu nome, meu pai já me contou duas versões: a dele, própria; e a versão dele para a versão da minha mãe.

E as duas versões (que quem sabe eu possa contar em algum outro post qualquer) têm lá a sua graça e elegância. Assim como cada um deles, principalmente nas características que me fazem refletir o quanto somos parecidos (olha a modéstia). O que posso achar deles? O que eu acho deles, é como achar de mim mesma também.

Só espero um dia aprender a contar histórias – e versões – como meu pai. E aprender a fazer rabanadas como a minha mãe. (Aquelas que rendem festa antes e depois da festa).

E que venha o próximo ente da família!

*E ainda bem que eu me chamo Giselle, caso contrário, não haveria sentido a existência do codinome X-L! E, certamente, meu zine teria outro nome, assim como o meu blog teria outro endereço... e, enfim, muita coisa seria diferente...

domingo, 23 de dezembro de 2007

O amor que não era nada romântico - Parte I

Encontrei Drummond com um sorriso singelo e um olhar misterioso. Seu rosto estampado na capa do livro “O amor natural” não me deixou dúvidas: é esse mesmo que eu vou levar! Era início de setembro, VII Feira do Livro de Brasília. Eu estava na capital do país participando do XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom.

Há cinco dias longe de casa, dos amigos, da família e do namorado, meu coração miúdo se sentia tão triste, afinal, apesar de toda aquela agitação de profissionais e estudantes da comunicação, as noites eram sempre as mesmas. Resolvi apelar então para o livro de poesias, na verdade, há tempos eu queria comprar um e percebi que aquele era o momento ideal.

No penúltimo dia da feira, voltei de mãos dadas com Drummond, e o caminho até o hotel ficou de repente tão curto! Chegando ao quarto, o poeta trouxe um brilho diferente à anêmica pilha de livros que eu já tinha adquirido, afinal, eram todos livros técnicos, de jornalismo, história, cultura, etc.

Naquela noite, eu me contentei apenas com o olhar e o sorriso de Drummond. Quem sabe não começávamos a conversar no dia seguinte. E o dia seguinte veio. No Intercom, palestras, discussões jornalísticas e muitas novidades fizeram as horas correrem em passo acelerado. Ao anoitecer já no quarto do hotel, após o jantar, pego o livro do Drummond e vou ao banheiro.

O amor que não era nada romântico - Parte II

Começo então um ritual. Olho novamente a capa. Paquero brevemente Drummond. Abro-o. Uma imagem meio abstrata. Viro a página. “O amor natural” - não existia título melhor para um livro de poesias românticas. Passo algumas outras, e chego ao índice: Amor – pois que é palavra essencial”, era a primeira poesia.

Depois de longas 12 páginas, consigo alcançá-la, enquanto isso, um arrepio corria-me pela espinha junto com uma gigantesca ansiedade. Eu não via a hora de matar um pouquinho a saudade do amor que ficou em Rio Branco, afinal, poesia romântica é um abraço quente, um beijo carinhoso e bonitas palavras ditas baixinhas ao ouvido.

“Amor – pois que é palavra essencial”, título e primeiro verso do poema que continuava: “...Amor guie o meu verso, e enquanto o guia, reúna alma e desejo, membro e vulva...”...

Interessante, segui para a outra estrofe: “...Quem não sente no corpo a alma expandir-se até desabrochar em puro grito de orgasmo, num instante de infinito? É, bonito....

“Ao delicioso toque do clitóris, já tudo se transforma, num relâmpago”, dizia outra estrofe. “Vai a penetração rompendo nuvens e devassando sóis tão fulgurantes”, começava outra...

- Ah, peraí, não é isso que eu quero ler – virei a página: “Amanhã é setembro, e ela me beijava o membro”, iniciava-se outra poesia. - Hãm? - Passei algumas páginas, cheguei num desenho de uma mulher desnuda ao lado do título: “O que se passa na cama”, virei a página, “A moça que mostrava a coxa”, de repente virei um monte de páginas seguidas e acertei: “No mármore de tua bunda”.

E então eu fiz cara de “...” e me peguei nua, num banheiro de hotel, gemendo com um livro de poesias eróticas! Depois de olhar em volta e ter certeza que estava realmente só, a minha reação não podia ser outra, eu ri sozinha – e muito.

O amor que não era nada romântico - Parte III

Mas tudo bem, hoje ainda tem feira, talvez eu possa trocar o livro. O sorriso singelo e olhar misterioso de Drummond se transformaram em um sorriso safado e olhar malicioso.

Não trocamos livro aqui, você tem que ir à loja, fica lá em cima”, disse-me a vendedora. Tudo bem, peguei a escada rolante – ainda rindo de mim mesma – e fui até a Livraria Siciliano. Chegando lá eu disse que havia comprado o livro errado e queria trocar, a moça me pediu o cupom fiscal – não, eu não trouxe o cupom fiscal - respondi.

Aliás, quem é que guarda cupom fiscal? Eu não guardo, ainda mais de um livro de poesias – supostamente românticas – do Drummond. “A gerente não tá bem-humorada hoje, procura o cupom e volta aqui depois, mesmo não o encontrando, quem sabe a gente dá um jeito...”, consolou-me a jovem.

Então, no longo caminho de volta ao hotel, pensei comigo mesma: Mas que cupom fiscal? Eu não recebi nenhum cupom fiscal! Realmente, eu não tinha recebido, e eu sabia bem o porquê: Quando comprei o livro, era tarde e a feira estava fechando, o livro custava 26,90 reais, e por falta de troco, a vendedora fez de 20,00, pediu-me segredo e então fiquei sem cupom.

Mas tudo bem, da próxima vez que a carência de amor bater, pensarei duas vezes antes de deixar-me levar por qualquer rostinho bonito em capa de livro ou por qualquer desconto irrecusável. Aliás, dizem que a gente deve ler de tudo né? Ah, então tá!

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

[diário] normalidade*

Sabe quando a gente acorda com vontade de ter um dia normal? Resguardado aos tratados exclusivamente internos?

É, José.

*das coisas que eu nem ouso explicar, é que avisar assusta.
*o mundo não me compreende!!! (daquelas crises existenciais da pré-adolescência).
*A trilha? Ah não! Confesso: precisa ser dance of days! (sim, emo, emo, emo, e daí?). Souassimesoufeliz.com 2 !
*Pólos opostos - redundância? Eu sei é que essa atração gera conflitos. Distância. Fundamental. Manter. De mim, para mim mesma. Eueumesmoeirene, sabe?
*"... antes do guarda-chuva vem a chuva, vem a chuva...”

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Noite de domingo - II*

Resolvi falar da noite de domingo - novamente. Pois notei que falar na noite de domingo deixa alguém bem. E se este certo alguém fica bem, significa que eu fico também. E este certo alguém - meu bem, é meu bem, então, sou eu também. Certas noites de domingo chove. Chove mais que chuva. Chove estrela e outras coisinhas mais. Em certas noites de domingo chove coisinhas simples. Um motivo, por exemplo. Quando a gente menos espera, a gente ganha, numa noite de domingo, um motivo a mais. Para viver e descrever infinitas noites de domingo. Daquelas noites – de domingo ou não – em que as nuvens passeiam no céu como se compreendessem, se divertissem e se deliciassem com as noites de domingo.

*Um paralelo ao post -
Noite de Domingo I

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Boto que é bom, nada!


Ceis acham mesmo que eu acredito nessa história de boto no Rio Acre é? Pois saibam: pra mim, isso continua a ser lenda. Nunca vi! E olha que sempre procuro quando passo. Vejo coisas como essas nas fotos aí*. Vi e bati foto! Mas, boto que é bom, nada!

tsc tsc tsc.

*das coisas curiosas que se pode ver no Rio Acre numa manhã de quarta-feira ao atravessar a passarela.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

moderna*

Sou do tipo que sente vontade, às vezes, de mandar alguém calar a boca e me enviar um e-mail. E quando alguém fala “hãm?”, eu mexo os dedos à procura do Ctrl+C / Ctrl+V. Existem aquelas ocasiões em que um Ctrl+Z cairia super bem – e como! Aliás, eu confesso: Já fechei os olhos com força e pensei - “puxa vida! Será que não tem mesmo como dá um Ctrl+Z???”

Geralmente, eu queria apenas clicar o “off-line” e ficar “away”, mas só externamente. E ficar só no reparo, sem precisar me manifestar em nada, totalmente incomunicável e invisível. Eu queria que tudo que sumisse (ou que eu perdesse), tivesse um número para qual eu ligasse e então ele tocaria onde estivesse e eu iria buscá-lo seguindo o seu toque. Que nem a gente faz com o celular. Eu só agradeço por não ter o Ctrl + Alt + Del. Se tivesse, acho que eu “jáuera"!

*cada um é do seu jeito.
*souassimesoufeliz.com
*e quem não é?
=]

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

[diário] aprendizado*

*dos assuntos que deixam os olhos molhadinhos

Com que idade a gente aprende a dialogar com nossos pais? Queria chegar logo lá, não vejo a hora.

É que eles são o motivo. Não o maior, nem o menor, muito menos o principal. Eles são simplesmente completamente o único motivo deu querer permanecer.

Eles não sabem. Sem hipocrisia, eles não sabem mesmo, de verdade, não têm a mínima noção. Nunca disse, nunca mostrei. É que eu só escondo, como quase tudo. Não é maldade. Acho que, puramente, falta de jeito.

Será que é coisa do signo? Distância demais entre os nossos pensamentos? Gostos, modos de ver a vida, sonhar e acreditar?

Enfim, será que existe algum exercício? Queria tentar. Preciso. Eu acredito que a minha vida vai mudar completamente quando eu aprender a fazer isso. Tenho essa noção.

Com que idade a gente perde aquela sensação de que eles não nos entendem e que vão sempre nos condenar?

Sim, querem o nosso bem - sem dúvida. Mas quando a gente realmente acredita e sente que eles podem nos ouvir, nos deixar falar tudo - sem interromper, sem pré-conceitos - e nos ajudar?

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Pro céu que amanhece

*da modernidade

Oh, céus
Que poderia ser mesmo de mim?
Meus melhores amigos são todos loucos e bem anormais

E
Que seria mesmo de mim
Contentar-me com a falta de objetivos
E com a normalidade dos meus amigos normais

Céus,
Que escolha eu tenho a fazer?
Um dos mundos é transcendental
Noutro, regido por Leis que não entendo

E
Que seria das madrugadas em claro?
Sem o álcool da garrafa de gato
Sem o rio que corre prum rumo que não sei pronde vai
(Sem as águas que passam, e passam, e passam)

Ih,
O sol nasce mais uma vez
Tiro os sapatos pra entrar em casa
A cabeça pesada vai dormir
Como se estivesse acordando dum sonho

Oh, céus
E que sonho é esse?
Dos sinais vermelhos e do vento no rosto
Das mãos geladas e do cantar rouco
Do passado que some, do futuro que não preocupa mais

É quesse sonho é de presente - como o céu que amanhece
Colorido, nas ruas vazias que me permitem ver ...
[e entender]
O céu de agora.
[queu passo a querer toda a noite]

Oh céus,
Isso é fome de vícios
De risos e de riscos,
[e de querer estar mais próximo]
Dessas cores
e desse céu

(Preparando pra enviar pro forno, pra virar musicazinha da blush... portanto, vão logo decorando... hahaha)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

[diário] vida*

(...)

e decidi que não vou mais ficar me remoendo pelo passado, lembrando dos momentos ultra-mega-felizes que tive, mas que nunca voltarão, nem tentando entender porquês que nunca terão respostas.

Muito menos continuar deixando pra ser feliz no futuro, quando meus supostos planos estarão supostamente sendo realizados e eu estarei supostamente realizada e feliz.

Em alta velocidade. Passando pelos sinais vermelhos. Entrando na contra-mão. Ao lado da janela, sentindo o vento bater no rosto e o meu cabelo dançar e todo mundo cantando sem se preocupar com o tom.

A trilha é de rock nacional dos anos 80. Toca, justamente porque sabe-se que eu gosto do rock nacional dos anos 80. E olha que eu nem precisei pedir ou avisar.

A gente segue cantando Raul e Legião. Levantamos o braço e vibramos pelo momento, porque estamos exatamente felizes. E então, quando a música acaba, a gente aperta a mão um do outro e diz com a voz já rouca: “CARALHO! ESSA FOI FODA!!!”

Porque foi mesmo, porque é desse tipo de coisa que eu não quero esquecer: do vento batendo no meu rosto; as ruas, casas e calçadas passando – como tudo passa:

numa velocidade que eu não me permite definir suas cores e contrastes; e eu cantando, e meu canto sendo acompanhado por outros que estão ali curtindo de verdade, sem medo de desafinar.

E eu senti como se estivesse voltando atrás, recuperando o que não vivi. Como se eu pudesse me desligar das minhas preocupações para o futuro, e então viver completamente o presente...

sem preocupar com os horários, com as palavras (ou com a ausência delas), com o meu jeito, com as minhas grosserias, dúvidas, suspeitas, e outras ocasiões...

É como se o que eu havia aprendido sobre a vida estivesse acabando de começar. Mesmo assim, não me sinto chegando atrasada à festa, porque é como se eu também fosse atração...

E eu não quero saber de quem já está indo, quero mesmo é ficar com quem está chegando comigo ou que ficou à minha espera e sorriu com a minha chegada.

*das coisas que precisam ficar registradas não só na minha memória (que é humanamente cruel).

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

nem sei

Não sou de poesia.
Nem de raios e trovões.
Sou de avesso. De uma metade inteira.
Dum nome fácil de soletrar, dum caminho que segue rumo – não ao certo até onde.
Não sou de temores.
Nem de canções de samba ou bossa nova.
Sou também de um cantar discreto,
Dum canto que dá apego e vontade de ensinar
Também de sorrisos-amarelos, de músicas de agradecimentos, de letras que falam de amor e amizade.
Sou da mania
Do vício
Não sou da determinação
Do destino traçado
Ou do amor à solidão
Sou da aventura
Do atrevimento
Da coragem cuidadosa
Da experimentação
Não sou do calor
Nem do frio
Sou da curiosidade
E da desconfiança também
Da segurança pouca
E de uma voz que nem é rouca
Me meto a ser dos problemas da idade,
É que sou da distância e da saudade
Sou dos sorvetes ao entardecer, do sono às nove da noite, e do dia que amanhece cedo
Não sou da paciência
Tento ser do controle
Não sou da esposa
Do marido
Muito menos da amiga
Sou apenas de mim
Dum egoísmo calculado
Da mentira que não é inverdade
Da auto-censura
Para mim
De quem finjo
De quem minto
De quem fujo também.

domingo, 18 de novembro de 2007

2008!

Porque depois dessa última semana, 2007 pode acabar já. Pode mesmo. Pode, pode. Pode muito! Acho que já tô pronta pra iniciar 2008. Tô mesmo. O que mais me resta a fazer? No que mais devo acreditar? O que mais pode me deixar extremamente bobamente feliz e/ou ignorantemente triste? O que mais pode me surpreender ou decepcionar? O que mais eu tenho pra aprender ou desaprender? Que outra decisão eu terei que tomar? E ainda existe alguma coisa que eu 'preciso ficar sabendo'? Meu deus do céu, dá até medo quando eu penso: "o que mais pode acontecer nesse ano?!". Ô, 2007, acaba logo, vai! Sei que posso tá exagerando, afinal, ainda faltam um mês e meio... Mas quem sou eu pra falar de exagero diante do exagero de coisas infinitamente 'intensas' que já aconteceram nesse ano? Caraca, o pior é que eu sei... quer dizer, sei não, sei lá... seja lá o que eu achei desse ano, me parece que 2008 eu vou achar tudo isso e muito mais!!! E peraí, eu ainda tenho uns objetivos pra este ano! HÁ, tenho sim! Mas, a última semana fechou o ano! Querido 2007, você foi demais, em todos os aspectos, jeitos, sentidos, números, gêneros e estilos! Falando isso, eu sinto vibrando vitória antes do fim do jogo. Massss... fazer o quê, se eu já me sinto 'energizada' pra dá início a um novo tudo? Tô com vontade de vibrar mesmo, e não vou deixar isso pra amanhã de jeito nenhum! Um abraço forte e um bjo na testa! E vamos lá!

*A foto é da Nattércia, a Deda

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

variação

Muda - as canções de todos os dias.
Muda - as ilusões.
Muda - o café da manhã.
Muda - a vontade de não ter e nem ser.
Muda - a vontade de mudar.
Muda - a vontade de continuar.
Muda - a vontade de acreditar.

Permanece e começa a ter voz - a vontade de se mudar daqui [imediata-mente].

domingo, 11 de novembro de 2007

"[sinto]nia"

Quando ‘amizade’ era uma palavra completamente decifrável e eu sabia exatamente quem eu era.

Numa noite dessas eu sonhei com você. Eu te encontrava na saída de uma festa, a gente se abraçava e começávamos a rodar e eu chorava, chorava, chorava tanto! E então, depois de me confortar e de trazer a sensação de que você estava de volta, você desaparecia. E só.

Como pode alguém ir embora e mesmo depois de tanto tempo continuar fazendo tanta falta e ainda estar presente nos meus sonhos?

Além disso, até nos meus sonhos, você sabe muito bem a hora de aparecer.

A saudade mata sim. Mata devagar.

E os 'vinte-setes de maio' nunca mais foram os mesmos...

-x-

Escrevi o post mês passado, e o salvei como rascunho, pra postar depois. E então, dias depois recebo uma mensagem dessa mocinha, dizendo que vai aparecer por aqui neste mês.

Minha amiguinha, não faltam mais provas pra eu acreditar que vc é uma anjinha que foi enviada a esta terra - alguns momentos antes de mim - pra me fornecer mais luz.

Estou no seu aguardo.

Porque sintonia é uma coisa que não se acha em qualquer esquina. Muito menos, algo que se acabe com qualquer mudança - ou distância.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A mulher de branco, o copo trincado e alguns segredos

Houve um tempo em que a mulher de branco me fazia medo. Hoje, ela é transparente aos meus olhos. Não me importam os seus afazeres após os horários comerciais. Horários nobres, meu bem, são pra quem sabe ter.

Se a minha cabeça não para de doer, eu sei bem o motivo. É também pelo qual eu me escondo atrás duma máscara azul-cobre. Não me recordo de quem me ajudou a montar nesse cavalo. Avistei-o de longe pelo seu brilho, ofuscado pelo sol que me trás novidades eternas.

Ah não, a história de todos os dias é a mesma história de todos os dias. Não são os dias que são das mesmas histórias.

Água fervente trinca copos de plásticos. Eu sei por experiência própria. Mas não sei o que tem debaixo da mesa. Água sanitária desbota roupa de cor. Mas eu vi, na rua, a menina desfilando com uma blusa colada e com saia estampada. E ela rebolava um sorriso que eu não consigo nem se fizer teatro.

E cada frase é um pouco dos segredos que eu não queria guardar. E vou tentando revelar aos poucos. Na tentativa de fazer dispersa essa dor de cá. Encolhida, como uma menina que segura os joelhos no canto do quarto, agarrada a um urso de pelúcia, com medo do escuro e a espera dos pais que vão chegar, acender a luz, e acabar com a graça da existência de um bicho papão horrendo.

Daqui uns anos, os fatos virarão contos de antigamente. Nem sei se ainda vou querer contar a verdade. Talvez inventar um enredo novo seja até mais interessante e divertido também. E toda vez que eu parar para recontar, vai ter uma capítulo inédito, que só eu saberei descrever.

A minha história, afinal, é só minha.

Acreditar na intuição é fácil. Admitir os erros, perceber a cara de um não... não.

E revelar o incomum trai.



Ainda tinha a chapeuzinho vermelho da escada da frente. Ela pedia que contássemos uma história. E, ao longo do conto, ela se desfazia num líquido cor de vinho.

Tinha também, as pegadas no tapete deixadas pelas estátuas da Capela, e pra chegar até lá, era preciso passar por um longo corredor de portas laterais e janela no fundo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

glup glup


É que na próxima vida, eu pretendo ser um peixe.

*Se houver próxima vida;
*Se eu puder escolher.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Gabriela

Era esse o nome da minha irmã.

Ela era minha irmã gêmea e morava nos Estados Unidos.

Ela nasceu com um problema de saúde, então, teve que se mudar pra lá por motivos de tratamento.

E o problema era muito sério, doloroso e dramático. Portanto, era segredo, e ninguém sabia da existência de Gabriela.

Eu era uma das poucas pessoas que sabia. Afinal, ela era minha irmã. Minha irmã gêmea. E eu chorava a ausência dela. Sentia muitas saudades, pois.

*daqueles segredos que a gente conta pra alguns

-x-

Gabriela foi um dos personagens imaginários que fizeram parte da minha infância. Lembrei um dia desses. E fiquei me perguntando: onde estará Gabriela?

Imaginação de criança - definitivamente - não tem limite... Por mais louca que seja a história, eu pude sim criá-la... Minha sanidade jura que é verdade.

Acho que 'a' matei, e nem vi.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

18 meses

*vida acadêmica
*ou coisa que o valha

E no último sábado, estava eu acompanhando minha tia e meu primo no jantar de aniversário da minha mãe e do meu irmão. E naquele tradicional papo de família (que, apesar de tudo, me atrai sim), minha tia me fez o favor de lembrar-me que tenho apenas mais um ano meio de faculdade.

Refiz os cálculos e, de acordo com a matemática, é isso mesmo. Mas já? Confesso que fiquei assustada. É que eu posso enumerar várias coisas que planejei fazer na faculdade e que não fiz ainda nem 1/3!

Outro dia, eu dizia que tinha vontade de almoçar no R.U. ! Pode ser besteira, mas, deve ser meio sem graça sair da universidade sem enfrentar aquela fila e experimentar a [famosa] comida do R.U!

Pois bem... Hoje, segunda-feira, Igor e Sra. Jhô me entregaram o carnê de pagamento das mensalidades da formatura. “Meu deus do céu, isso tá perto de chegar ao fim mesmo!”.


A única colação de grau que eu participei foi quando sai da alfabetização. Não fiz a do ensino fundamental e nem a do médio. Não me perguntem o porquê, eu sei que sempre fui movida por vários grandes motivos, mas o único que lembro era que eu simplesmente não tinha vontade de participar dessas festas.

Mas agora eu tenho vontade sim. Estou ansiosa até. Não vejo a hora de colocar aquela roupinha, estender o braço à frente, fazer o tal do juramento e dançar valsa depois disso. Aliás, ainda é assim?

Acho que nesse dia, vou ficar muito feliz, quem sabe até chore um bucadinho. E nem vai ser de tanto rir, vai ser disso também, mas, principalmente, de emoção mesmo.

E quanto ao R.U., eu posso não ter almoçado lá, mas tenho a chance diária de, depois da aula, ir com o pessoal jantar na burgmania ou no árabe (kafka ou kafta?); já toquei no palquinho do DCE; já atravessei os [longos] varadouros da ufaclândia só com a iluminação da lanterninha de celular; e fiz outras coisinhas mais que são privilégios somente dos que fazem cursos noturnos! Muáháháh!

Além disso, [olha eu me gabando] eu já almocei no R.U da UnB, numa mesa cheia de acreano! Tudo bem que eu paguei um preço umas sete vezes mais caro do que o PF do RU da Ufac... mas... acho que deve ser alguma coisa né?!

*

sábado, 27 de outubro de 2007

Verbo chamado Tempo

A regra de aprender. O jogo de gostar. A lei de fingir – Que máquina é essa?

Eu tento me livrar dos meio-termos. Estou feliz. Mas sem acreditar. Ou acredito, ou me desfaço.
Dou-me as opções e as oportunidades de fechar o balanço das cores, não dos filmes que não assisti, nem do conhecimento que nunca sairá da ‘estante’ – que, por muito tempo além de um instante, brinquei de ser minha, completamente minha.

Nas teclas de ouro, quando o sol nos tirava a paciência da madeira, e tudo era tão verde e [mas] recheado de trilhas monocromáticas, dum enredo que se passa no sofá da sala que não tem língua - bem diferente daquele de dentro da TV.

Eu quero mensagens subliminares sim, dos fios que cortei sem medir e descontar o preço. É que, no mínimo, eu me divirto. Foi assim sempre. Mas sempre, também, nossas canções continuarão sendo somente as nossas canções. E se eu lembrar, não significa que esqueci por algum momento.

Não sei se ainda quero a cinza caixinha de sapato que deveria guardar amores. Vazia, ela nem chora. Os mimos existiram. E continuam a existir, independente dela. Ou delas. Ou do gasto das nossas canções, dos nossos jeitos, dos nossos verbos.
de tempo.
que não se conjuga(m).

sábado, 20 de outubro de 2007

Roque

Éssa é a minha banda. Ela se chama Blush Azul.

Investimos num trabalho autoral, e seguimos um estilo que chamamos - embora com muita dificuldade - de 'alternativo', com influências que vão de Ac/Dc à Blitz, passando por Los Hermanos (e Porongas também), até Pato Fu.

Recentemente gravamos a nossa segunda demo. Dessa vez, com as músicas "Amargo Perfume" e "Abraços de Monstros Caídos".

Nesse sábado (20), a gente toca no Festival Varadouro, no Estacionamento do Arena da Floresta.

Vejo vocês lá!
T+

domingo, 14 de outubro de 2007

sobre a língua dos loucos

Queria mesmo entender a língua daqueles loucos. Os boleros ainda tocam, vivos, em algum lugar. Tirei o quadro azul da parede. Não gosto de histórias ‘PB’. Gosto sim, em certas ocasiões. Mas resolvi impor limite. Ao lado da cama, uma cadeira de ferro vermelho sustenta uma pilha de livros que vagam entre sala e quarto na esperança de que, a qualquer momento, possam ser lidos.

Porque se sentir substituído é mais difícil e quase inaceitável. Eu escuto, de longe, as risadas. Embora portas e janelas estejam fechadas. Às vezes as nossas virtudes nos traem. E por tantas vezes a satisfação foi esbanjada. Inocência triste essa. Caminhei só e não me importei com a poeira entrando no sapato. Era preto, fiz um trato com a natureza e ela me deu um marrom.

Me esforço para experimentar a língua que me inveja. Para não deixar sons distantes apagarem tonalidades dos dias em que decido comandar o que devo sentir ou, deixar-me escutar e colocar toda a culpa nos desejos – inocentes, ou não, tristes, ou não. Que venha mais poeira. E que, da próxima vez, a natureza não me roube só os sapatos.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Orgias

Ela reclamava que alguém havia jogado uma garrafa em frente a sua casa. E xingava. Xingava mesmo. A mulher tava braba. No quintal, uma criança perguntava onde aquela senhora ia reclamando tanto. Pegando a garrafa no chão e indo jogá-la no lixo, respondeu: “oooo minina, deixa di sê xata! Toma o teu rumo!!”.
A criança, apenas disse: “então tá, é preu tomar meu rumo, então vou tomar...”, olhando para escola e com jeito compreensivo, enquanto abria um guarda-chuva para se proteger do sol.

Às vezes tenho a impressão de que estou publicando e escrevendo textos repetidos (acho que já escrevi isso antes). Me deixa até feliz, me trás a sensação de coerência e unidade. E penso que consigo me enganar... Ou será que é só um deja vu? 'Deja vu de texto', pra mim, essa é nova.

Todo mundo tem um motivo pelo qual precisa dum médico. Eu nem sou assim. Eu preciso apenas dum blog.

Outro dia, lembrei que, diante de seis olhares masculinos e de um capuccino gelado, eu revelara que ainda estava na mesma, lendo Clarisse Lispector e Luis Fernando Veríssimo. Nem me senti reprimida. É que as Orgias de Luis são cor-de-rosa.

domingo, 7 de outubro de 2007

O Vento

Posso ouvir o vento passar
Assistir a onda bater
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver

Eu pensei que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo
E para o tempo parar

Um século, um mês
Três vidas e mais
Um passo pra trás?
Por que será?
...
Vou pensar

Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber?
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer
Isso eu vi, o vento leva!

Não sei, mas sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar
É vontade de esquecer
E isso por quê?
(diz mais)

Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro, meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez
se tem que durar
Vem renascido o amor
bento de lágrimas.

Um século, três
Se as vidas atrás
São parte de nós
E como será?

O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais
A gente vai saber,
Claro de um trovão,
Se alguém depois sorrir em paz
(Só de encontrar...)

(Marcelo Camelo - Los Hermanos)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Cultura.RB


Reflexões sobre cultura.

Lá eu estou (quase que) integralmente.

em (quase) todos os aspectos.

/me Assessoria de Comunicação / FGB

Visitem!!!!!!!!!

=)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Hoje

Numa mão, um copo de café. Na outra, uma pasta preta com livros de direito e de autores que nunca vou aprender a pronunciar. A primeira frase é: "E aí meu?!", seguida de um convite para tomar café. Eu recusarei questionando: "Esqueceu que eu não tomo café?".

Isso é só pra manter o costume. Vou reparar no cabelo bagunçado, no sorriso discreto, na camisa de botão e nos pés... bem, quanto ao calçado eu realmente não sei. Mas se for allstar eu direi: "tu tá usando allstar!". E lembrarei da história da chefe ter pedido pra ele utilizar um sapato mais 'adequado'. Ficarei tranquila: "Continuamos os mesmos".

Ele perguntará que tipo de jornalista quero ser (como pode uma jornalista não tomar café?!) E eu direi que serei jornalista da nova geração... e iniciaremos uma discussão meio sem motivo.

E então, a gente vai combinar um almoço que vai demorar pelo menos um ano pra ser realizado. Isso é, se a gente conseguir decidir pelo menos se vamos fazer o 'programa de sempre' ou se fazemos algo novo.

Uma das minhas amizades mais antigas e que mais estão presentes no meu presente (embora seja ausente também). Deu pra entender? É meio que 'gostar pra caralho' e odiar ao mesmo tempo.

O fato é que hoje é dia de aniversário. Não vou ligar nem mandar e-mail. Será que o post vai comover? Será que assim eu ganho um comentário teu aqui?

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Duas coisas e uma outra coisa


Coisa 1: Conversa de Pai para Filha:

Tudo começa na sexta-feira (da semana passada), às 22h30. Eu levanto da cama (desabei quando cheguei do trabalho). Não tem aula. Não tem ensaio. Vou pra cozinha. Todos já jantaram. E meu pai está lá, com uma lata de cerveja na mão. Uma conversa se inicia:

- Ô filha, quanto mais bem um jornalista ganha, mais ele corre risco de vida né?

Eu, sem muita empolgação e morrendo de preguiça de fazer qualquer coisa, faço cara de: ‘!?’

- É, eu tava vendo na TV, aqueles jornalistas que viajam, vão fazer matéria no exterior, eles ganham bem e tal, em compensação recebem todo tipo de ameaça e passam um monte de coisa ruim...

- Pai, eu num já falei que jornalista é o profissional que menos se aposenta?

- Por quê?

- Geralmente não dá tempo...

- Ah é? Ele morre antes né!?!

- É pai, eu já estudei sobre isso, jornalista é o profissional liberal que morre mais cedo...

-
Filha, vamo mudá de profissão? Ainda dá tempo... Por que tu não faz direito? Tu ia ajudar as pessoas do mesmo jeito e ainda poderia escrever. Pára com esse negócio, tu já aprendeu o que tinha pra aprender, tu já sabe escrever... Sabe que ainda dá tempo de mudar né??

Coisa 2: Conversa de msn num domingo antes do início das aulas:

GiselleXL diz:
vai pra aula amanham?
Chaves diz:
se eu melhorar acho que vou
GiselleXL diz:
Hum... acho q vou faltar a semana tda
Chaves diz:
Vixe, pq?
GiselleXL diz:
sei lá, to sem vontade
Chaves diz:
huehueheue
Chaves diz:
tu ein... qm diria kkkkkkk
Chaves diz:
pois eu to a fim de ir, minhas noites são tão monótonas sem aula ... kkkkkkk
GiselleXL diz:
qeria ser assim
Chaves diz:
heehuehue
Chaves diz:
é a saudade de vcs, do povo da sala, e dos profs... e vai ter gente nova ne? novo período
GiselleXL diz:
eu queria ser assim tbm ... kkkkkkkkkkkk
Chaves diz:
daí sempre dá aquele gotinho de novidade ... ehehhehe
GiselleXL diz:
to brincando, tbm to com saudade e to ansiosa pra ver o q teremos de novo...
GiselleXL diz:
mas será q vai ter aula mesmo?
Chaves diz:
Vai, parece que a greve furou, num vai ter mais
GiselleXL diz:
ai q droga
Chaves diz:
é o que muita gente me disse, muita gente mesmo
Chaves diz:
tu queria, é? kkkkkkkk
GiselleXL diz:
queria, pra ter mais tempo pra escrever, pra namorar, pra ensaiar com a minha banda!!!
GiselleXL diz:
pra viver e ser feliz!!!
GiselleXL diz:
ahuahuahuahuaha

A outra coisa: algumas observações:

De fato, as aulas tiveram início. Agora, eu tô no 5º período. Teoricamente, devo me sentir 50% jornalista, afinal, já passei da metade do curso. Na primeira semana (essa q passou), perdi apenas uma aula. E me empolguei. Leandro tem razão quando fala nas pessoas novas. A novidade, realmente, anima. Inclusive quando a novidade é voltar a ter aulas nas manhãs de sábado... (essa última frase é totalmente irônica, pode ter certeza!!!). Portanto, saiba que neste sábado, enquanto você estiver fazendo qualquer coisa que seja, eu estarei no mundo encantado da ufaclândia, estudando pra ser jornalista - e pra receber ameaças e morrer cedo. =)

sábado, 22 de setembro de 2007

Bonito (AM)

Queria escrever um texto bonito. Porque foi exatamente assim a minha viagem à terra dos Manaós. Eu não pisava lá há sete anos. Verdade, muita coisa mudou. A família está maior e mais ‘forte’ (é que a família é da pesada mesmo, não é à toa que eu até me senti mais à vontade...).

Fios brancos, mais pele no rosto, e a alegria que sempre esteve presente. Porque família é família pra sempre. Uns fazem lanche; outros fazem simulados na escola; outros cuidam de flores; outros jogam bola na beira da piscina e outros acampam (e foi nessa vibe qeu entrei).

Vi prima que não via há uns 14 anos... Hoje ela é mãe, professora de história e artes e um dia desses utilizou alguns dos meus 'zines' em sala de aula. Legal né? É claro que tem sempre aquela história: “nossa, como cresceu essa menina... Essa é a Giselle? Nossa, eu to ficando velho(a) mesmo...” Ah, mas eu também tive essa sensação quando vi os mais novos...

Mas enfim, revisto todos os familiares e depois de sentir o clima de velhice no ar, fui me aventurar em coisas inéditas na minha vida (há, eu gosto de falar isso, dá um ar de mistério... hohoho).

Primeiro, fui num show de rock lá no Porão do Alemão (a banda era uma cover do Guns), e ‘meu deus du céu’, era um ‘esfrega-esfrega’ danado, o local era até espaçoso, mas tava lotaaaaaaaaado, tipo a Excalibur aos domingos (eu acho...).

Depois de muita energia gasta, fui recuperá-la (só na ilusão) na estrada, a caminho de Presidente Figueiredo. Acampei por duas noites. Tomei banho de cachoeira, de igarapé, dormi em colchonete, tomei banho à noite, à luz de velas, debaixo de um céu estrelado lindo (que despejou um pé-d’água muito doido na primeira noite).

Por dois dias eu acordei me sentindo dentro de uma estufa, ao som de passarinhos e ‘zíperes’ (das barracas). Andei no mato, pisei na grama, levei ‘pisa’ de formiga e mosquito. Tive que aprender a escovar o dente em pé, sem se molhar. (Isso é ridículo, mas eu tava à procura de uma pia, ora bolas). Conheci pessoas novas (a maioria de São Paulo), experimentei bebidas e comidas novas também (ovo de coruja?).

Cantei Raul Seixas e Engenheiros do Hawai na estrada. Cantei Iron Maiden no acampamento (sim, tinha metaleiro lá). Conversei sobre música, profissão e vida. Tomei café pão, almocei pão e jantei pão. Brinquei de saber tocar violão, jogar dominó e aprendi o ‘Jogo do Bicho’ (Boto bebe?!).

Apareci na Aparecida. E na varanda de azulejo. Andei pelos corredores de arquitetura antiga e debaixo dum sol quente - e ponha quente nisso. Brinquei de tiro-ao-alvo em 'flyperama' Também fui pra show de reggae num almirante que dava pro rio de águas negras.

E eu acho tão bonito ver as pessoas revendo as outras. Visitei a antiga casa do meu pai, onde hoje moram uma tia, duas primas e o esposo e filho de uma delas. Numa das salas, lá em cima do armário, ainda havia alguns objetos do meu pai. E lá vai ele subir numa cadeira, pegar aquela pasta cheia de poeira e olhar o que ficou por tanto tempo guardado... Na casa das outras tias, o cheiro é de biscoito. Porque quem vai ou vem de Manaus precisa ir lá pegar uma lata de biscoito e me trazer. São os biscoitos da tia ‘Mazile’.

A conversa é estranha. A gente quer matar a saudade. Mas a gente nunca conviveu junto. A gente quer perguntar sobre a vida de cada um. Mas a gente não se conhece muito bem. Só que a gente sabe quem cada um é. E nós somos uma família. E é isso que importa.

E eu fico pensando: se um dia acontecer deu ir embora e voltar pra visitar a minha família no Acre? Acho que vai ser meio sem graça. Sei lá, eu só tenho uma tia e alguns tios com pouquíssimos filhos. Provavelmente, todos serão magros e caberão numa mesma sala. Isso só reforça a minha idéia de que nasci na época errada e que já deveria estar curtindo a minha terceira idade. Hunf.

Só uma coisa me fez infeliz: Eu, na minha correria ignorante, não peguei o número da minha grande amiga Becky, que mora lá... E então, não pude revê-la. E só eu sei o quanto isso é triste.

Mas, tirando isso, eu posso resumir: O melhor fim de semana no Amazonas! (Viu, primo Babu??!! O Melhor!).

Obs: Essa atualização tá meio desatualizada (eu sei), afinal, a viagem foi no início de setembro. Mas eu não iria sossegar enquanto nao escrevesse sobre ela. De qualquer forma, deixo aqui outros dois blogs (na tentativa de justificar a minha ausência nesse aqui)...
Visitem:

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Teorias de Viver

Abri os olhos e vi o tchau que não dei e o adeus que passou a existir só em planos. Foi como um reflexo. Daqueles momentos em que acontecem várias coisas em apenas alguns segundos e a gente age sem pensar. Eu sinto que tive tempo pra isso. Até ensaiei – em mente – o balanço da minha mão no ar. Mas ficou tarde antes que eu decidisse. Percebi as promoções que viram liquidações. É tudo uma questão de tempo. As luzes amarelas chamavam a minha atenção pruma ligação que não veio e fingir não esperar. Passei pela banca de revistas e comecei a refletir, porque achar familiar não significa conhecer ou desconhecer, é apenas achar familiar. Pensando nisso, vi dois anjos se beijando no banco da praça, em frente às águas que são jorradas para o nada, mas que vão para algum lugar – o mesmo. Eu pisava em pedras diferentes. O desconforto era igual, mas eu podia distingui-las pela cor, somente por isso. ‘Juntem-se aos seus semelhantes’, me avisavam, mas eu discordava. Eu nunca me senti refletida. Os espelhos que escolhi ficam pequenos depressa. Dependendo como for, a luz incomoda e nos faz fechar os olhos. Por mais que os dedos apontem prum rumo que eu não vou olhar, há um sentido, um sentimento, um motivo, um lugar.


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Falando em teorias de viver, lembrei de uma música:

"Não vou saber dizer o que há. Não vou poder jamais explicar os dias em que pensei ter respostas para tudo, fingindo ser forte e negar qeu nem sei se quero saber se amanhã vai ser igual (ou não). Porque me assusta tanto não ter histórias pra te ouvir contar. Quão mais tentei saber e falar, mais tropecei em minha língua. Esperas que eu seja forte atrás deste escudo que nunca me deixou enxergar. Porque me assusta tanto não ter ninguém pra poder abraçar. Teorias de viver não me deixaram rumos, e agora eu estou parado. As pessoas vão e vem e é tudo tão confuso (...) Eu juro, eu tentei correr, mas acho que foi tarde demais. Agora quem vai se importar? Meus dois braços não vão bastar... " (Dance Of Days - Caulfield)


Apresento a vocês, sem medo e sem pudor, uma das minhas bandas preferidas. =)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Parece mentira

Entrei no jogo da verdade. Que mal tem? Brinquei um pouco. Mais cedo, comi tanto chocolate que nem prestei. Colocar a culpa na tpm nunca foi do meu agrado. E dizer que é falta de tempo é a mentira mais infantil que já vi – e nem tenho mais motivos para me utilizar de mentiras infantis – graças ao meu cansaço físico e mental.

Apesar disso, depois que apaguei as luzes, ainda tive disponibilidade para estudar. Na verdade, o que fiz foi mexer nos meus arquivos de faculdade, rondando aquelas xérox antigas, separando algumas na ilusão de que leria no dia seguinte, no caminho de casa para o trabalho. [Mas nesse trajeto, eu tenho preferido colocar as mãos no banco, fechar os olhos e lembrar...] Ainda tive coragem de folhear os álbuns de fotografia lá do fundo do armário empoeirado. A saudade é de mandar revelar um filme e organizar as fotos na ordem em que elas foram tiradas – mania, mania.

Apesar de ter dormido pouco, perdi a conta de quantas vezes tive que tirar os óculos para enxugar os olhos de tanto rir. Em determinada ocasião, quase me ajoelho e vou ao banheiro me arrastando no chão para não fazer xixi nas calças. É, é só eu achar graça - de verdade - que, se não me concentrar, eu me mijo todinha.

E nem acho constrangedor falar disso, afinal, o que isso significa para alguém já teve que voltar para casa – depois do colégio – com a roupa toda molhada de xixi? Eu até pedia para pararem com a palhaçada... mas ninguém entendia o que eu falava! Para variar né, eu sei que ninguém entende o que eu falo, as pessoas simplesmente deduzem. (Eu sei, eu sei).

E deduzir me lembra dedo. Que rima com medo. Que parece com enredo. E sobre enredo eu falava ontem. De contos que eu nunca tentei contar. Um dia desses, até sonhei com um, mas depositei mais força nos olhos para mantê-los fechados e não levantar da cama. “Sabe o que é? É que eu quero que eu entenda que: se voltei a ter blog, não significa que preciso voltar a acordar de madrugada para escrever... Não Giselle, você não irá rearmar essa guerra civil das mentes, das palavras, dos silêncios... Não. Não. Não”.

E durma bem.
=)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Eu até queria...

Olha o que eu li hoje:

"Se você perder a capacidade de rir, perderá a de pensar". (Clarence Darrow)

Eu
até
queria
conseguir
entender
e
ter
algum
[des]
controle
...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ou isto ou aquilo*

Já entendi. Todo ano me aparece uma situação em que preciso tomar uma decisão. A lembrança mais antiga de uma decisão que me fez pensar feito uma condenada foi quando precisei escolher entre o time de basquete e o grupo de dança. Não foi nada fácil. Escolhi o grupo de dança. E nem me arrependi.
-
Depois veio a época do vestibular. Muito fácil. Fui por eliminatória, assim como a gente faz com as questões de prova. Passaram alguns meses e eu precisei escolher entre o Iesacre e a Ufac. Passei na Ufac, mas ganhei bolsa no Iesacre. Pensei. Pensei. Pensei. Planejei. Planejei. Planejei. E decidi. Fui pra ufaclândia.
-
Comecei um estágio que não estava nos meus planos praquela época. Mas foi bom. Me encantei com a profissão. Coisa que nenhuma faculdade tinha feito até então. Depois, tive que optar entre os jornais diários (estagiava em dois) e a assessoria de imprensa de fundação cultural. Também foi complicado. Afinal, eu queria ser jornalista, e não via muito jornalismo em assessoria. Por outro lado, trabalhar numa fundação cultural já tinha feito parte dos meus planos para o futuro (isso quando eu tinha uns 15 anos). Saí da redação.
-
Mudou tudo. Pudera, eu não passava mais a noite inteira lendo blogs ou textos do Paulo Coelho (acho isso meio engraçado), ou escrevendo coisas sobre a vida, respondendo cartas e descobrindo bandas de Punk/Hc do interior.

Mudei a alimentação. A rotina. Troquei os livros, os filmes, as músicas. Mudei de banda. Abandonei o curso de inglês e mudei de planos. Ganhei novos objetivos, novas vontades, sonhos e desejos. Fiz um outro blog. Ganhei um prêmio acadêmico, um novo e-mail e uma manchete de jornal (tem um duplo sentido aqui mas eu não vou corrigir pq não quero), e novos amigos (Além de novos vícios e novas manias).

- Será possível a gente mudar de signo? Estou me sentido uma geminiana nada gêmea.

Hoje eu preciso tomar uma outra decisão. Ontem me senti uma novela: “Olha, é difícil ein? Eu não queria tá no teu lugar não. Mas, quando tu decidir, me fala? Eu quero saber...” Sim, tudo bem, eu não teria como esconder o final dessa história...

Virou até conversa em mesa de pizzaria: uns no chope, outros no vinho e eu só na rinite, gastando um tempão pra decidir se pedia um sorvete e depois mais um tempão pra escolher o sabor...
-
Já vai ser a minha segunda grande decisão em 2007 (a primeira, eu os deixo na suspeita). Às vezes, tenho a sensação que complico as coisas. Outras, acho que não sou eu quem faz isso. Antes eu me perguntava: “Como é que os pensadores vivem? Como eles ganham dinheiro? Como será a rotina de trabalho?”.

Seja lá como for, hoje eu sei que não é tão fácil como me parecia ser. Ás vezes, eu sinto vontade de parar tudo pra apenas olhar pro nada e ficar pensando. Lembrando e imaginando. Outras, eu queria apenas me concentrar num texto qualquer.
-
Não sei se digo que quero voltar a ser criança. Várias – várias mesmo – coisas que eu disse que queria aconteceram. E eu me sinto feliz por isso. Me sinto privilegiada e sortuda por ter a oportunidade de tomar as decisões que tomo. Mas... sabe como é né... é difícil e nós nunca estamos satisfeitos. E eu não queria me reforçar ainda mais isso, que tomar decisões é difícil.
-
As pessoas elogiam as outras que são determinadas e decididas e objetivas e não sei o que mais lá... Eu não sou nem um tercinho disso. Agora pouco, eu estava me perguntando de onde vem a dúvida? Quero saber a sua fonte, a torneira que a jorra preu ir lá e tomar uma providência. Será que alguém pode me ajudar?

*referente a um poema da Cecília.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Dedos bicolores

Me sinto simples. Falando palavrões e assoviando pros cachorros. As unhas em tonalidades rosa dançam como botões entre miçangas encoleiradas. As cores mais claras realçaram o que antes parecia sujo – nem era, nem deixou de ser. Um dia desses, desconfiei de onde poderia vi a suspeita de minha graça. Eu ri junto. Quando me deixei levar, me senti passando dos limites. Então, veio o sono e eu resolvi dormi. Amanhã é novo dia, pois.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Praça de brincar

Naquele mesmo lugar onde uma criança brincava, há algum tempo, outra morria. As emoções poderiam se confundir entre o medo e a felicidade. Eu poderia optar até pela raiva. Mas raiva é forte demais e inútil também.

Ali próximo, um rei de papelão anunciava a promoção do dia. Um pai ensinava um filho a andar de skate. Lá dentro, uma moça escovava os cabelos cor-de-mel. O medo e a felicidade preferiram a tristeza. Os tiros que eu nunca ouvi me impediram de brincar ali. Era uma tristeza inútil, enfim.

Hanram ...

Numa tarde passada, divaguei entre presente, passado, passado de antigamente, e presente que parece passado, no caminho até minha casa, atravessando uma pracinha, num bairro quase 100% comercial, onde não faltam bares, restaurantes, farmácias, lojas de materiais de construção ou salões de beleza.

Em vez de brincar naquela praça – quase ofuscada por um clima aparentemente “centro da cidade” – eu tive que me contentar com a garagem de casa, onde hoje, só há espaço para carros e para mais nada. Só pra lembrança do dia em que ganhei minha primeira bicicleta. E toda a tarde eu andava por ali. Pelo piso cor de marfim, lacrado pelo portão eletrônico, de ferro.

Na garagem que me parecia enorme - dentro do meu limite - eu ainda tinha a disposição de apostar corrida com o ônibus, que para logo aqui.

Pois é...

E às vezes eu me sinto tão velha. E quanto mais eu tento fugir disso, mais velha me sinto. Não no sentido obsoleto para qual palavra costuma nos levar. Mas no sentido de que “já deu sabe? Já tá bom, então, dá licença e me deixa curtir a minha terceira idade”. '
ha.ha.ha.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Filosofia Quântica

Quantas e quantas vezes eu já parei pra contar? Ando com a memória péssima. Decido e depois esqueço o porquê. Então, tenho que decidir denovo. E quem me conhece sabe que não gosto de tomar decisão. Eu preciso me justificar completamente. E pouco me importa o que isso possa parecer. Eu não gosto e ponto. Ando também com novos cacuetes. Realmente, eu não nasci pra falar. De qualquer forma, abro espaço aqui pra uma revelação: pretendo ser professora. Sim, sim...

domingo, 22 de julho de 2007

de alguma estação que passou*

As folhas que invadem a janela
avisam a chuva que estar por vir
Nas minhas memórias,
tardes como essas
em que eu nem me via por aqui:

Eu correria pelas ruas
descalça e sem medo de trovões
Depois, ao voltar para casa
repetiria o banho debaixo do chuveiro
com os pés engelhados
continuaria a cantar a canção que não tem fim

(hoje)
Alérgica ao vento
frio/gelado/empoeirado
fecho as janelas
ligo o ar
a chuva, agora, é só um barulho lá fora
e uns ploc, ploc, ploc atrás do sofá

[*da mesma forma que a uva-passa]

(Quebrei a sequencia dos fotógrafos. É que tava procurando uma data e encontrei uma época. Resolvi postar).

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Henri Cartier Bresson*

*Referente a um trabalho de Fundamentos de Fotografia [3/6]

Para muitos, infelizmente, um nome sem qualquer significado. Para outros, o admirável cronista que soube entender o real, captar a verdade escondida sob as aparências e sob a fugacidade dos acontecimentos, eternizando-a não em palavras, mas em imagens.

Atuou no mundo inteiro, também na literatura, pintura, desenho e cinema.
Suas fotos eram sempre em preto e branco, marcadas pela presença humana, pela simplicidade, objetividade e, de acordo com ele mesmo, “sem mensagem subliminar”.

Não gostava da notoriedade, evitava dar entrevistas e ser fotografado. Morreu aos 20 dias de completar 96 anos.

domingo, 15 de julho de 2007

Roger Fenton*

*Referente a um trabalho de Fundamentos de Fotografia [2/6]

O primeiro fotógrafo de guerra que se tem registro.

Estudou artes, mas com o não-sucesso na área, passou a estudar direito. Em 1852, apaixonou-se pela fotografia em uma exposição.

Começou fotografando paisagem, arquitetura inglesa, natureza cotidiana, museus, galerias... E acabou por se tornar fotógrafo oficial da família real inglesa.

Contratado para mostrar o lado glorioso, romântico e aventureiro das guerras, mostrava basicamente os suprimentos de guerra, os militares e soldados sorridentes.

Morreu decepcionado com a não-conservação das fotos e com o lado comercial que a arte havia adquirido.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Robert Capa*

*Referente a um trabalho de Fundamentos de Fotografia [1/6]


Húngaro, cientista político, teve em reportagem sobre Leon Trosky a sua primeira assinatura.

Em 1933, deu início à carreira de fotógrafo, quando começou a trabalhar de forma independente, em Paris, para onde emigrou e mudou de nome a fim de escapar da perseguição nazista. Fotografou guerras civis espanhola e chinesa, além da II Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã, onde morreu.

“Se as fotografias não estão suficientemente boas, é porque não se estava suficientemente perto”, era o seu lema.

Sua obsessão pelo trabalho o tornou o mais célebre correspondente de guerra do século XX. Era um apaixonado pelo que fazia. Por meio do seu trabalho, tentava expor a verdade da guerra, queria mostrar a realidade nua e crua, o sofrimento, a destruição.
Além da guerra, suas lentes também miravam a figura feminina.

domingo, 8 de julho de 2007

Noite de domingo

Nesta noite de domingo eu comi duas 'brôas' - do pacote que a minha mãe comprou ontem de manhã, no mercado, quando foi comprar peixe. Depois, ainda nesta mesma noite de domingo, eu também troquei a lâmpada do meu quarto. Enquanto isso, a minha mãe regava as plantas - nesta mesma noite de domingo.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

O não-amor e a minha ridícula não-importância

"Ah, como eu te amei. Foi bem verdade. Ah, como eu te amei. E como eu me declarei. E como era tão ridículo. Ah, e a gente achava lindo. Não sei você. Mas eu me achava menos ridícula, amando. Me achava até lindinha, uma graça. Mas hoje eu não te amo mais. E nem me acho bonita nem ridícula. Agora, tanto faz. Não da forma banal. Mas de forma alegre. Simples. Pura. Aliviada. Sem medo de ser ridícula ou de não ser uma graça. Hoje eu não amo sem medo. Dizer que o amor dá medo não é mentira. É como se o não-amor levasse qualquer tipo de medo embora. Amor é coisa pra corajosos. E eu nem fiquei medrosa. Eu ainda pesco motivos pra confirmar a minha ridicularidade. Sei nem se essa palavra existe. Diz o Word que não. Mas eu não confio nele. E isso é normal. Como o amor. Um amor-ridículo. Um amor-ridículo só existe quando não se ama. Não amar parece um insulto. Um insulto ao sentimento ridículo. Hehehe. Eu sou ridícula. Não sou um amor. Sou apenas ridícula. Eu gosto de ser ridícula. Me faz rir de mim mesma. Eu sei que me contradigo. Eu não queria ser assim. Mas sou. E nem me importo tanto. E não se importar tanto, não significa não se importar. Significa apenas ser assim".

terça-feira, 26 de junho de 2007

O maremoto, os filmes que não assisto e as distâncias

Não sei há quantos quilômetros daqui. Mas sei que tenho muitos espalhados. Acho que deveria me sentir bem ao pensar isso. Na verdade, uso-o como consolo. Um consolo que não funciona. Mas a gente finge que funciona. Eu não queria distância nenhuma. Não queria diferentes mundos. Diferentes vidas. Diferentes personalidades. Queria tudo normal. Tudo rotineiro. Tudo sem graça. Queria ver uma estrada. Caminhões passando. Tricotando numa cadeira de balanço. Hahaha. Que nem naqueles filmes. Eu tenho as cenas na minha cabeça, mas não sei de que filmes são. Certas pessoas se assustam quando falo que não gosto de filmes. Não pelos filmes em si. Mas pelas ocasiões em que não posso assistir aos que queria. Ou simplesmente durmo. Eu durmo várias vezes. Seja lá o que for o que eu esteja fazendo ou assistindo. Eu simplesmente durmo. E eu sonho. Eu gosto de sonhar e de acreditar em sonhos. Ah, essa noite sonhei que estava em outro país, fazendo trabalho da faculdade. Estávamos num estúdio de jornal televisivo. Acompanhando a edição de uma matéria que anunciava um maremoto bem naquele país onde estávamos. Depois eu me vi correndo pela rua. Várias pessoas corriam também. Eu perdi a paciência com as pessoas que estavam comigo – “para variar” - afinal, eu estava apressada - e era a única, “para variar”. Encontrei um garoto e uma garota que nunca vi na vida. Comecei a acompanhá-los. Falei que era do Brasil. Que era do Acre. O garoto conhecia o Acre. Achei legal. Pegamos um táxi. Cada um pagou R$ 10,00. (É, lá a moeda era o real). Descemos numa parada de ônibus. Era o local mais alto da cidade. Estávamos seguros lá. E eu fiquei pensando nos meus amigos do Acre. Eles deveriam estar batendo-papo em algum lugar, pouco se importando com o tal maremoto. E eu comecei a pensar em meditação. E que a única solução para se salvar do maremoto era meditar. Levitar a uma certa altura onde nada alcançaria. Fechei os olhos e me imaginei tentando me salvar. Eu ri de mim mesma. E acordei.

domingo, 24 de junho de 2007

março,004*


*Retirado do extinto blog da _-DaMa-Do-RoCk-_

De repente, tudo desmoronou amargamente em estrelas despedaçadas.
Porque eu não tenho a obrigação de escrever nada com sentido.
E o que eu vi... Era apenas mais um sonho.
Porque o que eu quero, eu quero demais.
E minhas palavras estão emergindo do invisível ao curto.
Porque as pessoas não são mais as mesmas.
E assim, não defino até quando suportarei esta viagem com olhos vendados.
Porque se nada é claro, não importa, são os simples ruídos que nos chamam atenção,
mas infelizmente, isso só acontece quando se está em total silêncio. (Quase Nunca)

terça-feira, 19 de junho de 2007

Palavras, fiquem longe de mim!

Gostar de escrever eu gosto. Mas como todos os meus outros gostos, esse de gostar de escrever também é meio confuso. Gostar de escrever eu gosto. Mas não gosto de ter que escrever. Às vezes não gosto de ter uma grande idéia para um texto. Transformar o que penso em palavras me deixa aflita. Nervosa. Ansiosa. Ás vezes eu não consigo me controlar. Eu fico agoniada.

Ás vezes eu só queria escrever qualquer coisa. Sem pensar muito. Sem muita reflexão. Sem preocupação com as concordâncias ou com a pontuação. Muito menos com os horários ou com número de linhas. Ás vezes é chato pensar em frases legais e depois esquecê-las e ter que lembrá-las. Elas aparecem e simplesmente somem, às vezes. E eu não gosto de brigar com as palavras. Elas são mais fortes do que eu. Elas me matam. E eu não consigo sequer feri-las. Tirar-lhes o sentido. Acho que tirar o sentido de uma palavra é o que mais pode lhe doer. É tirar-lhe a vida. Mas eu não consigo nem camuflá-las. Elas são mais poderosas. Independentes. Donas de si. Ás vezes eu odeio a palavras. Justamente por esses motivos. Mas, às vezes, eu as amo justamente por esses motivos também. Eu tenho inveja das palavras. Eu queria ser que nem elas.

Mas escrever me traz brigas. Discordâncias. Escrever me deixa propícia a situações em que perco a paciência. Mas eu não demonstro, claro. Eu escondo a minha falta de paciência em algum lugar. Num riso, talvez. Ou transponho-as nas palavras. E assim elas me ganham. Assim eu me entrego a elas. Assim, eu viro toda uma qualquer-coisa-das-palavras. Nesses momentos eu até gosto delas. Mas, definitivamente queria não gostar. Eu as acho falsas. Elas são falsas. Como eu, que preciso delas e finjo não precisar. Que preciso delas, mas não queria, realmente, conhecê-las. Porque elas me fazem ser falsa comigo mesma. Elas me deixam em silêncio. Ah, palavras, palavritas, palavrões. Vão pra bem longe, lá pra onde eu não tenha que me esconder. E cale todas essas bocas velhas. E os dedos também!

sábado, 16 de junho de 2007

O tênis e os meus planos

Eu olhava o seu tênis. Não quero identificá-lo. Mas ele estava lá. Ele e o seu tênis. E naquela noite haviam me perguntado o que eu achava de Bíblia e, antes que eu demonstrasse qualquer opinião, a questionadora afirmou que a sua vida é completamente espelhada na Bíblia e que a Bíblia é a vida dela. Bem, o que eu poderia responder? Não sei por que, mas me senti na obrigação de dar respostas positivas. Foi o que fiz.

Depois disso, um gay me disse que uma colega minha estava dando em cima dele. E que já tinha se esfregado nele umas três vezes em algumas festas por aí... Por que uma garota daria em cima de um gay? Eu fiquei me perguntando.

Enfim, eu olhava o tênis daquele homem. Ele falava do que foi preparado para falar e eu pensava sobre alguma coisa qualquer e passei a me perguntar o que estava fazendo ali. A coisa estava estranha e eu não me senti bem no meio daquela coisa estranha. As pessoas fingiam estar atentas, e eu também. Eu estava reparando na minha incapacidade de não achar respostas pra mim mesma. Aquela falta de organização, aquele tênis... Eu tentava, desesperadamente, encontrar algum motivo que justificasse a minha presença alí.

A grade de matérias lá do curso mudou. Em vez de espanhol, estudaremos inglês. Por mais simples que pareça, recebi a notícia com impacto. Meu Deus, eu havia me planejado e, de repente, novamente, tudo foi por água abaixo. Igualmente àquelas enchentes relâmpagos que acontecem com as fortes chuvas do Rio de Janeiro, que de uma hora para outra, levam barrancos, famílias e histórias. Eu me sinto assim às vezes. Com vontade de desistir de tudo e deixar que tudo seja levado ou lavado pelas minhas enchentes mentais. Mas eu preciso tentar aprender a viver sem fazer planos. Que nem aquele tênis, que não tinha plano nenhum, sequer tentou roubar os meus e estava alí, sem nenhum questionamento. Apenas feliz.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Ataúde

(Musicada pela Blush, eis a versão original):

Guarde todos os segredos
Minhas paixões e medos
Esqueça os amados
E todos os momentos armados

Os acontecimentos
Tão inconscientes
Que marcam uns aos outros
Tão inocentemente

E as flores
E as flores
Tão coloridas,
Tão infinitas e momentâneas

Vão-se
Que nem vão-se os sonhos
Que nem vão-se os deuses
Que nem vão-se os destinos

E uma história
De gente ingrata
De gente contente
E de quem não conhece a gente

E uma versão
(Aversão)
De quem finge que entende

Vão-se,
Vão-se, tão somente

Enjoa, Enjoa
Enjoa com a língua nos dentes
E vomita, vomita
Transforma-se num ser que chamais amaria

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Sejam bem-vindos!

Mais uma vez. Eu aqui nessa tentativa de voltar ao mundo blogueiro. Há muito tempo eu sabia bem o que era isso, hoje já não sei se sei. E nem sei se quero mesmo voltar a saber. Eu ainda lembro os motivos que me levaram a dar fim nas minhas publicações ‘internéticas’. Mas eu sou teimosa, até comigo mesma.

Por um lado, eu sinto que vou me arrepender. Por outro, eu lembro que gosto de ousadia.

Hoje resolvi dá trela pra minha vontadezinha de voltar a ser blogueira. Não sei quanto tempo isso aqui vai durar. Sei que posso prometer uma coisa, e em poucos dias, levar isso aqui pra um caminho totalmente diferente do planejado. Mas acho que deverá ter alguma utilidade. Caso contrário, terminará como os outros: perdidos em algum lugar nessa bola de neve virtual.

Vou publicar aqui poesias, letras que escrevo pra minha banda, algumas matérias, textos antigos e atuais. Escritos do meu caderno de cabeceira e frases soltas, perdidas em algumas gavetas. Editarei ‘posts’ dos meus antigos blogs e flogs. Sem ordem cronológica. De forma aleatória. Tudo de minha autoria. De criança, de adulta, de velha. Portanto, não adianta tentar relacionar algo com o meu presente.

Não sei se já começo. Ou se já comecei. É, acho que já. Ai, merda!