Queria mesmo entender a língua daqueles loucos. Os boleros ainda tocam, vivos, em algum lugar. Tirei o quadro azul da parede. Não gosto de histórias ‘PB’. Gosto sim, em certas ocasiões. Mas resolvi impor limite. Ao lado da cama, uma cadeira de ferro vermelho sustenta uma pilha de livros que vagam entre sala e quarto na esperança de que, a qualquer momento, possam ser lidos.
Porque se sentir substituído é mais difícil e quase inaceitável. Eu escuto, de longe, as risadas. Embora portas e janelas estejam fechadas. Às vezes as nossas virtudes nos traem. E por tantas vezes a satisfação foi esbanjada. Inocência triste essa. Caminhei só e não me importei com a poeira entrando no sapato. Era preto, fiz um trato com a natureza e ela me deu um marrom.
Me esforço para experimentar a língua que me inveja. Para não deixar sons distantes apagarem tonalidades dos dias em que decido comandar o que devo sentir ou, deixar-me escutar e colocar toda a culpa nos desejos – inocentes, ou não, tristes, ou não. Que venha mais poeira. E que, da próxima vez, a natureza não me roube só os sapatos.
3 comentários:
Às vezes as nossas virtudes nos traem
você é o cara gigizinha!
Passei só pra manter a obviedade e dizer que adoro o que vc escreve...
:)
Ei menina, tens tudo para ser uma grande escritora. Dá uma passada no MARRAPAIZ o endereço é: http://marrapaiz.blogspot.com
Grande abraço.
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