Não sei se é assim mesmo, mas acho que temos algum tipo de memória que está seriamente ligada a cores, cheiros e gostos que a gente vê e sente umas poucas vezes na vida e passa a se lembrar para sempre. Falo isso porque o entardecer que eu passava sozinha lá em casa, quando criança pequena, tinha uma cor que hoje não tem mais. Certa vez eu falava disso com o Handreh e ele me contou que quando acordava havia um cheiro, que hoje também não existe.
E eu pensei nisso hoje porque o frio – todo e qualquer frio – sempre me lembra um gosto que senti uma única vez na vida: o gosto de fondue de chocolate que comi lá na chácara da minha tia. Fazia um frio de arder e o céu tinha cor escura. Lá fora, apenas o balançar das árvores que rechearam um dia de brincadeiras no campinho, e que agora era utensílio para incrementar histórias do Mapinguari (sim, eu ouvia de olhos arregalados e morria de medo mesmo, de verdade, a ponto de jurar ter ouvido coisas durante a noite)*.
Éramos um monte de primos agasalhados em volta de um potinho com um creme de chocolate que permanecia quente por um foguinho em baixo. E aí a gente comia com frutas diversas: morango, banana, maçã, uva. Eu lembro que os morangos acabaram primeiro e que também fizeram um fondue de queijo, mas este era só pros adultos. Eu mesma não queria, era amarelado e sem graça.
Hoje, quando o frio vem, vem também um desejo por chocolate. Meu pai tem o costume de comprar o doce no frio porque ele odeia chocolate derretido, que é como fica nos dias mais quentes. Mas nenhum tem o gosto de fondue que comi num entardecer friorento na chácara da minha tia. Para ser sincera, talvez eu nem lembre que gosto tinha de verdade. Talvez eu lembre mesmo é somente da sensação daquele frio que também não existe mais.
E eu pensei nisso hoje porque o frio – todo e qualquer frio – sempre me lembra um gosto que senti uma única vez na vida: o gosto de fondue de chocolate que comi lá na chácara da minha tia. Fazia um frio de arder e o céu tinha cor escura. Lá fora, apenas o balançar das árvores que rechearam um dia de brincadeiras no campinho, e que agora era utensílio para incrementar histórias do Mapinguari (sim, eu ouvia de olhos arregalados e morria de medo mesmo, de verdade, a ponto de jurar ter ouvido coisas durante a noite)*.
Éramos um monte de primos agasalhados em volta de um potinho com um creme de chocolate que permanecia quente por um foguinho em baixo. E aí a gente comia com frutas diversas: morango, banana, maçã, uva. Eu lembro que os morangos acabaram primeiro e que também fizeram um fondue de queijo, mas este era só pros adultos. Eu mesma não queria, era amarelado e sem graça.
Hoje, quando o frio vem, vem também um desejo por chocolate. Meu pai tem o costume de comprar o doce no frio porque ele odeia chocolate derretido, que é como fica nos dias mais quentes. Mas nenhum tem o gosto de fondue que comi num entardecer friorento na chácara da minha tia. Para ser sincera, talvez eu nem lembre que gosto tinha de verdade. Talvez eu lembre mesmo é somente da sensação daquele frio que também não existe mais.
*E quanto ao Mapinguari, quem contava as histórias era meu tio. E eu lembro bem quando descobri que estava sendo enganada. Mas não foi nada traumático, pelo contrário, só eu sei como fiquei aliviada. Numa certa noite lá na chácara, meu tio, eu e um primo mais novo conversávamos na beira da piscina. Meu tio, já meio sob efeito de umas cervejinhas, contava as histórias e dava uma piscadela para mim e virava o olhar pro meu primo. E aí eu entendi que ele queria que eu concordasse com tudo para assustarmos o então mais novo da turma. Eu saquei o jogo e nem quis fazer parte da brincadeira. Fingi não entender nada. E fim de papo.
9 comentários:
Adoro frio maninha, dia pra se vestir elegantemente,andar meio dia na rua sem suar e comer chocolate com prazer!
Os gatinhos é pra dar um ar de inocência sabe,comer demais, melão, não há nada de mais!
(mãozinha) hahaa
Bjo bjo!
=**
nunca comi...=/
Li agora o texto sobre tua saida da banda. É lindo a forma como tu fala da profissão, da até mais prazer de estudar!
tu ta no caminho certo filha, é mais feliz quem faz o que ama!
=* (bju na testa de boa sorte)
Pois é, "Menina que escreve bem demais". Esses cheiros e gostos e cores perdidos vão pra onde mesmo?
eu adoro o frio,é melancolico, lindo e inspirador!
eu sou da teoria q cada fase da vida tem um cheiro...
ou talvez tenha so um mesmo
assim como o tempo
q so corre de uma unica maneira...
mas q parece correr de formas tão diferentes...
talvez so aja um cheiro
mas a cada momento da vida nós o sentimos diferente
ou simplesmente nao sentimos nada
beijo querida
no acre podia fazer frio uns 3 meses seguidos né?
Dos males o menor, eu costumava enganar a Juju, mas era com o Papai Noel, a fada dos dentes [troquei muita nota de um real por dente de leite] e com o coelhinho da páscoa [todo domingo de páscoa eu me acordava bem cedinho, e começava a fazer as pegadinhas do coelhinho p q ela saisse a caça dos ovinhos]...Ah tempo bom...rsr
Acreana, como sempre, adorei seu texto! :) Me fez lembrar das cores e cheiros da casa da minha avó, em são paulo.
Vc manda muito bem!!
Beijão!!
Sim, manda bem demais mesmo. E olha meu nome ali (ai, tow na Globo!!!).
kkkkkkkkkkkkkkkk
Essa coisa de cheiro é muito estranho mesmo e principalmente nessa época de frio. O gosto do café com leite também é super diferente, sempre fui estranho. Não tomava leite na mamadeira, porque odeio leite puro, tomava café com leite de manhãzinha antes dos desenhos e a noite antes de dormir... acho que tomei até os nove anos, nem tenho certeza. E nunca provei um café com leite tão saboroso quanto aquele que eu tomava na minha mamadeirinha. Não acredito que contei isso, sua feiticeira! kkkkkkkkkkkk
Essa é do gosto e a outra é do cheiro dos dias de frio e da manhã também, cheiros que eu não saberia descrever, mas sei que eram ótimos, cheiro de vida, que hoje são muito diferentes, é isso. Baccios!
o/
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