segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A hora da escola – sem mochila, sem estojo e sem fechaduras complicadas, por favor (mas com Chico Pop!)

Ok, ok, se eu decidi estudar, então que assim seja. Na minha longa vida de estudante, uma das poucas coisas que eu aprendi é que cada um de nós tem o seu próprio jeito para se dedicar aos estudos. Sua própria forma de aprender, de assimilar informações e de adquirir conhecimento. É como um relógio biológico, que cada um tem o seu e é preciso respeitá-lo.

Então, cá estou eu em casa, numa única e exclusiva obrigação: fazer a monografia. Há muita coisa para ler, e sou capaz de dedicar longos 25 minutos à leitura. Depois disso, durmo os próximos 40 minutos; fico bolando na cama, em frente à Tv, durante os próximos 30; como baboseiras enquanto ando feito uma barata tonta pela casa durante os próximos 25. Vou para internet, converso no Talk ou no MSN, fuço Orkut alheio e leio blogs e outras coisas inúteis durante os próximos 120 minutos... Nada de leitura livros, de jornais como o Folha de São Paulo, G1, Estadão ou de coisas que poderiam me ajudar na tal monografia, nada disso. O meu lance é BLOG - dos ruins, como o meu, de preferência. Blogs que publicam letras de música, textinhos de garotas revoltadas, declarações de amor, fotos sem nexo, versos clichês. Eu sou capaz de passar a tarde toda lendo sem cansar. Pronto, falei!

E assim se passa uma manhã, uma tarde, um dia inteirinho e nada de uma leitura séria e proveitosa. Certo dia eu arrisquei outra opção: estudar na Biblioteca. Não tinha cama, não tinha baboseira pra comer, não tinha Tv, tinha computador (mas é preciso pedir permissão pra usar, o que de certa forma me inibia, porque eu queria usar durante um tempo, dar uma voltinha, depois usar novamente...) Enfim, foi um fracasso. É verdade que eu adiantei a leitura sim, mas foi torturante. Definitivamente, meu biológico não foi feito para sentar e se concentrar numa coisa só. O problema é esse: concentração. Eu acho que só consigo fazer algo e efetuar uma tarefa, se eu me concentrar em várias coisas ao mesmo tempo. Lá na biblioteca, entre leitura e outra de 25 minutos, o que eu tinha pra fazer (além de ler) era dar umas voltas, beber água e ir ao banheiro. Então tá, foi o que eu fiz até me deparar, mais uma vez, com aqueles momentos em que você pensa: “Meu Deus, por que isso só acontece comigo? POR QUÊÊÊÊ???”

São tantas as opções de fechaduras que o mundo nos apresenta...

Bem, a história foi a seguinte: então, eu bebi água e fui ao banheiro. De cara eu saquei que a fechadura da porta estava emperrando, por isso, não tranquei. Tudo certo até então. Voltei aos estudos (ou tentei voltar). E depois de meia-hora, lá estava eu, novamente, em busca de fugir dos livros. Repeti a cena: fui beber água e fui ao banheiro. Dessa vez, esqueci e nem percebi que a fechadura estava com problema. Lembrei quando tentei sair... Pois é, senhoras e senhores, eu – “que já andei pelos quatro cantos do mundo” - fiquei trancada no banheiro da biblioteca. A maldita não abria de jeito nenhum. E então eu fiquei sentada no vaso rindo da minha sorte. O jeito foi subir nele e pedir socorro às duas moças que estavam lavando as mãos. Chamaram outra moça, que chamou um cara, que ligou não sei pra quem... Enfim, teve até um que, ao ser perguntado se aquilo já havia acontecido antes, respondeu: “ah, ontem mesmo uma ficou presa aí...”. Ah, tá. Pois é. Menos mal. Então eles me orientaram a puxar a porta, levantar, empurrar, tentar abrir com força, com delicadeza, rápido, devagar... Todas as formas possíveis. Até que chegou um e disse a palavra mágica: “Gire a fechadura pro lado contrário”. Foi o que eu fiz e a porta se abriu.

Quem teve a idéia de fazer fechadura que abre ou fecha sendo girada pro lado oposto do óbvio? Vocês já devem imaginar que depois daí já não havia clima para estudos.

Mas a história não se acaba por aí, caros amigos. Nesse dia, eu havia acordado com vontade de comprar uma mochila. Sim, eu quero estudar e pra isso – pensei – terei que ir à biblioteca carregando livros, e como eu sou uma garota moderna (que mesmo tendo carteira de motorista, anda a pé), decidi que o melhor a fazer era adquirir uma mochila pra carregar as minhas tralhas. Eu tinha até assistido a uma matéria na Tv, com dicas sobre como escolher mochila mais adequada para cada pessoa. Bem, e como naquela tarde já não iria mais conseguir estudar, resolvi passear em busca da minha mochilinha.

Não demorou muito e eu achei a mochila mais linda e perfeita de todos os tempos. Não muito grande, não muito pequena. Com um corte super delicado, e com umas estrelinhas miúdas e estampadas nas cores branca e rosa. Linda-Linda! Entrei na loja pra ver preço e experimentar. Logo quando anunciei que queria ver aquela mochila, a vendedora me fez infeliz pergunta: “Vai entrar na faculdade é?”. “Nada, to saindo...” (da faculdade e da loja). É, acho que aquela mochila não é pra mim. Não sei. Talvez eu tenha demorado demais para ir comprar uma mochila. Aliás, onde eu estava com a cabeça, ao entrar na faculdade, que não fui comprar uma mochila como aquela? E quantas outras coisas eu deixei de fazer? Acho até que ficar trancada em banheiro também não seja coisa de quem está saindo da faculdade (embora eu tenha passado o curso todo usando um banheiro que nem porta tem – ah, fala sério, eu não vou considerar aquilo uma porta!)

Jornalismo Turma 2005: Traje à rigor pra apresentar a Tv dos anos 80 (pelo menos trabalhos divertidos eu fiz!)

Isso me lembra do dia em que, lá pelo segundo período do curso, eu perdi o meu estojo - meu estojinho lindo, com batom, grafite, canetinhas coloridas e tudo mais... – e um colega disse pra me consolar: “ô Giselle, todo mundo já perdeu o estojo um dia, mas no colégio! Tu esperou entrar na faculdade pra perdê-lo?”. Pois é, e deve haver tantas outras coisas que as pessoas fizeram na faculdade, que sabe-se lá quando eu vou fazer, e se vou mesmo fazer.

De qualquer forma, o que me interessa fazer neste momento, mesmo, de verdade, é a monografia. E não pensem que agora, sem “trabalho”, o blog será atualizado mais vezes. Ou que agora, com a minha dedicação sendo oferecida à monografia, o blog será esquecido. Não pensem em nada em relação a isso. O que sei, é que já estou até chata. É que eu só consigo falar sobre meu projeto de monografia. É a pauta da vez, única e exclusiva. Só consigo falar das histórias do Chico Pop. Leio o que ele escreveu, descubro, desvendo, concluo coisas e já quero contar. Entre dez palavras que eu falo, 9,5 são sobre Chico Pop. Isso é chato eu sei. Pensei até em fazer um blog sobre a produção do trabalho. Mas acho que é só uma forma que eu, inconscientemente, busco para me distanciar dos livros e navegar mais pelo mundo blogueiro.

Chico Pop: A Cidade Se Diverte (e eu também!)

Enquanto isso, voltarei à minha busca pela forma perfeita de se concentrar nos estudos e fazer a monografia (sem estojo, sem mochila e sem fechadura complicadas, mas com Chico Pop!) Bom, já deve ter se passados umas duas horas desde que fiz minha última leitura monográfica, portanto: Tchau!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Centrífuga, chopp e “Mim ligue!”

Eu vou começar esse texto dizendo que vou começar esse texto dizendo que amo o meu namorado. Ele tem mais habilidade do que eu na cozinha (é certo que eu ainda não tive a certeza disso, mas é verdade que ele sabe se virar melhor), um paladar mais aguçado (sabe dizer o que tem na comida, ao contrário de mim, que sinto o gosto do que você disser que tem lá, portanto, posso comer carne de porco achando que é peixe, acho a comida insossa se você disser que falta sal, etc) e, o melhor de tudo, na hora da conquista não foi criativo o suficiente para me passar bilhetinhos ultra-românticos dizendo: “mim ligue!”.

Não sei se o texto do post anterior queimou o meu filme; se mostrou que é possível viver e ser engraçado com a própria falta de sorte, erros e fracassos; ou se eu devo concluir que, se há alguma boa desenvoltura por aqui, é certamente com as letras (e não com a cozinha, com a música ou com prováveis receitas que misturam isso...). Diz o Helder que o Chris Rock, do “Todo Mundo Odeia o Chris”, ganha a vida – e dinheiro - fazendo piada das “tragédias” que aconteciam na adolescência dele. E assim, hoje ele é um dos mais famosos atores e comediantes da TV. Eu não pretendo ser atriz ou muito menos comediante de TV, claro, mas fico um tantinho feliz em saber que há um bom futuro nisso. Além disso, “Everybody Hates Chris” é um dos poucos – senão o único – seriado que eu paro para assistir com gosto.

O fato é que eu ando traumatizada com a centrífuga. Tenho medo de, mis-te-rio-sa-men-te (para se ler assim, pau-sa-da-men-te), aparecer um caroço na cenoura, na beterraba, no abacaxi! E aí, enquanto eu estiver lá encantada com a produção de mais um super-suco exótico (tem hífen aqui?), a centrífuga simplesmente fazer aquele estrondo novamente, e um caroço que surge do nada, fazer voar todas as peças e tudo ir pras cucuias. Por causa disso, tenho matado a minha vontade de beber sucos exóticos por aí, em bares e restaurantes. Não tem aquele gostinho do “fui eu que fiz”, mas custa apenas alguns reais e não corro o risco de estragar uma centrífuga. E o mais importante: eu vou conseguir bebê-lo.

E num desses momentos em que eu estava saboreando um super-suco de cenoura com beterraba, eis que eu tenho o prazer de sentir o desgosto da falta de habilidade não com os sucos, mas com o Português. E nesta ocasião, eu e o meu super-suco de cenoura com beterraba estávamos diante de três chopps de responsabilidade do Ulisses, da Lidiane e da Priscila (ah, duvida que eu sou capaz de beber suco enquanto outros tomam chopp? Pois é, como eu sabia que haveria quem duvidasse, fiz até uma foto):

O que aconteceu foi o seguinte: estávamos lá – cada um no seu quadrado e felizes. Eu, com sono. Quando a gente estava se preparando para ir embora, o garçom veio aos passos lentos e discretos e me passou um bilhetinho miúdo. Veja só, era a primeira vez em toda a minha vida que eu recebia um bilhetinho num restaurante. Abri, li, passei meio segundo com o bilhete nas mãos e o joguei na mesa (ironizando, inconscientemente, a discrição do garçom, coitado...).

E lá estava escrito o que qualquer mulher quer e precisa ouvir. Lá estava escrito, com todas as letras, vírgulas e verbos, aquilo que é a chave para o homem se tornar irresistível. Lá, naquele bilhetinho de meio centímetro, estava escrito em caneta azul e letras turvas, um encantador “MIM LIGUE”, acompanhado de um número de telefone. Exatamente, MIM LIGUE! O Ulisses não perdeu tempo e disse pro garçom: “pô cara, diz pra ele aprender a escrever, que ela liga!”. (Tudo bem que depois a gente ficou na dúvida se o garçom entendia que o bilhete tava errado, nessas alturas, já se desconfia de tudo). “Mandar um bilhete assim para uma “jornalista”, o cara teve sorte... Liga pra ensiná-lo a escrever, Gisa...”, disse a Priscila... E aí a gente foi embora.

E eu fui pensando: será que alguém ligaria? E o que custava escrever algo como: “Minha flor, ‘mim ligue’”, acho que iria ser menos feio (embora eu não ligasse mesmo assim). Mas se o cara é meio analfabeto, precisava ser também grosso e autoritário? Nessas horas, eu vejo como o mundo está realmente perdido. Afinal, se as pessoas não se preocupam em ser carinhosas e inteligentes nem na hora da conquista, onde haverá amor?

Eu não sei cozinhar, mas nem por isso ando por aí fazendo os outros experimentarem as minhas receitas. Quem sabe o cara pode até ser um expert nos sucos exóticos, mas me mandar um bilhetinho curto, grosso e errado, não vai despertar nem um pouco o meu interesse. De qualquer modo, o “mim ligue” foi piada por alguns dias. E depois que eu soube que o autor do bilhete foi o filho do dono do restaurante, tudo fez sentido. É que exatamente o nome daquele restaurante tem grafia errada, trocaram um “s” por um “z”. Não é lá um erro gravíssimo (na verdade, é sim), e com a reforma da Língua Portuguesa, eu já não sei o que é certo ou errado. Mas o chopp lá até que é bom. O suco? Hum... Quando eu aprender a manusear a centrífuga, tenho certeza que vou preferir o meu.
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obs: para evitar qualquer desentendimento, transtorno, desconforto, incômodo, ou o que for, eu quero deixar claro, claríssimo, que eu não ligaria em hipótese alguma! Ok? Apesar de você ser apaixonado pelas italianinhas... hahaha.