sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Teorias de Viver

Abri os olhos e vi o tchau que não dei e o adeus que passou a existir só em planos. Foi como um reflexo. Daqueles momentos em que acontecem várias coisas em apenas alguns segundos e a gente age sem pensar. Eu sinto que tive tempo pra isso. Até ensaiei – em mente – o balanço da minha mão no ar. Mas ficou tarde antes que eu decidisse. Percebi as promoções que viram liquidações. É tudo uma questão de tempo. As luzes amarelas chamavam a minha atenção pruma ligação que não veio e fingir não esperar. Passei pela banca de revistas e comecei a refletir, porque achar familiar não significa conhecer ou desconhecer, é apenas achar familiar. Pensando nisso, vi dois anjos se beijando no banco da praça, em frente às águas que são jorradas para o nada, mas que vão para algum lugar – o mesmo. Eu pisava em pedras diferentes. O desconforto era igual, mas eu podia distingui-las pela cor, somente por isso. ‘Juntem-se aos seus semelhantes’, me avisavam, mas eu discordava. Eu nunca me senti refletida. Os espelhos que escolhi ficam pequenos depressa. Dependendo como for, a luz incomoda e nos faz fechar os olhos. Por mais que os dedos apontem prum rumo que eu não vou olhar, há um sentido, um sentimento, um motivo, um lugar.


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Falando em teorias de viver, lembrei de uma música:

"Não vou saber dizer o que há. Não vou poder jamais explicar os dias em que pensei ter respostas para tudo, fingindo ser forte e negar qeu nem sei se quero saber se amanhã vai ser igual (ou não). Porque me assusta tanto não ter histórias pra te ouvir contar. Quão mais tentei saber e falar, mais tropecei em minha língua. Esperas que eu seja forte atrás deste escudo que nunca me deixou enxergar. Porque me assusta tanto não ter ninguém pra poder abraçar. Teorias de viver não me deixaram rumos, e agora eu estou parado. As pessoas vão e vem e é tudo tão confuso (...) Eu juro, eu tentei correr, mas acho que foi tarde demais. Agora quem vai se importar? Meus dois braços não vão bastar... " (Dance Of Days - Caulfield)


Apresento a vocês, sem medo e sem pudor, uma das minhas bandas preferidas. =)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Parece mentira

Entrei no jogo da verdade. Que mal tem? Brinquei um pouco. Mais cedo, comi tanto chocolate que nem prestei. Colocar a culpa na tpm nunca foi do meu agrado. E dizer que é falta de tempo é a mentira mais infantil que já vi – e nem tenho mais motivos para me utilizar de mentiras infantis – graças ao meu cansaço físico e mental.

Apesar disso, depois que apaguei as luzes, ainda tive disponibilidade para estudar. Na verdade, o que fiz foi mexer nos meus arquivos de faculdade, rondando aquelas xérox antigas, separando algumas na ilusão de que leria no dia seguinte, no caminho de casa para o trabalho. [Mas nesse trajeto, eu tenho preferido colocar as mãos no banco, fechar os olhos e lembrar...] Ainda tive coragem de folhear os álbuns de fotografia lá do fundo do armário empoeirado. A saudade é de mandar revelar um filme e organizar as fotos na ordem em que elas foram tiradas – mania, mania.

Apesar de ter dormido pouco, perdi a conta de quantas vezes tive que tirar os óculos para enxugar os olhos de tanto rir. Em determinada ocasião, quase me ajoelho e vou ao banheiro me arrastando no chão para não fazer xixi nas calças. É, é só eu achar graça - de verdade - que, se não me concentrar, eu me mijo todinha.

E nem acho constrangedor falar disso, afinal, o que isso significa para alguém já teve que voltar para casa – depois do colégio – com a roupa toda molhada de xixi? Eu até pedia para pararem com a palhaçada... mas ninguém entendia o que eu falava! Para variar né, eu sei que ninguém entende o que eu falo, as pessoas simplesmente deduzem. (Eu sei, eu sei).

E deduzir me lembra dedo. Que rima com medo. Que parece com enredo. E sobre enredo eu falava ontem. De contos que eu nunca tentei contar. Um dia desses, até sonhei com um, mas depositei mais força nos olhos para mantê-los fechados e não levantar da cama. “Sabe o que é? É que eu quero que eu entenda que: se voltei a ter blog, não significa que preciso voltar a acordar de madrugada para escrever... Não Giselle, você não irá rearmar essa guerra civil das mentes, das palavras, dos silêncios... Não. Não. Não”.

E durma bem.
=)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Eu até queria...

Olha o que eu li hoje:

"Se você perder a capacidade de rir, perderá a de pensar". (Clarence Darrow)

Eu
até
queria
conseguir
entender
e
ter
algum
[des]
controle
...

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ou isto ou aquilo*

Já entendi. Todo ano me aparece uma situação em que preciso tomar uma decisão. A lembrança mais antiga de uma decisão que me fez pensar feito uma condenada foi quando precisei escolher entre o time de basquete e o grupo de dança. Não foi nada fácil. Escolhi o grupo de dança. E nem me arrependi.
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Depois veio a época do vestibular. Muito fácil. Fui por eliminatória, assim como a gente faz com as questões de prova. Passaram alguns meses e eu precisei escolher entre o Iesacre e a Ufac. Passei na Ufac, mas ganhei bolsa no Iesacre. Pensei. Pensei. Pensei. Planejei. Planejei. Planejei. E decidi. Fui pra ufaclândia.
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Comecei um estágio que não estava nos meus planos praquela época. Mas foi bom. Me encantei com a profissão. Coisa que nenhuma faculdade tinha feito até então. Depois, tive que optar entre os jornais diários (estagiava em dois) e a assessoria de imprensa de fundação cultural. Também foi complicado. Afinal, eu queria ser jornalista, e não via muito jornalismo em assessoria. Por outro lado, trabalhar numa fundação cultural já tinha feito parte dos meus planos para o futuro (isso quando eu tinha uns 15 anos). Saí da redação.
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Mudou tudo. Pudera, eu não passava mais a noite inteira lendo blogs ou textos do Paulo Coelho (acho isso meio engraçado), ou escrevendo coisas sobre a vida, respondendo cartas e descobrindo bandas de Punk/Hc do interior.

Mudei a alimentação. A rotina. Troquei os livros, os filmes, as músicas. Mudei de banda. Abandonei o curso de inglês e mudei de planos. Ganhei novos objetivos, novas vontades, sonhos e desejos. Fiz um outro blog. Ganhei um prêmio acadêmico, um novo e-mail e uma manchete de jornal (tem um duplo sentido aqui mas eu não vou corrigir pq não quero), e novos amigos (Além de novos vícios e novas manias).

- Será possível a gente mudar de signo? Estou me sentido uma geminiana nada gêmea.

Hoje eu preciso tomar uma outra decisão. Ontem me senti uma novela: “Olha, é difícil ein? Eu não queria tá no teu lugar não. Mas, quando tu decidir, me fala? Eu quero saber...” Sim, tudo bem, eu não teria como esconder o final dessa história...

Virou até conversa em mesa de pizzaria: uns no chope, outros no vinho e eu só na rinite, gastando um tempão pra decidir se pedia um sorvete e depois mais um tempão pra escolher o sabor...
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Já vai ser a minha segunda grande decisão em 2007 (a primeira, eu os deixo na suspeita). Às vezes, tenho a sensação que complico as coisas. Outras, acho que não sou eu quem faz isso. Antes eu me perguntava: “Como é que os pensadores vivem? Como eles ganham dinheiro? Como será a rotina de trabalho?”.

Seja lá como for, hoje eu sei que não é tão fácil como me parecia ser. Ás vezes, eu sinto vontade de parar tudo pra apenas olhar pro nada e ficar pensando. Lembrando e imaginando. Outras, eu queria apenas me concentrar num texto qualquer.
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Não sei se digo que quero voltar a ser criança. Várias – várias mesmo – coisas que eu disse que queria aconteceram. E eu me sinto feliz por isso. Me sinto privilegiada e sortuda por ter a oportunidade de tomar as decisões que tomo. Mas... sabe como é né... é difícil e nós nunca estamos satisfeitos. E eu não queria me reforçar ainda mais isso, que tomar decisões é difícil.
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As pessoas elogiam as outras que são determinadas e decididas e objetivas e não sei o que mais lá... Eu não sou nem um tercinho disso. Agora pouco, eu estava me perguntando de onde vem a dúvida? Quero saber a sua fonte, a torneira que a jorra preu ir lá e tomar uma providência. Será que alguém pode me ajudar?

*referente a um poema da Cecília.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Dedos bicolores

Me sinto simples. Falando palavrões e assoviando pros cachorros. As unhas em tonalidades rosa dançam como botões entre miçangas encoleiradas. As cores mais claras realçaram o que antes parecia sujo – nem era, nem deixou de ser. Um dia desses, desconfiei de onde poderia vi a suspeita de minha graça. Eu ri junto. Quando me deixei levar, me senti passando dos limites. Então, veio o sono e eu resolvi dormi. Amanhã é novo dia, pois.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Praça de brincar

Naquele mesmo lugar onde uma criança brincava, há algum tempo, outra morria. As emoções poderiam se confundir entre o medo e a felicidade. Eu poderia optar até pela raiva. Mas raiva é forte demais e inútil também.

Ali próximo, um rei de papelão anunciava a promoção do dia. Um pai ensinava um filho a andar de skate. Lá dentro, uma moça escovava os cabelos cor-de-mel. O medo e a felicidade preferiram a tristeza. Os tiros que eu nunca ouvi me impediram de brincar ali. Era uma tristeza inútil, enfim.

Hanram ...

Numa tarde passada, divaguei entre presente, passado, passado de antigamente, e presente que parece passado, no caminho até minha casa, atravessando uma pracinha, num bairro quase 100% comercial, onde não faltam bares, restaurantes, farmácias, lojas de materiais de construção ou salões de beleza.

Em vez de brincar naquela praça – quase ofuscada por um clima aparentemente “centro da cidade” – eu tive que me contentar com a garagem de casa, onde hoje, só há espaço para carros e para mais nada. Só pra lembrança do dia em que ganhei minha primeira bicicleta. E toda a tarde eu andava por ali. Pelo piso cor de marfim, lacrado pelo portão eletrônico, de ferro.

Na garagem que me parecia enorme - dentro do meu limite - eu ainda tinha a disposição de apostar corrida com o ônibus, que para logo aqui.

Pois é...

E às vezes eu me sinto tão velha. E quanto mais eu tento fugir disso, mais velha me sinto. Não no sentido obsoleto para qual palavra costuma nos levar. Mas no sentido de que “já deu sabe? Já tá bom, então, dá licença e me deixa curtir a minha terceira idade”. '
ha.ha.ha.