segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Esquinas

É um tempo distinto, de outros verbos de devaneios; em outro espaço e amplitude. Tenho enfatizado o meu desjeito com as virtualidades, mas sempre soa meio forçado e enganoso. Não sei se ainda cabe um blog de nome próprio, acompanhado por um X-L, definido por palavras quaisquer e outros mimos.

Mas tenho feito descobertas. Descobertas que, n’outra ocasião, poderiam me render roteiros, poemas, crônicas e alguns outros enganos.

Mas tenho me reduzido a um traço reticente de silêncio. A rotina acompanha um dia mais longo – o horário é de verão –, e mudanças tão mínimas mudam quase uma vida inteira.
Mas a felicidade não pode ser clandestina (já há clandestinidade demais sobre os olhos). E ela – a felicidade – se amplia quando compartilhada. Para isso, também é preciso amadurecimento (já disse que sou uma velha?).

A passagem pela Bahia me provou o quanto o mundo não precisa ser temido. E isso já estava no inconsciente, desde o Rio Grande do Sul. É que atrás de um espírito bom, sempre vem outro.


Voltando de Alagoinha, passei pela placa que anunciava Maracangalha. Ganhei uma trilha e continuei seguindo. Um avião passa rápido pela janela e talvez eu esteja nele.

O silêncio também compõe os vales sagrados do Perú. A viagem a Cusco foi um momento de simples e descontraída contemplação.


Porque as cachoeiras da Chapada dos Guimarães, de Blush Azul, me fizeram sentir mínima: a natureza é grande demais para qualquer indício de anseio negativo. O ser humano é quase um nada. E a finura entre grandeza e respeito os torna sinônimos.

Mas a Cordilheira dos Andes é de um vazio acolhedor e aconchegante. Até tentei pescar alguns pensamentos e vestí-los de inspiração, mas eu estava tão perto do céu, muito acima deles...


Porque a Cidade do Cabo é grande demais para qualquer certeza e finitude aparente. O mundo não é único. E só as amizades que ele torna possível chegam a um tamanho parecido.

São Paulo é um vinho seco, tomado na virtuosidade de uma piscina particular. Se olhar bem: em todo lugar tem uma montanha.

E assim, vou misturando serenidades e alguns aflitos. Também misturo os exercícios de desapego e desprendimento.

Mas também peguei uma carona num trem e mergulhei em quitutes mineiros bem além de queijos. Porcelanas de todas as cores e santos para todos os milagres e sacrifícios.

Foi por aí que eu me dei conta que o amor é realmente lindo – principalmente quando visto à distância. Como a infância. E vou cruzando latitudes e longitudes numa brincadeira que é minha única inconseqüência.

Há tanto adjetivo. Mas nenhum qualifica.

Para um comentário, não olho como se mirasse o passado. Há um horizonte distante... E eu só peço: ... Dai-me luz. E me sinto atendida.

Um comentário:

Maurício Bittencourt disse...

Que lindas palavras, Giselle. Obrigado...