segunda-feira, 28 de junho de 2010

teatro dos perdões

O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance

Enquanto houver amor, amor, haverá vida. E eu estarei a te esperar. Há dias que eu coloco o som alto para não ouvir meus pensamentos. Meus auto-insultos e auto-reprovações. Porque, você sabe, eu me odeio. Vejo todo um mosaico de pequenas mentirinhas. Mas quando há você, há algo de verdade, algo de sonho que é realidade. Algo que motiva e impulsiona. Quero o Benjamin, o Bento e o Dante. O João, quem sabe. A Naima não me cativou. Mas por você, amor, tudo é cativo. Tudo é ordem e motivo. Mudou minhas leis, os giros do meu mundo (que estava quase parando, como num Eclipse). Me ouviu. Me olha com amor. Eu acredito e sempre acreditarei. Não há nada e nem ninguém de amor tão singelo, tanto, que deixa escolher e ser um ser assim tão... (de textos incompletos e meio alheios ao que é ou não de interior)


Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...


E eu escolho ser uma mulher do meu tempo. Uma mulher que tem a idade que tem. De uns vinte e poucos anos. De umas infantilidades sem nome exato. Umas incertezas incertas. E uns sonhos abstratos. Às vezes, desejo que maturidade viesse numa embalagem plástica, que a gente comprasse na farmácia da esquina, como compra Neosaldina (minha grande companheira de guerra). E tomaria, sim, doses extras para entender que maturidade é, apenas, ver que as coisas não precisam ser tão perfeitas. Elas são o que são. E é só isso o que precisam ser. “O mundo é feito para os que não pensam. Os inteligentes só se ferram”.

Não sou perfeito...
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber

Mas eu serei uma mulher do meu tempo. Da idade que tem. Nem madura, nem infantil. Nem démodé, contemporânea ou pós-moderna. Apenas uma mulher que acredita na certeza do amor eterno. E assume riscos. Eu assumo os riscos. E sou uma mulher realizada: fui à África, não fiz um passeio de balão, não nadei por entre tubarões brancos nem vi manada de elefantes bebendo água. Mas sou uma mulher realizada. E isso se deve às minhas crenças. Às chances acumuladas que me dou para (não) errar. Amo porque posso e sou capaz. O alvo e a artilharia já estão entregues. Mas, nin-guém-con-se-gue-per-ce-ber...

E de pensar nisso tudo
Eu, homem feito
Tive medo
E não consegui dormir...

*Em destaque trechos de Teatro dos Vampiros - Renato Russo

terça-feira, 1 de junho de 2010

Havia você e o rio

Querem saber / Como é estar aqui / Lembrar e esquecer / Como sobrevivi
Querem saber Se já me sinto bem / Eu digo: melhor...
(Me explica)


Fale-me de Sabino e Pessoa, enquanto me embriago de saudade. “Amava os circos, os palhaços e as prostitutas, os bêbados, os mendigos e os poetas”. Eu também os amo. Todos. E preciso, a cada dia, de uma dose de arte da rua. Daquela que se vende em cada esquina e própria para o consumo imediato. Fale-me de Sabino e Pessoa, enquanto eu construo casos e descasos e projeto outros contos (de bruxas e fadas). E tudo entra num ritmo singelo de viver. Vou num leilão, ainda não na missa. O pedido ainda não foi atendido. A promessa fica pra depois. Eu me embriago de falta de espaço, do show que esgota o ingresso, do filme que já saiu de cartaz. Corre. Anda. Pensa menos. (Descubro outros prazeres de quando a mente fica em silêncio). Fale-me de Sabino e Pessoa. Drummond, às vezes, pode ser. Lispector está um tanto distante (ainda bem), Veríssimo, nunca mais. As mandalas passeiam por entre outras mãos, e por outros dedos, ganham outros tons (e ritmos). Nunca mais aquele quadro em branco. (Não tenho lápis de cor). Fale-me de Sabino e Pessoa. Daquele que nasceu homem e morreu menino. Daquele anônimo dos heterônimos. Me embriago de paciência. Ubuntu, Windows, das coisas que destoam. Neruda existe. Mas ainda não aqui. Werneck publicou a coletânea de crônicas que se tornaram as minhas preferidas (me mostrou um mundo possível). Ele esteve aqui, dia desses. Não o vi. Devia ao menos agradecer. Devia também, dizer a Galdino, um obrigado por aquela música que povoou alguma ausência. Eu também diria isso a Alanis. (Minha professorinha de inglês). Desculpa, mas às vezes, eu literalmente transbordo nas conversas. Eu olho, mas não escuto. Portanto, fale-me de Sabino e Pessoa (vêm, em anexo, porções de alegrias disfarçadas de doce de leite e algodão). Falando nisso, preciso de mais alface, yoga e ameixas.

na verdade continuo sob a mesma condição / distraindo a verdade, enganando o coração (Antes que seja tarde).