quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Grito Rock

escrito por Janu Schwab, no Coletivo Catraia.

A Blush Azul está de malas prontas. Além de roupas, sapatos, maquiagem, óculos, prendedores de cabelos e instrumentos musicais, a banda das meninas e do menino leva na bagagem um nervosismo de quem vai explorar território desconhecido. Depois de participar da edição acreana do Festival Grito Rock Acre, dia 31 de janeiro, a Blush vai pôr o pé na estrada para se apresentar em outra cidade que também promove o festival: Cuiabá, no Mato Grosso. Intencionada a fazer bonito lá fora, a banda passou a ensaiar quatro vezes por semana, preparar novos arranjos para músicas engavetadas, combinar detalhes e roer as unhas contando os dias.

Embora seja de praxe querer superar o nervosismo de subir em palcos alheios, fazer novos amigos e alçar longos vôos, a Blush Azul - e das bandas acreanas que tocam nas outras edições do Grito Rock – percebeu a enorme responsabilidade que carregam: divulgar o Acre e sua novíssima cena cultural independente. “Acho que a realização pessoal está incluída principalmente em ser reconhecido como participante de uma força de trabalho. Nossa música é só uma parte desse trabalho.”, diz Kaline Rossi, baterista e fundadora da banda.

A vocalista Irlla, do alto de seus sapatos zebrados, diz que está ansiosa para ir e para voltar: “É gratificante poder voltar para casa depois de uma mini-turnê, todo mundo fica esperando novidades nossas, querendo saber como foi, como são as cidades, o público, tudo. Voltamos sempre mais animadas”, diz ela sem incluir na frase Victor, o menino da banda. “Ai, desculpa, é força do hábito... Voltamos mais animados, mais animados”, ri.

Enquanto se prepara para a viagem, além de ensaiar muito, a Blush Azul afia novas idéias que serão apresentadas com exclusividade para os públicos de Cuiabá e Vilhena. “É realmente como desbravar um território desconhecido”, inicia Kaline, enquanto inclui mais um item na sua imensa lista de coisas a levar nas malas. “Nesses festivais o público é sempre maior, assim como a diversidade de gostos musicais.”

Além da chance de cativar o público, as meninas – e o menino -, vão trocar experiências com outros músicos independentes, vindos de todos os cantos do país. “Bandas muito boas vão dividir os palcos com a gente. Vai ser muito legal estar no meio desse pessoal que faz música como nós.”, completa Kaline, enquanto tenta fechar pela terceira vez sua mala abarrotada de roupas.

As meninas e o menino

A Blush Azul seria uma banda de meninas, se não fosse pelo detalhe que se posiciona do lado esquerdo do palco, com os pés em cima de pedaleiras, chamado Victor. É dele a guitarra que duela com o baixo de Giselle e a bateria de Kaline, dá o tom e o peso das músicas e ajuda a desfalcar o Clube da Luluzinha da Maquiagem Azul. O guitarrista, que entrou na Blush empunhando o contra-baixo elétrico, é o bendito fruto entre as mulheres que usam maquiagem e empunham instrumentos como sinal de talento e beleza.

Quase como um estranho no ninho, o cara garante que ser homem não atrapalha em nada a harmonia da banda. “Ele é como nosso irmão.”, diz a baterista, sem saber dizer se o rapaz é o irmão mais velho ou o caçula. “Até agora ele tem sido o caçula”, brinca Irlla. “O Victor pode até fazer a maioria das músicas, mas a gente é quem manda.”, completa Kaline. Victor apenas ri. No lugar dele, qualquer cara também riria.


Fotos: Renato Reis.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Sustos da madrugada

Cá estou eu, numa madrugada de sábado, vendo algumas coisinhas do meu brinquedinho aqui – popularmente chamado de blog – quando descubro que recebi algumas visitinhas através do site Digestivo Cultural. Um site que achei não sei como – ah, na verdade, foi com essas navegações por este mundano mar virtual – e acabei lincando aqui – ali ao lado, no menu “Quando dá, eu leio”. E quando dava, eu lia.

E o fato é que eu nunca comentei nem enviei nada pra lá, portanto, “como é que esses visitantes entraram no meu blog por meio daquele site??”. E tem mais, os leitores que vieram de lá, foram os que passaram mais tempo lendo essas palavras avulsas que eu jogo aqui. Bom, fui lá tentar desvendar isso.

Até que eu li, na página inicial, numa lista com vários outros títulos, o humilde e discreto “Crenças e contradições”. "Epa, peraí, tenho um post com esse nome!" Cliquei, já quase totalmente horrorizada – "meu deus, o que será isso???" E o que é que abre então? O meu texto postado lá!


Sim, mas e daí?

Num sei. Eu fiquei feliz. O que mais poderia ser? Achei o site muitíssimo interessante e o visito com freqüência, inclusive, já salvei vários artigos lá publicados – é que eu vou catando tudo mesmo, seja pra ler depois, ou reler ou apenas ter guardado aqui no meu pc, como uma biblioteca virtual, entende? Até que um dia, eu encontro – por acaso – um texto meu lá!

Meu Deus! Que Husto!

E aí eu fiquei me perguntando (eu não me suporto por conta disso, eu num paro de me perguntar as coisas, ô menina chata, tagarela!): e agora, o que eu faço?

Um post sobre isso, ué!

=)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

aquelas coisas

E quem é que não sabe, que o quase nem é tudo;
que a incerteza não é sólida e ausência nem é solidão.
Que mingúem as luas e confundam as constelações.
Meu céu tem cá suas cores quaternárias.
É apenas uma questão se sensação.
dum inventário qualquer.
ou besteiras da minha imaginação.



Foto: na saída do trabalho - Parque Capitão Ciríaco

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Eu gosto de reduzir-me.

"É que ainda sou estudante da vida que quero levar". Vou indo de rabo de cavalo no cabelo. E se eu pudesse escolher, até aqui, eu não faria tudo não. Não teria me atrevido tão cedo e deixaria para decidir mais tarde.

Sim sim, passaria ferro no cetim da adolescência, sem medo de queimar. Seria até mais fácil compreender o que todo mundo compreende. Falando outra língua, esquecendo a da criança que eu nem conheci. Afinal, onde está ‘o museu de grandes novidades’? Na verdade, eu não quero nem saber.

Eu digo ‘obrigado’, porque quero mesmo agradecer. Chamar de amor da minha vida. Dar [receber] beijo na testa. Pegar pela mão. E levar embora. Meu sotaque, enfim, eu não percebo.

Nunca avisei que rosas não limpam o chão porque é o tipo de coisa que, ao meu ver, todos sabem, mas, apenas deveriam saber. Mas eu não quero condenar a ninguém. Não levo jeito pra isso. Portanto, não me contem, eu não quero saber. Não é autoritarismo, não tem nada de extremo e exagero nisso. Não é que eu queira fingir. É que não interessa.

Eu lembro dos toques do piano. No sofá, eu só observava. Não havia ninguém cantando. Mas eu sabia muito bem como era aquela letra. E gostava. Ainda tentei algumas notas até conquistar o insucesso e beirar a impaciência [desisti, portanto, pro bem nosso].

Vou ficar ausente. Como ficou o som. Ainda levarei os brincos e anéis. Toda a papelada também. Levo ainda, a tentativa de entender. Sem nenhuma frustração. Eu disse: nenhuma.

Trocar de portas e maçanetas. Elas podem ser decisivas na estética dum filme. Parece banal. Mas, se fosse do meu interesse, eu repararia. Claro que não é. Mas nem por isso é menos importante.

Eu gosto de reduzir-me.

sábado, 19 de janeiro de 2008

As manchetes deste sábado*

A Tribuna: Índia é a primeira vítima fatal das cheias no Juruá

Página 20:
OAB pede informações à Aleac sobre expedição Juruá

O Rio Branco:
Governador Binho decreta emergência em dois municípios

A Gazeta:
Ufac divulga lista com nome dos aprovados no vestibular/2008



*inspirado mesmo no blog do josias.

argh.

E eu estou de férias (do trabalho, diga-se de passagem, porque Ufac e férias são antônimos). E chove. E eu ainda não consegui tirar a carteira de motorista. E chove. E eu odeio pedir carona ou carregar um guarda-chuva. Não há nada de errado nisso, eu gosto mesmo de andar na chuva. Até voltei a usar tênis. Pena que já não fazem mais Allstar como antigamente. (Eu queria um branco, todo branco, só branco, mas quem disse que ainda existe? Tudo bem, acho que vou me contentar com um azul escuro). O detalhe é que eu preciso carregar uns livros. É que finalmente, fechei o tema do meu TCC (sim, no meu curso é possível fazer um TCC no lugar da monografia). Eu tinha idéias diferentes todos os dias, mas nada me satisfazia por completo. Mas agora eu me achei. Tô empolgadíssima. Mesmo lembrando que, de acordo com os meus cálculos, vou ter que ler uma média de 40 livros. Isso mesmo, QUARENTA! Mas ando feliz. Mesmo com umas dores horríveis no estômago por conta da gastrite. Também comecei a fazer fisioterapia. A doutora disse que eu tenho uma escoliose "bunita" e que, seu nao me cuidar, estarei com os meus dias de jornalista contados! Ela é louca? É claro que eu já tô me cuidando. Eu sei que jornalista morre cedo, mas eu quero pelo menos cobrir uma guerra! (Que não seja a da Bolívia, claro!). A "Men's Health" começou a chegar. É, fiz a assinatura (de três anos) de uma revista masculina. Aliás, só um detalhe: também assino a Aventuras na História, a Superinteressante, a Imprensa e a Veja também chega aqui. E hoje, num passeio até o aeroporto, comprei a DOM (de outro modo), revista para Gays. Lembram que a gente deve ler de tudo? Poisé. Muito interessante. Eu até tento me enganar, fingindo que tenho tempo pra ler isso tudo de revista. Além das leituras do trabalho e da faculdade. Ainda mais agora com os meus planos pro TCC. E hoje, agora pouco, a minha pedaleira queimou. A história é longa. Mas eu fiquei triste. Afinal, em menos de um mês embarcaremos numa turnezinha nos Gritos Rocks da vida. Aiai. E agora José? É preciso ensaiar, correr atrás das passagens e das burocracias da viagem, e agora resolver a questão da pedaleira. E hoje começa o Festac. E pretendo ir pelo menos na metade dos espetáculos. Também tenho vontade de tomar banho de piscina. Além de chorar da frente da Tv assistindo a uns filmezinhos romanticozinhos bonitinhos. E a história do iate? E por que que eu não consigo mais achar óculos escuros do meu agrado? E quem é alérgico a ovo não pode tomar a vacina contra a febre amarela (é o que diz o Folha de São Paulo de quarta-feira). E chove, e chove...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

[diário] - (in)satisfação*

dos assuntos que fazem o coração andar em passos curtos e querer parar - os medos rotineiros, os atos de viver e as respostas previsíveis

Não faço interrogatórios. As respostas eu procuro e encontro nos meus dedos. É fuga mesmo. É receio mesmo. É o meu ato de viver. E a opção é, simplesmente, não se importar. Inventar miopia. Listar os apegos; as satisfações pessoais e permanecer. Sonhar, ter objetivos e buscar. Mesmo que egoistamente. Mesmo que individualmente. Mesmo que independentemente. Depois disso, tornar-se invisível, virar pó. Pois nada mais teria/tem/terá sentido. E eu não tenho medo do desperdício. Acredito mesmo na infinitude do amor. Comum ou incomum. Que acabam, que recomeçam. Como nos poemas, crônicas e cafés. Busco-me. Perco-me. E me acho nos dedos, dúvidas e contradições. É como viver uma vida desigual, paralela. É como desistir da crença e honrar o abandono.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Enfim!

Que venham, finalmente, as minhas férias.
As primeiras.
E os planos, dos muitos.



Cansei do barulho das fichas. Acho que vou mandar trocar as cores das paredes.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Eu [conto] feliz ou apenas alguns [des] contos

*com os olhos espelhados nos teus
É fácil.
Gostar-te.
Apaixonar-te.
Querer-te.


E eu que sempre me utilizei dos pincéis mais finos para colorir os detalhes dessa obra de arte da vida. Não. Não quero mais os pincéis discretos. Não quero mais pintar sombras, bordas ou contornos. Cores quentes não servem pra isso. Demorei, mas descobri. Deve ser isso que importa, não é? Suspeito que sim. Apesar deu há tempos desconfiar das minhas suspeitas. Certa vez, tive que consultar uma amiga sobre intuição feminina – “é que na minha eu não acredito mais”, eu disse. Mas a gente nunca desiste, e sempre acaba acreditando. E uma hora dá certo. Pra quem sempre acredita em tudo – mesmo dizendo que não. Pra quem sempre confia em tudo – mesmo dizendo que não. Pra quem sempre quer tudo – mesmo dizendo que não. Pra quem sempre planeja e lista de tudo – mesmo dizendo que não. Um deslize ou outro, já não faz diferença. Deixo a experiência pros mais chatos. Afinal, tem coisa mais chata do que as historinhas repetidas? É, é isso que eu chamo de ‘experiência’. Riscos são coisas pros pincéis finos e discretos que eu cansei de manusear. Êta maluquice! Hahaha. Eu sei é que me divirto. Mas vamos, pincéis maiores, agora eu quero os traços decisivos pra essa pintura. Se eu cansar, ainda tenho os dedos das mãos e dos pés... se não funcionar, é só jogar a tinta pra cima. Sim, sim, isso eu sei: que pode sujar tudo e colocar tudo a perder... Mas as sombras, as bordas e os contornos já estão lá pra quê?

Desculpe, eu não quis ser chata...
(eu sempre acabo sendo, inevitavelmente...)
É que tudo é tão simples...
Ao estar-te.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

crenças e contradições

Por que a gente nunca fica feliz por completo? Queria entender. Saber explicar. E tentar mudar. É que uma hora eu quero. Quero muito. Mas, logo em seguida, não quero mais. E isso é chato, meio complicado. Porque eu nunca sei direito o que eu quero e o que eu não quero. Então, a minha vontade é ficar parada. Sem querer e não-querer nada. Mas é até meio sem graça isso. E é nessas horas em que eu passo a achar tudo assim. Ao contrário de ontem. Onde a graça era maior que todos os maiores possíveis de se existir nesse universo que a gente conhece e no que a gente desconhece também. É uma inconstância que me trás umas dores, uns sentimentos que eu queria encarar como banais. Queria fechar os olhos e fingir não enxergá-los. Mas não há empecilho que os contenha. Eles não têm a dureza da minha pouca força. Da minha forçada determinação para mudanças. Eu preciso esquecer. Preciso lembrar. Preciso correr. Preciso ter calma. Quero um abraço. Quero abraçar. Queria me odiar um pouquinho menos. Porque eu me odeio, muito, muito, muito. Porque eu não aceito as minhas perdas e nem acredito nas minhas conquistas. Como pode alguém ser feliz assim? O pior, é que eu tenho a consciência plena. De tudo, ou quase tudo. De bastante coisa. Sabe o que eu faço pra mudar? Nada! Nadinha. Nada-nada-nada. E então eu me odeio mais ainda. Com as forças que tenho e com as que não tenho. Parece até que eu me realizo ao saborear esse gosto. Mas não é. E isso me faz odiar-me ainda mais. As minhas aparências para mim mesma. As minhas dúvidas de mim mesma. As minhas suspeitas de mim mesma. Oh, Giselle, filha querida, a única certeza é essa: a existência desse sentimentozinho mentolado.

Voltando ao tempo sem passado. Quando o presente volta a ser eterno e a caber nas caixinhas de sapato.

E feliz 2008! (só pra não dizer que não falei das flores. Na verdade, falarei sim. Mas falarei depois. Não agora).