quarta-feira, 30 de abril de 2008

Por que nós, jornalistas, somos tão queimados?





Por quê?
Por quê??
Por quê???



Diz aí...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Cores, cheiros e gostos: o frio e as pequenas lembranças

Não sei se é assim mesmo, mas acho que temos algum tipo de memória que está seriamente ligada a cores, cheiros e gostos que a gente vê e sente umas poucas vezes na vida e passa a se lembrar para sempre. Falo isso porque o entardecer que eu passava sozinha lá em casa, quando criança pequena, tinha uma cor que hoje não tem mais. Certa vez eu falava disso com o Handreh e ele me contou que quando acordava havia um cheiro, que hoje também não existe.

E eu pensei nisso hoje porque o frio – todo e qualquer frio – sempre me lembra um gosto que senti uma única vez na vida: o gosto de fondue de chocolate que comi lá na chácara da minha tia. Fazia um frio de arder e o céu tinha cor escura. Lá fora, apenas o balançar das árvores que rechearam um dia de brincadeiras no campinho, e que agora era utensílio para incrementar histórias do Mapinguari (sim, eu ouvia de olhos arregalados e morria de medo mesmo, de verdade, a ponto de jurar ter ouvido coisas durante a noite)*.

Éramos um monte de primos agasalhados em volta de um potinho com um creme de chocolate que permanecia quente por um foguinho em baixo. E aí a gente comia com frutas diversas: morango, banana, maçã, uva. Eu lembro que os morangos acabaram primeiro e que também fizeram um fondue de queijo, mas este era só pros adultos. Eu mesma não queria, era amarelado e sem graça.

Hoje, quando o frio vem, vem também um desejo por chocolate. Meu pai tem o costume de comprar o doce no frio porque ele odeia chocolate derretido, que é como fica nos dias mais quentes. Mas nenhum tem o gosto de fondue que comi num entardecer friorento na chácara da minha tia. Para ser sincera, talvez eu nem lembre que gosto tinha de verdade. Talvez eu lembre mesmo é somente da sensação daquele frio que também não existe mais.


*E quanto ao Mapinguari, quem contava as histórias era meu tio. E eu lembro bem quando descobri que estava sendo enganada. Mas não foi nada traumático, pelo contrário, só eu sei como fiquei aliviada. Numa certa noite lá na chácara, meu tio, eu e um primo mais novo conversávamos na beira da piscina. Meu tio, já meio sob efeito de umas cervejinhas, contava as histórias e dava uma piscadela para mim e virava o olhar pro meu primo. E aí eu entendi que ele queria que eu concordasse com tudo para assustarmos o então mais novo da turma. Eu saquei o jogo e nem quis fazer parte da brincadeira. Fingi não entender nada. E fim de papo.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Sobre aquilo lá...

1. Bianca ainda vive, embora eu já saiba o fim da sua história;
2. Visitem o blog: http://gritoacreano.blogspot.com/, postei lá um textinho sobre o show de metal que aconteceu no último sábado;
3. Eu ainda não assisti ao PS: Eu Te Amo, embora já saiba toda a história;
4. PS: só nesse ano eu acho que já assisti ao dobro de filmes que assisti em todos os meus vinte anos;
4. Terminei de ler o "A Menina Que Roubava Livros";
5. Eu leio best-sellers sim e não vejo nenhum problema nisso;
6. Minhas aulas na Ufac começam hoje, mas infelizmente não vou poder ir, embora esteja muito ansiosa;
7. Mas estou receosa com a disciplina de Redação Jornalística II, assim como boa parte da turma;
8. Finalmente voltei a fazer um curso de Inglês e tá dando tudo certo;
9. Sábado eu comi uma broa;
10. Eu também não achei legal a mudança da programação da Rede Globo para adequação ao fuso horário, embora eu goste mesmo é de assistir desenhos e é o que está passando na maioria das vezes em que eu ligo a TV;
11. Resolvi cancelar a assinatura da Men´s Health porque fala sempre das mesmas coisas e do mesmo jeito;
12. Agradeço, de verdade verdadeira, de coração a todos que comentaram o post anterior, tanto no blog quanto fora dele. Vocês são/foram importantíssimos e não imaginam o quanto. Obrigada meeeeeeeeesmo pela força, apoio e incentivo;
13. O Word sempre me deixa ainda mais confusa;
14. Hoje tem a I Reunião das Plenárias dos Fóruns Setoriais de Artes, Esportes e Patrimônio Cultural e estarei lá;
15. A vida é assim.

domingo, 6 de abril de 2008

O dia em que eu saí da minha banda para ser jornalista

É estranho não é? Seria mais sonoro se eu dissesse que larguei tudo para investir numa aventura radical com a minha banda de rock. Talvez fosse até o normal, portanto, não teria nada de radical nisso. Ainda penso duas vezes antes de tocar no assunto com medo de despertar algum indício de arrependimento – o que seria bem natural a meu ver, aliás, quanto mais decisões a gente toma, mais chance a gente tem de se arrepender, certo?

E vários músicos – principalmente os de rock – se vangloriam: “ah, eu larguei o último ano do curso de medicina para me dedicar à música” (tá, tudo bem, eu peguei talvez o exemplo mais apelativo, medicina não tem nada haver com jornalismo, mas afeta melhor o senso comum, ok?). E assim, quando uma em infinitas bandas de rock do mundo consegue chegar ao topo das paradas de sucesso, mostra-se logo a dedicação e o amor que os integrantes têm para a banda e para a música.

Porque Fulano largou o Direito, Cicrano largou a família e Beltrano largou o gato, cachorro, periquito e papagaio... E eu larguei a minha banda. (oh, céus, onde eu estava com a cabeça mesmo?). Sim, amo (ou amava?) a minha banda, as nossas músicas, as nossas rotinas de ensaios, shows, viagens, etc. No entanto, eu quero, preciso e devo terminar minha faculdade!


Independente de qualquer coisa, antes de qualquer topo de qualquer parada de sucesso, eu preciso dum canudinho que vai provar que eu completei o curso superior de jornalista. Mas não só isso, eu quero chegar lá me sentindo preparada não para subir num palco e fazer um show de arrasar.

Quero sim, estar pronta para viajar e fazer uma matéria sobre os costumes das mulheres chinesas (elas são umas gracinhas), cobrir uma grande mostra de arte moderna (tem um tom irônico aqui), e até ser professora e ensinar meus alunos a serem artistas, digo, jornalistas.

Adeus palcos dos Gritos Rocks, adeus palcos dos Varadouros, adeus palcos das Catraias... É, o dia em que eu saí da minha banda para me dedicar à faculdade eu me senti meio louca. Mas os grandes acontecimentos desse mundo que deram certo não nasceram de puras sanidades mentais (disso eu tenho quase certeza).
E nesse mesmo dia, eu me senti nadando contra a maré. Por incrível que pareça, acho que ninguém se preocupa mais com o futuro profissional de ninguém. As coisas nesse mundo mudaram mesmo. Quando eu falei: “vou sair da minha banda, preciso de mais tempo para estudar”, quase fui apedrejada, acredita? Pois é. Gente, ter banda não é fácil. É uma profissão também, assim como um outro trabalho, assim com ser estudante. É preciso organização, tempo, dedicação, responsabilidade, paciência, e mais uma porção de coisas para fazer dar certo.

Eu não conseguiria – aliás, eu nunca pensei nisso – medir o grau de prazer entre fazer música e fazer uma entrevista e escrever uma matéria. Ah, fala sério, são coisas incomparáveis e eu preciso escolher. E eu não quero ser a do contra, eu apenas quero ser normal. Portanto, adeus banda! E que venham as pautas, os releases e os furos de reportagens. Felizes daqueles que conseguem conciliar. Quem sabe um dia eu chego lá.

E sabe do que mais? O interessante é que agora, definitivamente, eu não vou falar como baixista de banda ou como musicista (apesar de nunca ter me auto-intitulado assim), falarei apenas como jornalista.

Portanto, adeus também às crises existenciais. Sei que vai ser difícil deixar de ser a “Gigi Rock Star” (como brincavam comigo lá na faculdade), e, mais ainda, deixar de me sentir a baixista da Blush Azul. Sei que não vou poder mais me utilizar de ensaios e shows como desculpa para faltar aulas, fazer provas em outros dias e, muito menos, para sair mais cedo do trabalho.

No entanto, melhor que tudo isso, eu sinto como se o mundo se fechasse de um lado, mas que de outro, um universo inteiro estivesse à minha espera.

E eu vou, não dividida, dessa vez eu vou de corpo inteiro, assumir, de fato e exclusivamente, um papel jornalista, acreditando realmente que devemos viver nossos sonhos no presente sem deixar de ter planos para o futuro.

Lidar com as palavras vai ser, enfim, a minha arte principal.


terça-feira, 1 de abril de 2008

mais um dia de uma vida única: e tudo começa com chuva e bicicleta

Hoje cedo, enquanto todos dormiam, eu andava de bicicleta – NA CHUVA! Passava a língua ao redor da boca e sentia gostinho do que eu chamo de vida. Pensei na possibilidade de ter um Mp3, mas não sei bem qual seria a trilha perfeita e melhor que o som que faz quando as nuvens estão ganhando leveza.

Eu precisava me concentrar na história que contaria em casa: "Minha bicicleta precisava dum banho". O problema era o relógio não à prova d´água, encharcado no meu pulso. Mas nada que um pote de farinha não resolvesse...

Depois disso tudo, meus pais discutiam na cozinha uma notícia que deram na Tv. Meu pai a conferia no jornal impresso, minha mãe fazia tapioca e eu calçava meu allstar. “Homem que teve olho arrancado corre o risco de ficar cego”, era mais ou menos assim. Depois pularam pra histórias como “Mulher se mata com dois tiros...”...

Meu pai faz questão de repetir o fato fazendo uma encenação; e eu penso “não posso esquecer o relógio dentro do pote de farinha”, e minha mãe apressa tudo e todos pra não chegar atrasada na escola. A gente comenta algo sobre a saúde de alguém e o emprego de outro.

Ficamos tristes, ficamos felizes e rimos um pouco. E então, cada um vai pro seu mundo, viver mais uma manhã, de mais um dia, que compõe mais uma semana, integrante de mais um mês, de mais um ano, de uma única vida...