terça-feira, 26 de junho de 2007

O maremoto, os filmes que não assisto e as distâncias

Não sei há quantos quilômetros daqui. Mas sei que tenho muitos espalhados. Acho que deveria me sentir bem ao pensar isso. Na verdade, uso-o como consolo. Um consolo que não funciona. Mas a gente finge que funciona. Eu não queria distância nenhuma. Não queria diferentes mundos. Diferentes vidas. Diferentes personalidades. Queria tudo normal. Tudo rotineiro. Tudo sem graça. Queria ver uma estrada. Caminhões passando. Tricotando numa cadeira de balanço. Hahaha. Que nem naqueles filmes. Eu tenho as cenas na minha cabeça, mas não sei de que filmes são. Certas pessoas se assustam quando falo que não gosto de filmes. Não pelos filmes em si. Mas pelas ocasiões em que não posso assistir aos que queria. Ou simplesmente durmo. Eu durmo várias vezes. Seja lá o que for o que eu esteja fazendo ou assistindo. Eu simplesmente durmo. E eu sonho. Eu gosto de sonhar e de acreditar em sonhos. Ah, essa noite sonhei que estava em outro país, fazendo trabalho da faculdade. Estávamos num estúdio de jornal televisivo. Acompanhando a edição de uma matéria que anunciava um maremoto bem naquele país onde estávamos. Depois eu me vi correndo pela rua. Várias pessoas corriam também. Eu perdi a paciência com as pessoas que estavam comigo – “para variar” - afinal, eu estava apressada - e era a única, “para variar”. Encontrei um garoto e uma garota que nunca vi na vida. Comecei a acompanhá-los. Falei que era do Brasil. Que era do Acre. O garoto conhecia o Acre. Achei legal. Pegamos um táxi. Cada um pagou R$ 10,00. (É, lá a moeda era o real). Descemos numa parada de ônibus. Era o local mais alto da cidade. Estávamos seguros lá. E eu fiquei pensando nos meus amigos do Acre. Eles deveriam estar batendo-papo em algum lugar, pouco se importando com o tal maremoto. E eu comecei a pensar em meditação. E que a única solução para se salvar do maremoto era meditar. Levitar a uma certa altura onde nada alcançaria. Fechei os olhos e me imaginei tentando me salvar. Eu ri de mim mesma. E acordei.

domingo, 24 de junho de 2007

março,004*


*Retirado do extinto blog da _-DaMa-Do-RoCk-_

De repente, tudo desmoronou amargamente em estrelas despedaçadas.
Porque eu não tenho a obrigação de escrever nada com sentido.
E o que eu vi... Era apenas mais um sonho.
Porque o que eu quero, eu quero demais.
E minhas palavras estão emergindo do invisível ao curto.
Porque as pessoas não são mais as mesmas.
E assim, não defino até quando suportarei esta viagem com olhos vendados.
Porque se nada é claro, não importa, são os simples ruídos que nos chamam atenção,
mas infelizmente, isso só acontece quando se está em total silêncio. (Quase Nunca)

terça-feira, 19 de junho de 2007

Palavras, fiquem longe de mim!

Gostar de escrever eu gosto. Mas como todos os meus outros gostos, esse de gostar de escrever também é meio confuso. Gostar de escrever eu gosto. Mas não gosto de ter que escrever. Às vezes não gosto de ter uma grande idéia para um texto. Transformar o que penso em palavras me deixa aflita. Nervosa. Ansiosa. Ás vezes eu não consigo me controlar. Eu fico agoniada.

Ás vezes eu só queria escrever qualquer coisa. Sem pensar muito. Sem muita reflexão. Sem preocupação com as concordâncias ou com a pontuação. Muito menos com os horários ou com número de linhas. Ás vezes é chato pensar em frases legais e depois esquecê-las e ter que lembrá-las. Elas aparecem e simplesmente somem, às vezes. E eu não gosto de brigar com as palavras. Elas são mais fortes do que eu. Elas me matam. E eu não consigo sequer feri-las. Tirar-lhes o sentido. Acho que tirar o sentido de uma palavra é o que mais pode lhe doer. É tirar-lhe a vida. Mas eu não consigo nem camuflá-las. Elas são mais poderosas. Independentes. Donas de si. Ás vezes eu odeio a palavras. Justamente por esses motivos. Mas, às vezes, eu as amo justamente por esses motivos também. Eu tenho inveja das palavras. Eu queria ser que nem elas.

Mas escrever me traz brigas. Discordâncias. Escrever me deixa propícia a situações em que perco a paciência. Mas eu não demonstro, claro. Eu escondo a minha falta de paciência em algum lugar. Num riso, talvez. Ou transponho-as nas palavras. E assim elas me ganham. Assim eu me entrego a elas. Assim, eu viro toda uma qualquer-coisa-das-palavras. Nesses momentos eu até gosto delas. Mas, definitivamente queria não gostar. Eu as acho falsas. Elas são falsas. Como eu, que preciso delas e finjo não precisar. Que preciso delas, mas não queria, realmente, conhecê-las. Porque elas me fazem ser falsa comigo mesma. Elas me deixam em silêncio. Ah, palavras, palavritas, palavrões. Vão pra bem longe, lá pra onde eu não tenha que me esconder. E cale todas essas bocas velhas. E os dedos também!

sábado, 16 de junho de 2007

O tênis e os meus planos

Eu olhava o seu tênis. Não quero identificá-lo. Mas ele estava lá. Ele e o seu tênis. E naquela noite haviam me perguntado o que eu achava de Bíblia e, antes que eu demonstrasse qualquer opinião, a questionadora afirmou que a sua vida é completamente espelhada na Bíblia e que a Bíblia é a vida dela. Bem, o que eu poderia responder? Não sei por que, mas me senti na obrigação de dar respostas positivas. Foi o que fiz.

Depois disso, um gay me disse que uma colega minha estava dando em cima dele. E que já tinha se esfregado nele umas três vezes em algumas festas por aí... Por que uma garota daria em cima de um gay? Eu fiquei me perguntando.

Enfim, eu olhava o tênis daquele homem. Ele falava do que foi preparado para falar e eu pensava sobre alguma coisa qualquer e passei a me perguntar o que estava fazendo ali. A coisa estava estranha e eu não me senti bem no meio daquela coisa estranha. As pessoas fingiam estar atentas, e eu também. Eu estava reparando na minha incapacidade de não achar respostas pra mim mesma. Aquela falta de organização, aquele tênis... Eu tentava, desesperadamente, encontrar algum motivo que justificasse a minha presença alí.

A grade de matérias lá do curso mudou. Em vez de espanhol, estudaremos inglês. Por mais simples que pareça, recebi a notícia com impacto. Meu Deus, eu havia me planejado e, de repente, novamente, tudo foi por água abaixo. Igualmente àquelas enchentes relâmpagos que acontecem com as fortes chuvas do Rio de Janeiro, que de uma hora para outra, levam barrancos, famílias e histórias. Eu me sinto assim às vezes. Com vontade de desistir de tudo e deixar que tudo seja levado ou lavado pelas minhas enchentes mentais. Mas eu preciso tentar aprender a viver sem fazer planos. Que nem aquele tênis, que não tinha plano nenhum, sequer tentou roubar os meus e estava alí, sem nenhum questionamento. Apenas feliz.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Ataúde

(Musicada pela Blush, eis a versão original):

Guarde todos os segredos
Minhas paixões e medos
Esqueça os amados
E todos os momentos armados

Os acontecimentos
Tão inconscientes
Que marcam uns aos outros
Tão inocentemente

E as flores
E as flores
Tão coloridas,
Tão infinitas e momentâneas

Vão-se
Que nem vão-se os sonhos
Que nem vão-se os deuses
Que nem vão-se os destinos

E uma história
De gente ingrata
De gente contente
E de quem não conhece a gente

E uma versão
(Aversão)
De quem finge que entende

Vão-se,
Vão-se, tão somente

Enjoa, Enjoa
Enjoa com a língua nos dentes
E vomita, vomita
Transforma-se num ser que chamais amaria

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Sejam bem-vindos!

Mais uma vez. Eu aqui nessa tentativa de voltar ao mundo blogueiro. Há muito tempo eu sabia bem o que era isso, hoje já não sei se sei. E nem sei se quero mesmo voltar a saber. Eu ainda lembro os motivos que me levaram a dar fim nas minhas publicações ‘internéticas’. Mas eu sou teimosa, até comigo mesma.

Por um lado, eu sinto que vou me arrepender. Por outro, eu lembro que gosto de ousadia.

Hoje resolvi dá trela pra minha vontadezinha de voltar a ser blogueira. Não sei quanto tempo isso aqui vai durar. Sei que posso prometer uma coisa, e em poucos dias, levar isso aqui pra um caminho totalmente diferente do planejado. Mas acho que deverá ter alguma utilidade. Caso contrário, terminará como os outros: perdidos em algum lugar nessa bola de neve virtual.

Vou publicar aqui poesias, letras que escrevo pra minha banda, algumas matérias, textos antigos e atuais. Escritos do meu caderno de cabeceira e frases soltas, perdidas em algumas gavetas. Editarei ‘posts’ dos meus antigos blogs e flogs. Sem ordem cronológica. De forma aleatória. Tudo de minha autoria. De criança, de adulta, de velha. Portanto, não adianta tentar relacionar algo com o meu presente.

Não sei se já começo. Ou se já comecei. É, acho que já. Ai, merda!