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E lá vou eu embarcando em mais uma daquelas arrumações na vida. Daquelas em que a gente espalha tudo e aos poucos vai separando o que presta do que não presta, e o que presta, mas não queremos mais do que não presta, mas queremos mesmo assim. E haja espaço. Aliás, é para isso que servem as arrumações: para se ganhar espaço. Sei que não sou a única a sofrer da mania de querer guardar tudo e não ter mais onde colocar nada. Andei até reabrindo umas caixinhas e encontrando uma porção daquelas coisinhas que a gente guarda como lembrança de alguma coisa. Um momento, uma pessoa, uma amizade, um amor, uma emoção, um medo, um segredo, uma fase, um dia, uma noite, uma conquista, uma derrota, uma despedida, um encontro, um desencontro, enfim, seja lá o que for... Um anel prateado e largo. Um anelzinho pequeno, dourado meio desbotado e um outro com uma pedra violeta. Um ímã de geladeira. Um carefree. Uma florzinha de canudo. Um origami azul minúsculo. Um crucifixo de madeira. Uma casinha verde de Banco Imobiliário. Uma tampa de garrafa e o rótulo de outra. Uma pulseira quebrada. Um apito. Um broche. Um brinco sem par. Um nariz de palhaço. Uma correntinha enferrujada. Um pedaço de doce de abóbora plastificado (?). Um pingente amassado. Um pedaço de guardanapo de papel. Uma ficha telefônica. Um pequeno sabonete em formato de sol... Enfim, são tantas coisinhas, são tantas as lembranças... Mas, lembranças do que mesmo? Por tanto tempo, as lembrancinhas estiveram guardadas, com tanto amor e carinho, por tanto tempo, tempo suficiente para eu esquecer o que elas deveriam lembrar. Juro que eu me esforço, fecho os olhos, seguro o objeto com força, mas não dá. Eu não lembro. O prazo de validade da “lembrancinha” venceu, sei lá. Rever tudo isso até que era para ser uma coisa bonita, saudosista e tal... Mas, me rendeu apenas uma limpeza e uma nova arrumação. Ficarão guardadas por mais tempo. Quem sabe um dia eu lembre, mesmo que seja da coisa errada, ou não, e nem faz diferença. De qualquer forma, é legal tê-las lá, ter aquelas lembranças mesmo não lembrando o que elas deveriam lembrar. Não é nada fácil se livrar disso. Por isso, as minhas lembranças – sejam lá do que for – continuarão guardadas com o carinho que merecem, por um tempo que só o tempo vai definir.
8 comentários:
Putz, haja desapego!!!
Eu comecei a jogar as coisas foras. Agora, eu guardo lembranças na memória.
Lindo texto!
bjs moça
:)
é sempre difícil ter q jogar coisas q um dia foram importantes fora.
aqui é um problema.
olho, pego, solto.
e decido logo não jogar,
não tenho coragem mesmo..
legal o texto.
:] o/
Tenho lá uma caixa, caixas, de coisas que não consigo libertar. Mas quando chega esse dia...não tenho dó, nem piedade. É preciso deixá-los partir pra que venham coisas novas.
Beijos.
É como se o passado, cheio de coisas e atitudes bonitinhas não pudesse ir embora. Mas de fato, o passado sustenta o que somos hoje.
bjus moça!
é o tempo traiçoeiro, pregando peças e passando.
e se for pra se lembrar, sera lembrado.
Beijo.
Só uma coisa a dizer:
Preta, preta pretinha!
kkkkkkkkk
o/
Eu sugiro um caderninho.. cada vez que uma coisa for adicionada na caixa anotar nome, data e descrição da lembrança..
Eu sei, extremamente anormal.. mas funcionaria! x)
=*
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