quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Praça de brincar

Naquele mesmo lugar onde uma criança brincava, há algum tempo, outra morria. As emoções poderiam se confundir entre o medo e a felicidade. Eu poderia optar até pela raiva. Mas raiva é forte demais e inútil também.

Ali próximo, um rei de papelão anunciava a promoção do dia. Um pai ensinava um filho a andar de skate. Lá dentro, uma moça escovava os cabelos cor-de-mel. O medo e a felicidade preferiram a tristeza. Os tiros que eu nunca ouvi me impediram de brincar ali. Era uma tristeza inútil, enfim.

Hanram ...

Numa tarde passada, divaguei entre presente, passado, passado de antigamente, e presente que parece passado, no caminho até minha casa, atravessando uma pracinha, num bairro quase 100% comercial, onde não faltam bares, restaurantes, farmácias, lojas de materiais de construção ou salões de beleza.

Em vez de brincar naquela praça – quase ofuscada por um clima aparentemente “centro da cidade” – eu tive que me contentar com a garagem de casa, onde hoje, só há espaço para carros e para mais nada. Só pra lembrança do dia em que ganhei minha primeira bicicleta. E toda a tarde eu andava por ali. Pelo piso cor de marfim, lacrado pelo portão eletrônico, de ferro.

Na garagem que me parecia enorme - dentro do meu limite - eu ainda tinha a disposição de apostar corrida com o ônibus, que para logo aqui.

Pois é...

E às vezes eu me sinto tão velha. E quanto mais eu tento fugir disso, mais velha me sinto. Não no sentido obsoleto para qual palavra costuma nos levar. Mas no sentido de que “já deu sabe? Já tá bom, então, dá licença e me deixa curtir a minha terceira idade”. '
ha.ha.ha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa esse texto me deixou feliz,ou naum sei,algo parecido com q chamamos de felicidade.VC descrever bem essas coisas q só u tempo ou uma boa fotografia podem explicar,fico feliz por envelhecer do seu lado,e espero q dure pelo menos uns trinta anos...kílrio farias