Ok, ok, se eu decidi estudar, então que assim seja. Na minha longa vida de estudante, uma das poucas coisas que eu aprendi é que cada um de nós tem o seu próprio jeito para se dedicar aos estudos. Sua própria forma de aprender, de assimilar informações e de adquirir conhecimento. É como um relógio biológico, que cada um tem o seu e é preciso respeitá-lo.
Então, cá estou eu em casa, numa única e exclusiva obrigação: fazer a monografia. Há muita coisa para ler, e sou capaz de dedicar longos 25 minutos à leitura. Depois disso, durmo os próximos 40 minutos; fico bolando na cama, em frente à Tv, durante os próximos 30; como baboseiras enquanto ando feito uma barata tonta pela casa durante os próximos 25. Vou para internet, converso no Talk ou no MSN, fuço Orkut alheio e leio blogs e outras coisas inúteis durante os próximos 120 minutos... Nada de leitura livros, de jornais como o Folha de São Paulo, G1, Estadão ou de coisas que poderiam me ajudar na tal monografia, nada disso. O meu lance é BLOG - dos ruins, como o meu, de preferência. Blogs que publicam letras de música, textinhos de garotas revoltadas, declarações de amor, fotos sem nexo, versos clichês. Eu sou capaz de passar a tarde toda lendo sem cansar. Pronto, falei!
E assim se passa uma manhã, uma tarde, um dia inteirinho e nada de uma leitura séria e proveitosa. Certo dia eu arrisquei outra opção: estudar na Biblioteca. Não tinha cama, não tinha baboseira pra comer, não tinha Tv, tinha computador (mas é preciso pedir permissão pra usar, o que de certa forma me inibia, porque eu queria usar durante um tempo, dar uma voltinha, depois usar novamente...) Enfim, foi um fracasso. É verdade que eu adiantei a leitura sim, mas foi torturante. Definitivamente, meu biológico não foi feito para sentar e se concentrar numa coisa só. O problema é esse: concentração. Eu acho que só consigo fazer algo e efetuar uma tarefa, se eu me concentrar em várias coisas ao mesmo tempo. Lá na biblioteca, entre leitura e outra de 25 minutos, o que eu tinha pra fazer (além de ler) era dar umas voltas, beber água e ir ao banheiro. Então tá, foi o que eu fiz até me deparar, mais uma vez, com aqueles momentos em que você pensa: “Meu Deus, por que isso só acontece comigo? POR QUÊÊÊÊ???”
Bem, a história foi a seguinte: então, eu bebi água e fui ao banheiro. De cara eu saquei que a fechadura da porta estava emperrando, por isso, não tranquei. Tudo certo até então. Voltei aos estudos (ou tentei voltar). E depois de meia-hora, lá estava eu, novamente, em busca de fugir dos livros. Repeti a cena: fui beber água e fui ao banheiro. Dessa vez, esqueci e nem percebi que a fechadura estava com problema. Lembrei quando tentei sair... Pois é, senhoras e senhores, eu – “que já andei pelos quatro cantos do mundo” - fiquei trancada no banheiro da biblioteca. A maldita não abria de jeito nenhum. E então eu fiquei sentada no vaso rindo da minha sorte. O jeito foi subir nele e pedir socorro às duas moças que estavam lavando as mãos. Chamaram outra moça, que chamou um cara, que ligou não sei pra quem... Enfim, teve até um que, ao ser perguntado se aquilo já havia acontecido antes, respondeu: “ah, ontem mesmo uma ficou presa aí...”. Ah, tá. Pois é. Menos mal. Então eles me orientaram a puxar a porta, levantar, empurrar, tentar abrir com força, com delicadeza, rápido, devagar... Todas as formas possíveis. Até que chegou um e disse a palavra mágica: “Gire a fechadura pro lado contrário”. Foi o que eu fiz e a porta se abriu.
Quem teve a idéia de fazer fechadura que abre ou fecha sendo girada pro lado oposto do óbvio? Vocês já devem imaginar que depois daí já não havia clima para estudos.
Mas a história não se acaba por aí, caros amigos. Nesse dia, eu havia acordado com vontade de comprar uma mochila. Sim, eu quero estudar e pra isso – pensei – terei que ir à biblioteca carregando livros, e como eu sou uma garota moderna (que mesmo tendo carteira de motorista, anda a pé), decidi que o melhor a fazer era adquirir uma mochila pra carregar as minhas tralhas. Eu tinha até assistido a uma matéria na Tv, com dicas sobre como escolher mochila mais adequada para cada pessoa. Bem, e como naquela tarde já não iria mais conseguir estudar, resolvi passear em busca da minha mochilinha.
Não demorou muito e eu achei a mochila mais linda e perfeita de todos os tempos. Não muito grande, não muito pequena. Com um corte super delicado, e com umas estrelinhas miúdas e estampadas nas cores branca e rosa. Linda-Linda! Entrei na loja pra ver preço e experimentar. Logo quando anunciei que queria ver aquela mochila, a vendedora me fez infeliz pergunta: “Vai entrar na faculdade é?”. “Nada, to saindo...” (da faculdade e da loja). É, acho que aquela mochila não é pra mim. Não sei. Talvez eu tenha demorado demais para ir comprar uma mochila. Aliás, onde eu estava com a cabeça, ao entrar na faculdade, que não fui comprar uma mochila como aquela? E quantas outras coisas eu deixei de fazer? Acho até que ficar trancada em banheiro também não seja coisa de quem está saindo da faculdade (embora eu tenha passado o curso todo usando um banheiro que nem porta tem – ah, fala sério, eu não vou considerar aquilo uma porta!)

Isso me lembra do dia em que, lá pelo segundo período do curso, eu perdi o meu estojo - meu estojinho lindo, com batom, grafite, canetinhas coloridas e tudo mais... – e um colega disse pra me consolar: “ô Giselle, todo mundo já perdeu o estojo um dia, mas no colégio! Tu esperou entrar na faculdade pra perdê-lo?”. Pois é, e deve haver tantas outras coisas que as pessoas fizeram na faculdade, que sabe-se lá quando eu vou fazer, e se vou mesmo fazer.
De qualquer forma, o que me interessa fazer neste momento, mesmo, de verdade, é a monografia. E não pensem que agora, sem “trabalho”, o blog será atualizado mais vezes. Ou que agora, com a minha dedicação sendo oferecida à monografia, o blog será esquecido. Não pensem em nada em relação a isso. O que sei, é que já estou até chata. É que eu só consigo falar sobre meu projeto de monografia. É a pauta da vez, única e exclusiva. Só consigo falar das histórias do Chico Pop. Leio o que ele escreveu, descubro, desvendo, concluo coisas e já quero contar. Entre dez palavras que eu falo, 9,5 são sobre Chico Pop. Isso é chato eu sei. Pensei até em fazer um blog sobre a produção do trabalho. Mas acho que é só uma forma que eu, inconscientemente, busco para me distanciar dos livros e navegar mais pelo mundo blogueiro.
Enquanto isso, voltarei à minha busca pela forma perfeita de se concentrar nos estudos e fazer a monografia (sem estojo, sem mochila e sem fechadura complicadas, mas com Chico Pop!) Bom, já deve ter se passados umas duas horas desde que fiz minha última leitura monográfica, portanto: Tchau!