E ele o lia por entre a multidão quase invisível aos seus olhos discretos e interessantes. Ela era capaz de notar e imaginar cada vida, cada história, cada medo e cada sonho que lhe rodeavam. Bianca era esperta ao que acontecia à sua volta. Eram raras as vezes em que se pegava se sentindo só. Ela olhava pés e andares, mãos e gestos, bocas e verbos. E ela os lia como quem desvendasse uma selva num jogo de videogame, e sempre ganhava.
E ele, ao contrário, fechava-se nas entrelinhas de um outro mundo. Aparentemente, alheio ao de Bianca. Mas não havia problema algum. Era isso o que Bianca queria. Ela queria as cartas. As cartas anônimas sabe-se lá se enviadas ou recebidas. Bianca se satisfazia com o impopular, impróprio e improvável. A vitória era essa afinal, e não escaparia pelas entrelinhas dos seus dedos.
(Só porque a orelha dela esquentou)
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