Começo então um ritual. Olho novamente a capa. Paquero brevemente Drummond. Abro-o. Uma imagem meio abstrata. Viro a página. “O amor natural” - não existia título melhor para um livro de poesias românticas. Passo algumas outras, e chego ao índice: “Amor – pois que é palavra essencial”, era a primeira poesia.
Depois de longas 12 páginas, consigo alcançá-la, enquanto isso, um arrepio corria-me pela espinha junto com uma gigantesca ansiedade. Eu não via a hora de matar um pouquinho a saudade do amor que ficou em Rio Branco, afinal, poesia romântica é um abraço quente, um beijo carinhoso e bonitas palavras ditas baixinhas ao ouvido.
“Amor – pois que é palavra essencial”, título e primeiro verso do poema que continuava: “...Amor guie o meu verso, e enquanto o guia, reúna alma e desejo, membro e vulva...”...
Interessante, segui para a outra estrofe: “...Quem não sente no corpo a alma expandir-se até desabrochar em puro grito de orgasmo, num instante de infinito?” É, bonito....
“Ao delicioso toque do clitóris, já tudo se transforma, num relâmpago”, dizia outra estrofe. “Vai a penetração rompendo nuvens e devassando sóis tão fulgurantes”, começava outra...
- Ah, peraí, não é isso que eu quero ler – virei a página: “Amanhã é setembro, e ela me beijava o membro”, iniciava-se outra poesia. - Hãm? - Passei algumas páginas, cheguei num desenho de uma mulher desnuda ao lado do título: “O que se passa na cama”, virei a página, “A moça que mostrava a coxa”, de repente virei um monte de páginas seguidas e acertei: “No mármore de tua bunda”.
E então eu fiz cara de “...” e me peguei nua, num banheiro de hotel, gemendo com um livro de poesias eróticas! Depois de olhar em volta e ter certeza que estava realmente só, a minha reação não podia ser outra, eu ri sozinha – e muito.
Um comentário:
adorei, já quero ler esse livro todinho! ;)
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