terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lei de Murphy, eu e minha centrífuga (e um suco super exótico)

Intro.

Era uma linda manhã de domingo quando descobri que Murphy tinha razão, e que o meu distanciamento da cozinha não é por questões ideológicas, políticas, sociais ou feministas. É simplesmente por falta de habilidade, técnica e entendimento de como as coisas lá acontecem. Eu tento e me esforço, até confesso que ter uma aptidão culinária é – assim, meio interno – um desejo particular.

E numa linda manhã de domingo, eu resolvi fazer um supersuco na minha centrífuga nova. É, apesar da minha não intimidade com a cozinha, eu ganhei uma centrífuga. Agora coleciono inúmeras receitas de sucos exóticos. Então, nada melhor do que uma manhã de domingo para se testar uma.

É claro que a maioria das frutas já fica devidamente descascada e guardada dentro da geladeira para que a bunitinha aqui possa utilizar. E naquele dia, enquanto minha mãe cortava a melancia e o abacaxi, eu escolhia a receita que iria fazer. Certamente, a dificuldade já começa aí. Quem me conhece sabe que eu tenho uma destreza incrível em ter dúvidas. É que eu penso em todas as possibilidades e analiso cada uma delas. E isso já me rouba um bom tempo, me tortura, me deixa aflita, me dói.

Nesse meio tempo, minha mãe me deu a notícia de que naquele domingo, iríamos almoçar num rodízio de carne. O que não haveria problema nenhum se na minha atual fase vida, freqüentar rodízios estivesse totalmente fora de cogitação. Decidi não ir. E não tinha problema, afinal, eu aproveitaria a manhã de domingo pra fazer um café-da-manhã caprichado, e se sentisse fome na hora do almoço, poderia fazer algo (aproveitando que estaria sozinha em casa).

Bem, escolhi o suco que levava abacaxi, limão e pêssego. Separei a quantidade. Descasquei o limão e os pêssegos (é claro que estes não estavam cortados). E lá fui eu, toda cheia de si, preparar um supersuco na minha centrífuga. Ah, e antes disso eu tinha visto na revista de receitas de sucos, que a minha centrífuga é uma das mais caras, potentes, práticas. Eu sou mesmo muito chique! Tudo bem que, na verdade, acho que a praticidade não veio junto, ficou na loja. Mas, beleza, já era o suficiente pra eu oferecer um cuidado redobrado eu meu brinquedinho.

Giselle e a cozinha - Parte 1:


1. Colocar o limão
- centrífuga: trhumm.
2. Colocar as duas fatias de abacaxi cortadas em quatro partes
- centrífuga: trhumm.
3. Colocar os dois pêssegos.
- centrífuga: trhumm... tipufundagemaohsboieurfownffapoghf..
(...)

Na hora de colocar os pêssegos, a centrífuga fez um barulho horrendo! Imediatamente minha mãe me perguntou o que havia sido aquilo, eu disse a verdade, ora, foram os pêssegos! - Tu tirou o caroço?, ela me perguntou. - Hãm? Mas que caroço?, eu respondi... Meu pai também foi saber o que tinha sido aquela barulheira. Ah, fala sério, como eu ia adivinhar que pêssego tem caroço?

Giselle e a cozinha parte 2:

É claro que eu fiquei com um peso enorme na consciência por não oferecer à centrífuga – cujo tipo é um dos mais caros - o cuidado necessário. Mas sorte a minha de não trabalhar numa lanchonete e ser assim, uma burguesinha um tanto mimada (rsrsrs). Bom, então o meu suco estava lá na super-jarra separadora de espuma. E eu tive a idéia de colocá-la no congelador enquanto preparava o que ia comer e limpava a centrífuga. Deixei a jarra lá, no meio de mais um monte de coisa, dentro do congelador. Assim, o suco ficaria geladinho. Coloquei uns pãezinhos pra torrar (na minha torradeira super-moderna, tipo aquelas de televisão, que em poucos segundos joga o pão pra cima bem torradinho...) e enquanto isso lavei a centrífuga. A bicha é enorme, tem um monte de peça, e é preciso lavar, secar e guardar imediatamente, porque ocupa um espaço danado na pia. E fiz isso também porque eu sou até um tanto obediente e não gosto de deixar (muita) louça suja na pia.

Tudo ok e eu já toda orgulhosa por ter preparado um super café-da-manhã para uma linda manhã de domingo. As torradinhas prontas, com direito a queijinho e outros temperinhos más. E lá vou eu pegar o meu supersuco de abacaxi, pêssego e limão no congelador, guardado na minha super jarra separadora de espuma, até que... Gente, quando eu abro o congelador... Adivinha o que aconteceu? Putz, dá vontade de chorar só de lembrar... Eu não sei o que houve, a jarra virou e derramou todo o suco. Pior, o suco derramou e sujou toda – TODA – ALL – 100% - a geladeira.

É claro que eu soltei um “PUTAQUEPARIU!, baixinho, óbvio. É que depois da barulheira com a centrífuga, nada mais poderia dar errado em menos de 20 minutos.

Bem, então lá vai eu limpar aquela porquêra. Estava tudo sujo, de cima até embaixo. O suco escorreu na parte de dentro e de fora, até o chão. Sujou, inclusive, aquela bandejinha de ovos que, ironicamente, estava cheia de ovo. Puxa vida, era uma linda manhã de domingo...

No fim das contas, eu não tomei o suco que eu fiz na minha super centrífuga nova. Meu super-café-da-manhã-de-uma-linda-manhã-de-domingo se resumiu em umas torradinhas frias e sem graça, acompanhadas por um suco de laranja de caixinha, temperado com a tristeza de que o almoço iria ser num rodízio e que eu havia decidido e anunciado - na maior empolgação - que ficaria em casa e prepararia minha própria comida.

Ah, a primeira parte eu cumpri conforme o que havia dito – não fui pro rodízio (sim, meu orgulho fala mais alto) Já a segunda parte, bem, umas bolachinhas e mais um pouco do suco de caixinha deram conta do recado.

Oh, vida!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

repensando




Segunda-feira à noite.
Me soa egoísta e solitário esse negócio de autonomia e independência.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Everywhere I go ...




Sexta-feira à noite e The Muffs me parece a melhor opção.
Reviro tudo em busca de um cd velho não identificado.
Encontro algumas poucas canções no meio de tanta coisa já estranha.
...
Dá vontade de fazer pulseirinhas de miçanga.
Mas como eu não sei, opto por arrumar aquela papelada de sempre.

sábado, 18 de outubro de 2008

meu caminho

Vai, que eu te sigo.
É que eu só vou se for com emoção.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Meme

Ok, vou tentar não ser “a chata” pelo menos uma vez e entrar na roda. Já recebi convites como esse outras vezes e dei uma de João-sem-braço e fiquei na minha. Ah, tá bom, eu confesso: não tenho tanta habilidade com isso, mas... vamos lá!

O convite veio da minha amiga que eu morro de saudade e que tem uma creparia (morram de inveja, mas eu sou amiga da dona da única creparia da cidade, urrul!) a Jann.

*Quatro trabalhos que tive em minha vida:

Bem, trabalho eu já tive muito, mas emprego só três, e todos relacionados ao jornalismo: jornal Gabarito, Página 20 e o atual: Assessoria de Comunicação da FGB (Ah, e eu também já consegui uma grana vendendo biscoitos caseiros lá na minha rua... hehehe). E minha carteira de trabalho é branquinha não sei pq. =(

* Quatro lugares em que vivi:
Sempre morei em Rio Branco.

* Quatro Programas de tv que assistia quando criança:
Castelo Ra-tim-bum, O Fantástico Mundo de Bob, BeetleJuice e Carrocel (só programa infantil, ora).

* Quatro programas de tv que assisto:
Eu só assisto o que passa na Tv das 6h50 às 7h20 da manhã. Eu não tenho nada contra, até queria, mas que simplesmente eu não consigo assistir mais que isso =/

* Quatro lugares em que estive e voltaria:
Natal, São Paulo, Manaus e Brasília

* Quatro formas diferente que me chamam:
équis-éle, XL, Giba, Gii.

* Quatro pessoas q te mandam correios quase todos os dias:
O Tio Gil, lá do Rio (me manda uns 20 emails por dia), o meu namorado (:*), a Eurilinda e a Dani (Swásthya Yôga)

* Quatro comidas favoritas:

Pô, só quatro??? Chocolate branco, chocolate preto, chocolate crocante e musse de chocolate. É comida não?? Então tá: Pizza, estrogonofe, peixe assado e macarrão (de preferência um 'iaquissoba').

* Quatro lugares em que gostaria de estar agora:
Numa casa no campo ou numa praia. (qualquer um desses dois tava bom já).

* Quatro coisas que espero que esse ano eu possa:
Rapaz, agora o bixo pegô. Eu quero tanta coisa, mas ao mesmo tempo quase nada. Vamo falar disso não, senão eu entro em crise... hahaha.

* Quatro amigos para responder:
Toma esse pepino pra ti: Irlla Narel, Jujubinha, Arthur e Mvneves.

xP

sábado, 20 de setembro de 2008

sobre o fim

Ponto de vista: ponto do sentir. Ou simplesmente: "quem não tem colírio, usa óculos escuros".

Nossas histórias e casos terminam e recomeçam a cada dia, exatamente assim, diária e cotidianamente. Temos então a oportunidade de mudar os personagens e escolher um outro enredo. Há pessoas que não entendem isso e não percebem que morrer um pouquinho, às vezes, para nascer novamente, é essencial. É quando a gente olha e diz: “eu já vi essa história acontecer uma vez” e resolve abandonar o barco não por covardia, mas simplesmente por entender que já é hora de mudar, que não é preciso viver e reviver as mesmas tramas e finais. A mesmice, afinal, é muito chata. Já perdi as contas de quantas vezes isso já aconteceu comigo. Já pulei do barco, já enterrei capítulos e refiz personagens. Não é preciso trocar de nome ou endereço. Escolher outra fonte para a fé já é suficiente.

sábado, 13 de setembro de 2008

Um começo

12 de setembro de 2008

Quando eu saí de casa pela tarde, fazia um sol de rachar asfalto.

Era algo entre nervosismo e ansiedade.

Logo, umas nuvenzinhas lá no alto trouxeram um ventinho bom. Forte demais até.

"Vai vir um temporal", eu escutei.

Mas não demorou pro vento se acalmar e tudo ficar mais tranqüilo, inclusive eu.

Acho que foi uma boa recepção.

Só para registrar: começo hoje uma história de (a)Ventura.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Lembranças do quê?


.


E lá vou eu embarcando em mais uma daquelas arrumações na vida. Daquelas em que a gente espalha tudo e aos poucos vai separando o que presta do que não presta, e o que presta, mas não queremos mais do que não presta, mas queremos mesmo assim. E haja espaço. Aliás, é para isso que servem as arrumações: para se ganhar espaço. Sei que não sou a única a sofrer da mania de querer guardar tudo e não ter mais onde colocar nada. Andei até reabrindo umas caixinhas e encontrando uma porção daquelas coisinhas que a gente guarda como lembrança de alguma coisa. Um momento, uma pessoa, uma amizade, um amor, uma emoção, um medo, um segredo, uma fase, um dia, uma noite, uma conquista, uma derrota, uma despedida, um encontro, um desencontro, enfim, seja lá o que for... Um anel prateado e largo. Um anelzinho pequeno, dourado meio desbotado e um outro com uma pedra violeta. Um ímã de geladeira. Um carefree. Uma florzinha de canudo. Um origami azul minúsculo. Um crucifixo de madeira. Uma casinha verde de Banco Imobiliário. Uma tampa de garrafa e o rótulo de outra. Uma pulseira quebrada. Um apito. Um broche. Um brinco sem par. Um nariz de palhaço. Uma correntinha enferrujada. Um pedaço de doce de abóbora plastificado (?). Um pingente amassado. Um pedaço de guardanapo de papel. Uma ficha telefônica. Um pequeno sabonete em formato de sol... Enfim, são tantas coisinhas, são tantas as lembranças... Mas, lembranças do que mesmo? Por tanto tempo, as lembrancinhas estiveram guardadas, com tanto amor e carinho, por tanto tempo, tempo suficiente para eu esquecer o que elas deveriam lembrar. Juro que eu me esforço, fecho os olhos, seguro o objeto com força, mas não dá. Eu não lembro. O prazo de validade da “lembrancinha” venceu, sei lá. Rever tudo isso até que era para ser uma coisa bonita, saudosista e tal... Mas, me rendeu apenas uma limpeza e uma nova arrumação. Ficarão guardadas por mais tempo. Quem sabe um dia eu lembre, mesmo que seja da coisa errada, ou não, e nem faz diferença. De qualquer forma, é legal tê-las lá, ter aquelas lembranças mesmo não lembrando o que elas deveriam lembrar. Não é nada fácil se livrar disso. Por isso, as minhas lembranças – sejam lá do que for – continuarão guardadas com o carinho que merecem, por um tempo que só o tempo vai definir.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bianca por entre os dedos

Tentava camuflar o livro entre os dedos miúdos. Talvez por vergonha do que lia (afinal, hoje em dia, você pode julgar negativamente quem lê Paulo Coelho ou ser cínico e provocador e dizer que odeia livros cabeças para quem traz um Foucault) Ou, talvez para despertar maior interesse daquela que acreditava vigiá-lo secretamente. Mas não precisava, Bianca era toda, completamente, perfeita curiosidade.

E ele o lia por entre a multidão quase invisível aos seus olhos discretos e interessantes. Ela era capaz de notar e imaginar cada vida, cada história, cada medo e cada sonho que lhe rodeavam. Bianca era esperta ao que acontecia à sua volta. Eram raras as vezes em que se pegava se sentindo só. Ela olhava pés e andares, mãos e gestos, bocas e verbos. E ela os lia como quem desvendasse uma selva num jogo de videogame, e sempre ganhava.

E ele, ao contrário, fechava-se nas entrelinhas de um outro mundo. Aparentemente, alheio ao de Bianca. Mas não havia problema algum. Era isso o que Bianca queria. Ela queria as cartas. As cartas anônimas sabe-se lá se enviadas ou recebidas. Bianca se satisfazia com o impopular, impróprio e improvável. A vitória era essa afinal, e não escaparia pelas entrelinhas dos seus dedos.


(Só porque a orelha dela esquentou)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

meios

Continuo viva e sem esquecer nem dos vivos e nem dos mortos. Porque o que nós somos nem mesmo me importa diante daquilo que eu penso ou quero ser, do que vivo, do que vivi e do que pretendo ainda - se me for possível - viver. Retomar o princípio me lembra que há uma história, um sentimento, um sentido... Para onde eles levam? É... Quero saber e nem quero também, pois dá a sensação de final... E isso não me agrada. Mas a curiosidade não é cega e nem invisível.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

[da poesia]


.música.
.cinema.

.e amor.


[tá, e um pouco de café também].

segunda-feira, 7 de julho de 2008

monólogo. é. que. complica. [?]

Que conversa é essa? De palavras às vezes irreais e sem sentido. Não que seja falta de compreensão, é apenas um outro olhar de olhos que nem sei se valem a pena perseguir. Ser sem sentido se traduz por ser sem motivo. Ou sem motivos. Invisíveis e presentes apenas em algumas canções sem melodia.

Enquanto eu tomo rumo e escolho as expressões uma a uma, o mal vem no caminho, pelos lados que eu nem quero ver e pra isso preciso fingir não ser eu mesma. Mesmo tendo coragem, agora.

Construo as histórias e seus personagens. Não sei se é isso o que importa, mas creio estar fazendo o meu papel ou parte dele. Num certo momento, vejo que é grosseiro explicar e detalhar tudo. Primeiro irrita à mim.

"E agora?"

Eu até tenho o que falar e sei o que deve ser dito. Até imagino o que vou ouvir - porque eu já falei, um dia. Fica tão claro que chego a fechar os olhos. É quando prefiro voltar às minhas entrelinhas de pontos meio marginais.

É que na hora da tradução eu mudo tudo, mesmo sendo com um sorriso discreto no canto da boca. Mesmo sendo com o desvio do olhar pra um lado qualquer, assim, de propósito e mal-criado.

E então me contento com a sensação de continuar com os pés um do lado do outro, sem passo pra nenhum lugar. Onde o outro é apenas o outro. O Outro-outro, no caso o Eu, é que complica, confunde, não resolve, não esquece, não atura, se arrepende.

No momento de deixar os olhos molhadinhos e se recolher, um passarinho canta um canto num estilo de desencanto. Porque o recolhimento tem lá o seu glamour e as suas funções indispensáveis, vitais.

E eu me pergunto: "Quando?"

Conto os dias, espero pelo que sei que vou querer jogar no lixo na maioria das horas. Mas me convenço do contrário. Já não disse que o Eu é que complica? Pois é. Procuro o mercado dos controles, preciso dum que funcione para pensamentos.


*Foto: [eu que fiz\o/] monólogo "Carta de Um Pirata", pela primeira vez em Rio Branco, se não me engano, em 2005.

sábado, 7 de junho de 2008

São coisas do coração

Eu não sei em qual momento da história humana foi convencionado que as emoções e os sentimentos são ligados ao coração, o órgão responsável pela oxigenação e circulação do sangue no corpo do ser vivo. E mais, queria saber como se chegou ao formato romântico do coração. Sim, porque eu passei muito tempo imaginando um coração dentro de mim num formato daqueles que a gente vê nos cartões de amor. Imaginando ainda, ele batendo de um lado pro outro, preso através de uma cordinha, tipo aqueles ponteiros de relógios Tic-Tac de parede de desenho animado.

E tem mais: meu irmão me dizia para não engolir chiclete porque ele poderia fazer o meu coração grudar na parede do meu corpo durante essas batidas. Então, meu coração iria parar e eu iria morrer. Pois sem coração ninguém vive. É verdade, assim como ninguém vive sem pulmão, rim, fígado... Não é? Então poderíamos escrever um bilhetinho de amor e, em vez de desenhar um coraçãozinho, por que não um pulmãozinho?

Eu não sei se é físico ou psicológico. Mas quando eu sinto uma emoção forte, sinto que algo atinge o meu coração mesmo, de verdade. É como se alguém o pegasse e o espremesse bem forte com a mão. Ou como se ele fosse alfinetado com bastante força, mas não chegasse a furar.

Eu costumo sentir isso quando as borboletas voam loucamente atrás de mim. Mas essa é uma situação irrelevante. Porque eu sinto isso mesmo é quando recebo uma notícia triste, ouço o que não quero, sei lá. Vai direto pro coração, como se alguém tivesse um bonequinho de Vodoo e bem naquele momento espetasse o coitado do meu órgão responsável pela oxigenação e circulação do meu sangue.

Bem, eu devo ter faltado a alguma aula de biologia. Eu queria saber mesmo se é normal sentir essa dorzinha chata no coração quando a gente se depara com alguma situaçãozinha nada agradável ou com algo muitissímamente bom. Vai que eu esteja tendo um ataque cardíaco e nem sei...? Ou então, que é uma coisa absolutamente normal, que eu deveria estar mais do que acostumada e nem deveria estar perdendo meu tempo falando nisso...?

Ah, deixa pra lá. Afinal, essas coisas do coração não se explicam mesmo...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Por que nós, jornalistas, somos tão queimados?





Por quê?
Por quê??
Por quê???



Diz aí...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Cores, cheiros e gostos: o frio e as pequenas lembranças

Não sei se é assim mesmo, mas acho que temos algum tipo de memória que está seriamente ligada a cores, cheiros e gostos que a gente vê e sente umas poucas vezes na vida e passa a se lembrar para sempre. Falo isso porque o entardecer que eu passava sozinha lá em casa, quando criança pequena, tinha uma cor que hoje não tem mais. Certa vez eu falava disso com o Handreh e ele me contou que quando acordava havia um cheiro, que hoje também não existe.

E eu pensei nisso hoje porque o frio – todo e qualquer frio – sempre me lembra um gosto que senti uma única vez na vida: o gosto de fondue de chocolate que comi lá na chácara da minha tia. Fazia um frio de arder e o céu tinha cor escura. Lá fora, apenas o balançar das árvores que rechearam um dia de brincadeiras no campinho, e que agora era utensílio para incrementar histórias do Mapinguari (sim, eu ouvia de olhos arregalados e morria de medo mesmo, de verdade, a ponto de jurar ter ouvido coisas durante a noite)*.

Éramos um monte de primos agasalhados em volta de um potinho com um creme de chocolate que permanecia quente por um foguinho em baixo. E aí a gente comia com frutas diversas: morango, banana, maçã, uva. Eu lembro que os morangos acabaram primeiro e que também fizeram um fondue de queijo, mas este era só pros adultos. Eu mesma não queria, era amarelado e sem graça.

Hoje, quando o frio vem, vem também um desejo por chocolate. Meu pai tem o costume de comprar o doce no frio porque ele odeia chocolate derretido, que é como fica nos dias mais quentes. Mas nenhum tem o gosto de fondue que comi num entardecer friorento na chácara da minha tia. Para ser sincera, talvez eu nem lembre que gosto tinha de verdade. Talvez eu lembre mesmo é somente da sensação daquele frio que também não existe mais.


*E quanto ao Mapinguari, quem contava as histórias era meu tio. E eu lembro bem quando descobri que estava sendo enganada. Mas não foi nada traumático, pelo contrário, só eu sei como fiquei aliviada. Numa certa noite lá na chácara, meu tio, eu e um primo mais novo conversávamos na beira da piscina. Meu tio, já meio sob efeito de umas cervejinhas, contava as histórias e dava uma piscadela para mim e virava o olhar pro meu primo. E aí eu entendi que ele queria que eu concordasse com tudo para assustarmos o então mais novo da turma. Eu saquei o jogo e nem quis fazer parte da brincadeira. Fingi não entender nada. E fim de papo.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sobre aquilo lá...

1. Bianca ainda vive, embora eu já saiba o fim da sua história;
2. Visitem o blog: http://gritoacreano.blogspot.com/, postei lá um textinho sobre o show de metal que aconteceu no último sábado;
3. Eu ainda não assisti ao PS: Eu Te Amo, embora já saiba toda a história;
4. PS: só nesse ano eu acho que já assisti ao dobro de filmes que assisti em todos os meus vinte anos;
4. Terminei de ler o "A Menina Que Roubava Livros";
5. Eu leio best-sellers sim e não vejo nenhum problema nisso;
6. Minhas aulas na Ufac começam hoje, mas infelizmente não vou poder ir, embora esteja muito ansiosa;
7. Mas estou receosa com a disciplina de Redação Jornalística II, assim como boa parte da turma;
8. Finalmente voltei a fazer um curso de Inglês e tá dando tudo certo;
9. Sábado eu comi uma broa;
10. Eu também não achei legal a mudança da programação da Rede Globo para adequação ao fuso horário, embora eu goste mesmo é de assistir desenhos e é o que está passando na maioria das vezes em que eu ligo a TV;
11. Resolvi cancelar a assinatura da Men´s Health porque fala sempre das mesmas coisas e do mesmo jeito;
12. Agradeço, de verdade verdadeira, de coração a todos que comentaram o post anterior, tanto no blog quanto fora dele. Vocês são/foram importantíssimos e não imaginam o quanto. Obrigada meeeeeeeeesmo pela força, apoio e incentivo;
13. O Word sempre me deixa ainda mais confusa;
14. Hoje tem a I Reunião das Plenárias dos Fóruns Setoriais de Artes, Esportes e Patrimônio Cultural e estarei lá;
15. A vida é assim.

domingo, 6 de abril de 2008

O dia em que eu saí da minha banda para ser jornalista

É estranho não é? Seria mais sonoro se eu dissesse que larguei tudo para investir numa aventura radical com a minha banda de rock. Talvez fosse até o normal, portanto, não teria nada de radical nisso. Ainda penso duas vezes antes de tocar no assunto com medo de despertar algum indício de arrependimento – o que seria bem natural a meu ver, aliás, quanto mais decisões a gente toma, mais chance a gente tem de se arrepender, certo?

E vários músicos – principalmente os de rock – se vangloriam: “ah, eu larguei o último ano do curso de medicina para me dedicar à música” (tá, tudo bem, eu peguei talvez o exemplo mais apelativo, medicina não tem nada haver com jornalismo, mas afeta melhor o senso comum, ok?). E assim, quando uma em infinitas bandas de rock do mundo consegue chegar ao topo das paradas de sucesso, mostra-se logo a dedicação e o amor que os integrantes têm para a banda e para a música.

Porque Fulano largou o Direito, Cicrano largou a família e Beltrano largou o gato, cachorro, periquito e papagaio... E eu larguei a minha banda. (oh, céus, onde eu estava com a cabeça mesmo?). Sim, amo (ou amava?) a minha banda, as nossas músicas, as nossas rotinas de ensaios, shows, viagens, etc. No entanto, eu quero, preciso e devo terminar minha faculdade!


Independente de qualquer coisa, antes de qualquer topo de qualquer parada de sucesso, eu preciso dum canudinho que vai provar que eu completei o curso superior de jornalista. Mas não só isso, eu quero chegar lá me sentindo preparada não para subir num palco e fazer um show de arrasar.

Quero sim, estar pronta para viajar e fazer uma matéria sobre os costumes das mulheres chinesas (elas são umas gracinhas), cobrir uma grande mostra de arte moderna (tem um tom irônico aqui), e até ser professora e ensinar meus alunos a serem artistas, digo, jornalistas.

Adeus palcos dos Gritos Rocks, adeus palcos dos Varadouros, adeus palcos das Catraias... É, o dia em que eu saí da minha banda para me dedicar à faculdade eu me senti meio louca. Mas os grandes acontecimentos desse mundo que deram certo não nasceram de puras sanidades mentais (disso eu tenho quase certeza).
E nesse mesmo dia, eu me senti nadando contra a maré. Por incrível que pareça, acho que ninguém se preocupa mais com o futuro profissional de ninguém. As coisas nesse mundo mudaram mesmo. Quando eu falei: “vou sair da minha banda, preciso de mais tempo para estudar”, quase fui apedrejada, acredita? Pois é. Gente, ter banda não é fácil. É uma profissão também, assim como um outro trabalho, assim com ser estudante. É preciso organização, tempo, dedicação, responsabilidade, paciência, e mais uma porção de coisas para fazer dar certo.

Eu não conseguiria – aliás, eu nunca pensei nisso – medir o grau de prazer entre fazer música e fazer uma entrevista e escrever uma matéria. Ah, fala sério, são coisas incomparáveis e eu preciso escolher. E eu não quero ser a do contra, eu apenas quero ser normal. Portanto, adeus banda! E que venham as pautas, os releases e os furos de reportagens. Felizes daqueles que conseguem conciliar. Quem sabe um dia eu chego lá.

E sabe do que mais? O interessante é que agora, definitivamente, eu não vou falar como baixista de banda ou como musicista (apesar de nunca ter me auto-intitulado assim), falarei apenas como jornalista.

Portanto, adeus também às crises existenciais. Sei que vai ser difícil deixar de ser a “Gigi Rock Star” (como brincavam comigo lá na faculdade), e, mais ainda, deixar de me sentir a baixista da Blush Azul. Sei que não vou poder mais me utilizar de ensaios e shows como desculpa para faltar aulas, fazer provas em outros dias e, muito menos, para sair mais cedo do trabalho.

No entanto, melhor que tudo isso, eu sinto como se o mundo se fechasse de um lado, mas que de outro, um universo inteiro estivesse à minha espera.

E eu vou, não dividida, dessa vez eu vou de corpo inteiro, assumir, de fato e exclusivamente, um papel jornalista, acreditando realmente que devemos viver nossos sonhos no presente sem deixar de ter planos para o futuro.

Lidar com as palavras vai ser, enfim, a minha arte principal.


terça-feira, 1 de abril de 2008

mais um dia de uma vida única: e tudo começa com chuva e bicicleta

Hoje cedo, enquanto todos dormiam, eu andava de bicicleta – NA CHUVA! Passava a língua ao redor da boca e sentia gostinho do que eu chamo de vida. Pensei na possibilidade de ter um Mp3, mas não sei bem qual seria a trilha perfeita e melhor que o som que faz quando as nuvens estão ganhando leveza.

Eu precisava me concentrar na história que contaria em casa: "Minha bicicleta precisava dum banho". O problema era o relógio não à prova d´água, encharcado no meu pulso. Mas nada que um pote de farinha não resolvesse...

Depois disso tudo, meus pais discutiam na cozinha uma notícia que deram na Tv. Meu pai a conferia no jornal impresso, minha mãe fazia tapioca e eu calçava meu allstar. “Homem que teve olho arrancado corre o risco de ficar cego”, era mais ou menos assim. Depois pularam pra histórias como “Mulher se mata com dois tiros...”...

Meu pai faz questão de repetir o fato fazendo uma encenação; e eu penso “não posso esquecer o relógio dentro do pote de farinha”, e minha mãe apressa tudo e todos pra não chegar atrasada na escola. A gente comenta algo sobre a saúde de alguém e o emprego de outro.

Ficamos tristes, ficamos felizes e rimos um pouco. E então, cada um vai pro seu mundo, viver mais uma manhã, de mais um dia, que compõe mais uma semana, integrante de mais um mês, de mais um ano, de uma única vida...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Como uma bailarina numa caixinha de música

Sei dizer não. E isso não me preocupa tanto. Não saber explicar, não entender. É quase monótono de tão comum. Mas dá raiva sim. Faz as pernas tremerem e o coração bater mais rápido. E a raiva não é do ser, é do sentir. Eu poderia oferecer um abraço e um silêncio que traduzisse algumas palavras humildes e de consolo. “A vida é assim”, “eu não fiz por mal”, “não me ache uma pessoa má”. Queria até oferecer os meus ouvidos ao sofrimento, à perturbação que eu não sei bem se existem mesmo. Queria confortar. E assim, seria bem confortada. Saber que está tudo bem. Eu não consigo falar em feiúra, alívios, posso falar em arrependimentos. Sei lá. Talvez, eu não deva ter seguido a receita direito. Talvez tenha esquecido alguns ingredientes, então, me sobre um doce adocicado demais.

E assim eu fico com uma vontade de tapar tudo com uma cortina preta. Preta por fora. Quase como luto. Mas, por dentro, amarela, com grandes flores alaranjadas, umas menores de tonalidades verde-escuras, e umas médias rosa-marfim. E então o meu ar vai ser só meu. O que me trazia um indício sequer de algo negativo ou duvidoso, eu abandonei e desapareceu. Da minha mente, da minha memória, da minha vida. Quando se está só, o vazio fica mais próximo. Como o neutro. E aí fica tudo mais claro. Objetivo. Determinado. Livre. Contraditório né? Aponto o dedo para eu mesma, por tantas vezes não levar a sério essa brincadeira de esconder meus olhos entre as entrelinhas e conseguir mudá-los de cor.

terça-feira, 18 de março de 2008

Caras e Caretas. Máscaras e Caricaturas




“e o caos segue em frente, com toda a calma do mundo” (R.R)






O coração dispara meio arrependido. Os cabelos deveriam sair da nuca mais facilmente. Queria sentir a lisura. Reluzente. Como um raio de sol forte, daqueles que colorem o fim de tarde. Ah, essas cores... Azuis e desbotadas. A lua que me aparece nem de porcelana é. Um plástico barato, de uns poucos centavos. Minha luz se apaga e ela brilha. Não é de São Jorge nem de qualquer outro santo. Eu não entendo nada de santos, mas já carreguei no pulso correntinha da Nossa Senhora Desatadora de Nós. Os altares não cabem na minha janela, nem olho mais. Medo de me afogar. Não quero mais falar de decisões. Bianca vem aí para ser a terceira pessoa, quase gêmea da primeira, assim, como o signo de gêmeos que é quase dois ou quatro opostos. São caras e caretas, máscaras e caricaturas.


“... tudo o que não me interessa agora eu jogo fora, e se vai, como o Sol, que se esconde ou se espalha, que aquece ou atrapalha, que derrete ou agasalha...” (L.P)


A luz é escorregadia e pisca de forma assistemática. Não é questão de falta de coragem. É outra, são outras personalidades. Uma pesa pouco mais de 10 quilos. Outra, beira os 70. No travesseiro, formigas fazem festa. É real e normal. Será que eu posso ouvir? Alguém chama pelo meu nome, mas estou vazia e com corpo frio. Meu nome vai e eu fico aqui. Joelhos e ombros desalinhados beiram alguma coisa que ninguém quer saber. Abri as cortinas por engano, e o sol que entrou, entrou rápido e forte demais. Me senti cega e com os olhos quase secos e me chamei de volta. Volta. Volta. Fiquei atrás da porta. Não em busca, mas parada ali. O nome foi para o chão e os pés se apoiaram na parede – cor de rosa, como um ex-mundo. O corpo cabia, frágil, naquele pequeno corredor ante-quarto. Acima, um quadro preto e branco, feito a lápis há 10 ou 14 anos. Não era espelho. Era um retrato feito por um alguém qualquer numa madrugada já cheia de sono. Estava quase sonhando e levantei o rosto num susto para fazer pose. Tudo foi congelado num sincero sorriso falso. E quem diria... Quem diria que se sentiria tão velha e teria vontade de ter força e quebrar, silenciosamente, aquele vidro, rasgar aquele papel e fazer mágica. Fazer mágica. Mágicas mentiras vistas com glamour. O glamour existia e as mágicas também. E tudo isso agora é apenas um ar rarefeito. Bem mal-feito. E então? Quais segredos serão deixados agora no baú de frases soltas? Quais segredos serão amigos e me farão conhecer como sou, fui e serei? E agora? Patética mania de acreditar. Continuar a matança para ser feliz. Desviando o ego pro rumo da ignorância.


Foto: mais uma do Parque Capitão Ciríaco

quinta-feira, 13 de março de 2008

Bianca vai de ônibus

(pro longe do bem perto)

Viveu um dia triste. Como num final de um mini-romance que não tem final feliz. Os olhares nem se despediram e partiram por caminhos oposto. Bianca viveu e tenta sobreviver. Estava com os olhos pintados, cabelo escovado e brilho nos lábios, por isso, deve ter chamado a atenção dele. Ele – desconhecido, portanto ainda sem nome - de pouco sorriso e olhar discreto, deveria passar despercebido se não fosse o tom misterioso e o livro que carregava em mãos.

Subiram no mesmo ônibus e sentaram em extremidades exatamente opostas. Ela tentava decifrar algum reflexo. Ele, de cabeça baixa, lia o livro e vez e outra levantava o olhar fitando tudo à sua volta.

Era uma das raras noites em que Bianca voltava pra casa sozinha e de ônibus. Gostava do andar solitário nas ruas escuras. Quando se está só, se está como se realmente está. Medo ela tinha sim, mas queria testar o seu humor. Queria testar o seu olhar quanto às constelações e se ainda sabia como contar as cores no céu.

Às vezes, ela vem de sorriso solto, vendo aviões e até estrelas cadentes (quem vai dizer que nunca viu?). Em outras ocasiões, vem saltitante e cantando sambinhas do Chico. Mas também há aquelas noites em que ela vem de passo desconsolado e dor no queixo – pela mania de prender o choro.

Bianca também olha as vitrines e deseja saltos de gala. Não que ela seja uma pessoa assim, de consumismo exagerado ou que siga as últimas tendências da moda. Mas ela gosta de sonhar e fazer pose na frente do espelho – mas só na frente do espelho.

Ela ainda pode voltar chutando pedrinhas e se assustando com os vigias noturnos. Ao chegar à sua casa, ela toma uma decisão. E naquela noite, ela sentiu e compreendeu algo do seu inconsciente e que, portanto, passou a ser consciente. Algo que tinha haver com se preparar para ter que esquecer. E por isso, seguia de olhar caído.

Inicialmente, o jovem leitor que encontrara parecia com um tal artista de rua, de costeletas bem delineadas e charmosinhas. Ela olhou e olhou mais uma vez, porque não reconheceu costeleta nenhuma e porque não era o artista de rua. Era um outro qualquer. Sabe-se lá se artista ou não.

E os dois desceram exatamente na mesma parada. Bianca achou engraçada a coincidência e até esperou alguma surpresa a mais, pois achava que já conhecia muito bem aquela vizinhança. Ela reparou e ainda lembra cada segundo das suspeitas e descobertas: o inclinar dos corpos para olhar as ruas e reconhecer que estavam próximos a chegar; e preparo das mãos para puxar a cordinha; o andar até a saída - depois de ter a certeza que a descida era mesmo ali, e tudo, tudo, tudo, mais...

Sorte ou azar, mas alguém não planejou bem. Bianca não entendia os papeis de ninguém: nem do perseguidor nem da perseguida. Ele, meio estranho, ficou em dúvida se olhava pra trás – o que ela torcia pra acontecer. Ela teve a oportunidade de voltar os olhos e ele, de voltar o passo. Mas era noite escura e apesar de silenciosa, nada mais podia acontecer, a não ser a travessura de uma carta anônima, escrita às avessas e meio inventada.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Mudanças

São necessárias


Afinal, fazem parte da vida

Falem em contradições. Se a natureza pode, por que não nós?

*Ao amor, hoje, em especial.
(“As folhas que caem avisam a chuva que está por vir...”)

*Fotos: de volta ao trabalho, Parque Capitão Ciríaco

quarta-feira, 5 de março de 2008

Brinco sem par, relógio parado e Bianca aparece

Troquei a bateria do relógio. Quantos dias eu passei por ele e vi que estava parado e fingi não perceber nada? Amanheceu o dia e eu levantei decidida. Tirei a poeira e arrumei os ponteiros. Reloginho bonitinho, afinal.

Também arrumei o potinho de brincos. Definitivamente eu gosto mesmo de estrelas e corações, assim como gosto da sensação de me livrar das coisas velhas e ter mais espaços para as novas. Faz tempo, tirei o mural do quarto (a melhor coisa que fiz contra a nostalgia crônica). E então ganhei uma parede lisa, branca, onde o sol pode se apoiar tranquilo quando entrar pela janela.

Mas também gosto de saber que meus brinquedinhos estão ali em cima do guarda-roupa, bem conservados, para o dia que eu quiser voltar... Assim como as roupas do espetáculo de dança e até mesmo aquelas sapatilhas que eu nunca usei esperando o momento especial (é, eu também já caí nessa). Delas eu não tenho coragem de me desfazer para ter mais espaço para o novo. Deixo-as lá, intactas. Nunca viram palcos e nem luzes e flashes; de brilho, talvez só o dos meus olhos de quando eu abri o pacote...

Aliás, de novidade aqui, só mesmo Bianca. O relógio já parou novamente. A poeira já desceu outra vez sob as bonecas de porcelana. E o potinho já guarda mais e mais brincos velhos e sem pares (tem coisa mais triste do que brinco sem par? Não é à toa que, os desse tipo, são chamados de “solitária”. Mas esse nome me lembra alguma coisa nojenta que eu estudei no ensino médio, eca!). Mas a Bianca me chama, e já me faz sonhar além daquelas horas do relógio parado.

No som toca No Doubt. Mas nem sei se é isso mesmo porque eu escuto as músicas aqui achando que é uma coisa, mas aí vem alguém e se refere à canção como sendo de outro grupo e então eu percebo que, mais uma vez, baixei MP3 com nome errado. Mas eu não ligo não. Só quero ouvir e curtir um pouquinho.

Mas a Bianca me chama. Ela nem nasceu direito, mas já me faz raiva. Sei lá, perturba demais. Como se trouxesse em si umas cordas para eu atar nós. Bianca, se não sumir ou maneirar nas suas aparições, vai morrer antes mesmo de qualquer [outra] história.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Verbaneios

Aceita?

Ser a minha segunda pessoa?
O sujeito do meu tu?
A parceria para o meu nós?

Isso tudo tem a medida tua.
(é) Per-fei-to.

Hoje é apenas sexta-feira, e o meu céu tem cor definida



"...e eu sinto muito, por muito sentir...(LP)"

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

escolinha

Tarefa de Casa que Luis Guilherme, 7 anos, apresentou após o primeiro dia de aula:

RESPONDA:

O que te deixa feliz?

R - Um abraço.

O que te deixa triste?
R - Cebola.






“Cebola faz as pessoas chorarem”
Luis Guilherme é sobrinho do Ulisses, quem me contou a historinha.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

As arrumações, o medo das necessidades futuras e os "as vezes": Tipo corrimão

Divagando entre receios e alguns desejos. O quarto aparenta mais arrumado do que o de costume. A vontade é quase enorme de escrever qualquer coisa sobre alguma coisa qualquer. Ainda não sei explicar a sistemática que uso para organizar livros na estante. Não é por temática, autor ou editora. É quase por tamanho. A preferência é deixar tudo misturado mesmo. Perceber de cara aquela variedade de estilos me deixa feliz. É óbvio que a monotonia e a repetição me cansam. Organizei as revistas em pastas diferenciadas. Descobri – entre outras coisas – cadernos e rascunhos do primeiro ano do segundo grau – principalmente os de química, que eram os mais organizados. E continuei guardando pra caso um dia precisar. Não queria temer as supostas necessidades futuras. Nada será meu pra sempre. Nem as minhas peças de roupa mais íntimas. Vida imbecil essa. Como a música do Pato Fu. Alguém aí gosta de Pato Fu? Eu acho meio sem graça. Insosso. Mas às vezes eu gosto de ouvir. Como agora. Quando me sinto assim, meio sem graça e insossa. Às vezes eu gosto do que não gosto e não gosto do que eu gosto. Às vezes, quase sempre, eu queria me livrar definitivamente do meu “às vezes”. É um termo fácil demais. Tipo corrimão.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

"a vida é tão rara"

A mãe da secretária faleceu ontem. De morte natural. De velhice da vida. Morreu sem dor. Devagar, mas morreu simples. Hoje, minha mãe, na cozinha, apressa a comida ouvindo músicas interessantes. Eu vou lá e pergunto: “Isso é Rita Lee?”. Ela ri e responde seco: “Secos e Molhados”. Ela também já cozinha o jantar, já que vai sair pra trabalhar à tarde. No fogão, a sopa de lentinha do ano novo espalha o cheiro pela casa. E eu busco, inutilmente, em algum lugar, uma frase qualquer pra postar aqui. E desisto pra falar da desistência da vida e quase desistir dela também.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Grito Rock

escrito por Janu Schwab, no Coletivo Catraia.

A Blush Azul está de malas prontas. Além de roupas, sapatos, maquiagem, óculos, prendedores de cabelos e instrumentos musicais, a banda das meninas e do menino leva na bagagem um nervosismo de quem vai explorar território desconhecido. Depois de participar da edição acreana do Festival Grito Rock Acre, dia 31 de janeiro, a Blush vai pôr o pé na estrada para se apresentar em outra cidade que também promove o festival: Cuiabá, no Mato Grosso. Intencionada a fazer bonito lá fora, a banda passou a ensaiar quatro vezes por semana, preparar novos arranjos para músicas engavetadas, combinar detalhes e roer as unhas contando os dias.

Embora seja de praxe querer superar o nervosismo de subir em palcos alheios, fazer novos amigos e alçar longos vôos, a Blush Azul - e das bandas acreanas que tocam nas outras edições do Grito Rock – percebeu a enorme responsabilidade que carregam: divulgar o Acre e sua novíssima cena cultural independente. “Acho que a realização pessoal está incluída principalmente em ser reconhecido como participante de uma força de trabalho. Nossa música é só uma parte desse trabalho.”, diz Kaline Rossi, baterista e fundadora da banda.

A vocalista Irlla, do alto de seus sapatos zebrados, diz que está ansiosa para ir e para voltar: “É gratificante poder voltar para casa depois de uma mini-turnê, todo mundo fica esperando novidades nossas, querendo saber como foi, como são as cidades, o público, tudo. Voltamos sempre mais animadas”, diz ela sem incluir na frase Victor, o menino da banda. “Ai, desculpa, é força do hábito... Voltamos mais animados, mais animados”, ri.

Enquanto se prepara para a viagem, além de ensaiar muito, a Blush Azul afia novas idéias que serão apresentadas com exclusividade para os públicos de Cuiabá e Vilhena. “É realmente como desbravar um território desconhecido”, inicia Kaline, enquanto inclui mais um item na sua imensa lista de coisas a levar nas malas. “Nesses festivais o público é sempre maior, assim como a diversidade de gostos musicais.”

Além da chance de cativar o público, as meninas – e o menino -, vão trocar experiências com outros músicos independentes, vindos de todos os cantos do país. “Bandas muito boas vão dividir os palcos com a gente. Vai ser muito legal estar no meio desse pessoal que faz música como nós.”, completa Kaline, enquanto tenta fechar pela terceira vez sua mala abarrotada de roupas.

As meninas e o menino

A Blush Azul seria uma banda de meninas, se não fosse pelo detalhe que se posiciona do lado esquerdo do palco, com os pés em cima de pedaleiras, chamado Victor. É dele a guitarra que duela com o baixo de Giselle e a bateria de Kaline, dá o tom e o peso das músicas e ajuda a desfalcar o Clube da Luluzinha da Maquiagem Azul. O guitarrista, que entrou na Blush empunhando o contra-baixo elétrico, é o bendito fruto entre as mulheres que usam maquiagem e empunham instrumentos como sinal de talento e beleza.

Quase como um estranho no ninho, o cara garante que ser homem não atrapalha em nada a harmonia da banda. “Ele é como nosso irmão.”, diz a baterista, sem saber dizer se o rapaz é o irmão mais velho ou o caçula. “Até agora ele tem sido o caçula”, brinca Irlla. “O Victor pode até fazer a maioria das músicas, mas a gente é quem manda.”, completa Kaline. Victor apenas ri. No lugar dele, qualquer cara também riria.


Fotos: Renato Reis.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Sustos da madrugada

Cá estou eu, numa madrugada de sábado, vendo algumas coisinhas do meu brinquedinho aqui – popularmente chamado de blog – quando descubro que recebi algumas visitinhas através do site Digestivo Cultural. Um site que achei não sei como – ah, na verdade, foi com essas navegações por este mundano mar virtual – e acabei lincando aqui – ali ao lado, no menu “Quando dá, eu leio”. E quando dava, eu lia.

E o fato é que eu nunca comentei nem enviei nada pra lá, portanto, “como é que esses visitantes entraram no meu blog por meio daquele site??”. E tem mais, os leitores que vieram de lá, foram os que passaram mais tempo lendo essas palavras avulsas que eu jogo aqui. Bom, fui lá tentar desvendar isso.

Até que eu li, na página inicial, numa lista com vários outros títulos, o humilde e discreto “Crenças e contradições”. "Epa, peraí, tenho um post com esse nome!" Cliquei, já quase totalmente horrorizada – "meu deus, o que será isso???" E o que é que abre então? O meu texto postado lá!


Sim, mas e daí?

Num sei. Eu fiquei feliz. O que mais poderia ser? Achei o site muitíssimo interessante e o visito com freqüência, inclusive, já salvei vários artigos lá publicados – é que eu vou catando tudo mesmo, seja pra ler depois, ou reler ou apenas ter guardado aqui no meu pc, como uma biblioteca virtual, entende? Até que um dia, eu encontro – por acaso – um texto meu lá!

Meu Deus! Que Husto!

E aí eu fiquei me perguntando (eu não me suporto por conta disso, eu num paro de me perguntar as coisas, ô menina chata, tagarela!): e agora, o que eu faço?

Um post sobre isso, ué!

=)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

aquelas coisas

E quem é que não sabe, que o quase nem é tudo;
que a incerteza não é sólida e ausência nem é solidão.
Que mingúem as luas e confundam as constelações.
Meu céu tem cá suas cores quaternárias.
É apenas uma questão se sensação.
dum inventário qualquer.
ou besteiras da minha imaginação.



Foto: na saída do trabalho - Parque Capitão Ciríaco

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Eu gosto de reduzir-me.

"É que ainda sou estudante da vida que quero levar". Vou indo de rabo de cavalo no cabelo. E se eu pudesse escolher, até aqui, eu não faria tudo não. Não teria me atrevido tão cedo e deixaria para decidir mais tarde.

Sim sim, passaria ferro no cetim da adolescência, sem medo de queimar. Seria até mais fácil compreender o que todo mundo compreende. Falando outra língua, esquecendo a da criança que eu nem conheci. Afinal, onde está ‘o museu de grandes novidades’? Na verdade, eu não quero nem saber.

Eu digo ‘obrigado’, porque quero mesmo agradecer. Chamar de amor da minha vida. Dar [receber] beijo na testa. Pegar pela mão. E levar embora. Meu sotaque, enfim, eu não percebo.

Nunca avisei que rosas não limpam o chão porque é o tipo de coisa que, ao meu ver, todos sabem, mas, apenas deveriam saber. Mas eu não quero condenar a ninguém. Não levo jeito pra isso. Portanto, não me contem, eu não quero saber. Não é autoritarismo, não tem nada de extremo e exagero nisso. Não é que eu queira fingir. É que não interessa.

Eu lembro dos toques do piano. No sofá, eu só observava. Não havia ninguém cantando. Mas eu sabia muito bem como era aquela letra. E gostava. Ainda tentei algumas notas até conquistar o insucesso e beirar a impaciência [desisti, portanto, pro bem nosso].

Vou ficar ausente. Como ficou o som. Ainda levarei os brincos e anéis. Toda a papelada também. Levo ainda, a tentativa de entender. Sem nenhuma frustração. Eu disse: nenhuma.

Trocar de portas e maçanetas. Elas podem ser decisivas na estética dum filme. Parece banal. Mas, se fosse do meu interesse, eu repararia. Claro que não é. Mas nem por isso é menos importante.

Eu gosto de reduzir-me.

sábado, 19 de janeiro de 2008

As manchetes deste sábado*

A Tribuna: Índia é a primeira vítima fatal das cheias no Juruá

Página 20:
OAB pede informações à Aleac sobre expedição Juruá

O Rio Branco:
Governador Binho decreta emergência em dois municípios

A Gazeta:
Ufac divulga lista com nome dos aprovados no vestibular/2008



*inspirado mesmo no blog do josias.

argh.

E eu estou de férias (do trabalho, diga-se de passagem, porque Ufac e férias são antônimos). E chove. E eu ainda não consegui tirar a carteira de motorista. E chove. E eu odeio pedir carona ou carregar um guarda-chuva. Não há nada de errado nisso, eu gosto mesmo de andar na chuva. Até voltei a usar tênis. Pena que já não fazem mais Allstar como antigamente. (Eu queria um branco, todo branco, só branco, mas quem disse que ainda existe? Tudo bem, acho que vou me contentar com um azul escuro). O detalhe é que eu preciso carregar uns livros. É que finalmente, fechei o tema do meu TCC (sim, no meu curso é possível fazer um TCC no lugar da monografia). Eu tinha idéias diferentes todos os dias, mas nada me satisfazia por completo. Mas agora eu me achei. Tô empolgadíssima. Mesmo lembrando que, de acordo com os meus cálculos, vou ter que ler uma média de 40 livros. Isso mesmo, QUARENTA! Mas ando feliz. Mesmo com umas dores horríveis no estômago por conta da gastrite. Também comecei a fazer fisioterapia. A doutora disse que eu tenho uma escoliose "bunita" e que, seu nao me cuidar, estarei com os meus dias de jornalista contados! Ela é louca? É claro que eu já tô me cuidando. Eu sei que jornalista morre cedo, mas eu quero pelo menos cobrir uma guerra! (Que não seja a da Bolívia, claro!). A "Men's Health" começou a chegar. É, fiz a assinatura (de três anos) de uma revista masculina. Aliás, só um detalhe: também assino a Aventuras na História, a Superinteressante, a Imprensa e a Veja também chega aqui. E hoje, num passeio até o aeroporto, comprei a DOM (de outro modo), revista para Gays. Lembram que a gente deve ler de tudo? Poisé. Muito interessante. Eu até tento me enganar, fingindo que tenho tempo pra ler isso tudo de revista. Além das leituras do trabalho e da faculdade. Ainda mais agora com os meus planos pro TCC. E hoje, agora pouco, a minha pedaleira queimou. A história é longa. Mas eu fiquei triste. Afinal, em menos de um mês embarcaremos numa turnezinha nos Gritos Rocks da vida. Aiai. E agora José? É preciso ensaiar, correr atrás das passagens e das burocracias da viagem, e agora resolver a questão da pedaleira. E hoje começa o Festac. E pretendo ir pelo menos na metade dos espetáculos. Também tenho vontade de tomar banho de piscina. Além de chorar da frente da Tv assistindo a uns filmezinhos romanticozinhos bonitinhos. E a história do iate? E por que que eu não consigo mais achar óculos escuros do meu agrado? E quem é alérgico a ovo não pode tomar a vacina contra a febre amarela (é o que diz o Folha de São Paulo de quarta-feira). E chove, e chove...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

[diário] - (in)satisfação*

dos assuntos que fazem o coração andar em passos curtos e querer parar - os medos rotineiros, os atos de viver e as respostas previsíveis

Não faço interrogatórios. As respostas eu procuro e encontro nos meus dedos. É fuga mesmo. É receio mesmo. É o meu ato de viver. E a opção é, simplesmente, não se importar. Inventar miopia. Listar os apegos; as satisfações pessoais e permanecer. Sonhar, ter objetivos e buscar. Mesmo que egoistamente. Mesmo que individualmente. Mesmo que independentemente. Depois disso, tornar-se invisível, virar pó. Pois nada mais teria/tem/terá sentido. E eu não tenho medo do desperdício. Acredito mesmo na infinitude do amor. Comum ou incomum. Que acabam, que recomeçam. Como nos poemas, crônicas e cafés. Busco-me. Perco-me. E me acho nos dedos, dúvidas e contradições. É como viver uma vida desigual, paralela. É como desistir da crença e honrar o abandono.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Enfim!

Que venham, finalmente, as minhas férias.
As primeiras.
E os planos, dos muitos.



Cansei do barulho das fichas. Acho que vou mandar trocar as cores das paredes.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Eu [conto] feliz ou apenas alguns [des] contos

*com os olhos espelhados nos teus
É fácil.
Gostar-te.
Apaixonar-te.
Querer-te.


E eu que sempre me utilizei dos pincéis mais finos para colorir os detalhes dessa obra de arte da vida. Não. Não quero mais os pincéis discretos. Não quero mais pintar sombras, bordas ou contornos. Cores quentes não servem pra isso. Demorei, mas descobri. Deve ser isso que importa, não é? Suspeito que sim. Apesar deu há tempos desconfiar das minhas suspeitas. Certa vez, tive que consultar uma amiga sobre intuição feminina – “é que na minha eu não acredito mais”, eu disse. Mas a gente nunca desiste, e sempre acaba acreditando. E uma hora dá certo. Pra quem sempre acredita em tudo – mesmo dizendo que não. Pra quem sempre confia em tudo – mesmo dizendo que não. Pra quem sempre quer tudo – mesmo dizendo que não. Pra quem sempre planeja e lista de tudo – mesmo dizendo que não. Um deslize ou outro, já não faz diferença. Deixo a experiência pros mais chatos. Afinal, tem coisa mais chata do que as historinhas repetidas? É, é isso que eu chamo de ‘experiência’. Riscos são coisas pros pincéis finos e discretos que eu cansei de manusear. Êta maluquice! Hahaha. Eu sei é que me divirto. Mas vamos, pincéis maiores, agora eu quero os traços decisivos pra essa pintura. Se eu cansar, ainda tenho os dedos das mãos e dos pés... se não funcionar, é só jogar a tinta pra cima. Sim, sim, isso eu sei: que pode sujar tudo e colocar tudo a perder... Mas as sombras, as bordas e os contornos já estão lá pra quê?

Desculpe, eu não quis ser chata...
(eu sempre acabo sendo, inevitavelmente...)
É que tudo é tão simples...
Ao estar-te.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

crenças e contradições

Por que a gente nunca fica feliz por completo? Queria entender. Saber explicar. E tentar mudar. É que uma hora eu quero. Quero muito. Mas, logo em seguida, não quero mais. E isso é chato, meio complicado. Porque eu nunca sei direito o que eu quero e o que eu não quero. Então, a minha vontade é ficar parada. Sem querer e não-querer nada. Mas é até meio sem graça isso. E é nessas horas em que eu passo a achar tudo assim. Ao contrário de ontem. Onde a graça era maior que todos os maiores possíveis de se existir nesse universo que a gente conhece e no que a gente desconhece também. É uma inconstância que me trás umas dores, uns sentimentos que eu queria encarar como banais. Queria fechar os olhos e fingir não enxergá-los. Mas não há empecilho que os contenha. Eles não têm a dureza da minha pouca força. Da minha forçada determinação para mudanças. Eu preciso esquecer. Preciso lembrar. Preciso correr. Preciso ter calma. Quero um abraço. Quero abraçar. Queria me odiar um pouquinho menos. Porque eu me odeio, muito, muito, muito. Porque eu não aceito as minhas perdas e nem acredito nas minhas conquistas. Como pode alguém ser feliz assim? O pior, é que eu tenho a consciência plena. De tudo, ou quase tudo. De bastante coisa. Sabe o que eu faço pra mudar? Nada! Nadinha. Nada-nada-nada. E então eu me odeio mais ainda. Com as forças que tenho e com as que não tenho. Parece até que eu me realizo ao saborear esse gosto. Mas não é. E isso me faz odiar-me ainda mais. As minhas aparências para mim mesma. As minhas dúvidas de mim mesma. As minhas suspeitas de mim mesma. Oh, Giselle, filha querida, a única certeza é essa: a existência desse sentimentozinho mentolado.

Voltando ao tempo sem passado. Quando o presente volta a ser eterno e a caber nas caixinhas de sapato.

E feliz 2008! (só pra não dizer que não falei das flores. Na verdade, falarei sim. Mas falarei depois. Não agora).