domingo, 15 de março de 2009

Dama da Noite


eu mantenho a distância, e você?!


Às 9horas da noite ela começa a brotar; à meia-noite está totalmente aberta; por volta das 3h da madrugada está completamente murcha (morta para todo o sempre). Assim é a tal da Dama da Noite. E como eu sou uma garotinha de sorte, tem uma dessas aqui em casa. E pra minha sorte de novo, ela fica bem na janela da cozinha, quase entrando. E pra minha sorte ainda, ela fica bem em frente à cadeira que eu sento à mesa. Oh, céus!

Preciso dizer que essa flor me causa certo desconforto? Uma estranha sensação de terror? Sendo mais direta: eu morro de medo dela, e quando a vejo se abrindo, pensamentos negativos invadem a minha cabeça descontroladamente ao mesmo tempo que uma tristeza aguda alfineta o coração. Eu sei que ela não vai sair correndo atrás de mim, chupar o meu sangue, me estuprar e depois me estrangular e comer o meu intestino frito... Eu sei, eu sei. Mas tem coisa mais estranha, medonha, esquisita, sinistra do que uma flor assim?

Dama da Noite já murcha. Inofensiva? Ahhh, à mim ela não engana!

E tem mais: ela tem um cheiro fortíssimo. Quando eu chego em casa meio tarde da noite, sinto o cheiro dela de longe. Vocês podem até dizer: “Mas que menina mais insensível!” Só que não é bem por aí, ao saber que aquela flor que está brotando já tem hora para morrer e não vai nem ver a luz do sol, a sensibilidade aqui fica literalmente à flor da pele. Aliás, uma flor que brota uma única vez na vida, à meia-noite, e dura cerca de seis horas não deveria nem ser chamada de flor. Pra mim, flor tem que ser daquelas que brotam em determinada época do ano, na primavera de preferência, são pequenas e coloridas, duram algumas semanas, dão fruto e caem deixando um lindo tapete de pétalas no chão, simples assim.

Florzinha do Parque Capitão Ciríaco. Beleza e simplicidade, será que é tão difícil?

A Dama da Noite é branca, enorme – quase do tamanho da minha cabeça, e nem fruto dá. Eu devo ter sim algum trauma de infância em relação a esses seres vivos. Ora, na escola me diziam que as árvores choravam à noite por causa dos maus tratos do homem. A casa da minha avó é bem arborizada e ela conversa com as plantas todas as manhãs. Minha mãe diz que as plantas só nascem em casas que têm carinho para oferecer e sempre culpava meu pai pelo fato de as plantas que ela tentava plantar nunca darem certo, porque pelo meu pai todo o verde seria exterminado do planeta. Mas aí ela conseguiu reverter a história e aqui em casa já tem planta pra todo lado, inclusive essa Dama da Noite.

Com a natureza não se brinca... (eu e o Igor, no Parque Zoobotânico da Ufac).

Mas bem, voltando à casa da minha avó: certa vez, quando criança pequena, eu estava lá e tinha uma mangueira jorrando água. Então, eu inocentemente peguei a mangueira e fui regar a multidão de planta que tem lá, num ato de carinho. Uma delas tem uma folha enorme, na época do meu tamanho, e sabe-se lá o que acontecia que quando eu jogava água nela ela se movimentava como se fugisse do banho. Devia ser o ângulo formado entre eu, ela e a mangueira, sei lá, só sei que ela não molhava e fazia um movimento como se fosse um “não” com a cabeça... Rapaz, o mundo parou por um segundo e em seguida eu larguei a mangueira e abarquei numa carreira dali para nunca mais chegar perto de planta.

Gostar de planta eu gosto. Aliás, adoro verde, adoro a natureza... Mas, por favor, os tipos tradicionais, nada muito exótico. Ok? E na verdade, eu também fico com peninha da moça que trabalha aqui em casa, porque ela gosta muito de plantas e ajuda a minha mãe nos cuidados. Mas nunca tem a chance de ver a Dama da Noite, quando ela chega de manhã e vê a flor lá murcha, passa o dia se lamentando “poxa vida, eu só vejo ela assim...” Sorte a dela...

domingo, 8 de março de 2009

descobertas

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[de] Maria Clara
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as mãos

a água

a preguiça

o mamão


*e eu desvendando o meu novo brinquedinho de bater foto! xD